O professor Wilson Reis, de 31 anos, descobriu, sem querer, que foi adotado após ser deixado em uma escola de São Vicente, no litoral de São Paulo, aos sete dias de vida. Segundo apurado pelo g1 nesta quinta-feira (15), ele descobriu o paradeiro da mãe biológica após uma semana em busca de informações. Ela está no sul do país morando com os outros dois filhos.
Ao g1, Reis afirmou que a descoberta veio à tona durante uma conversa de sua esposa com um vizinho onde moram, no bairro Humaitá. O vizinho relatou o que sabia da adoção do professor e, diante disso, ele decidiu questionar uma das amigas mais próximas da mãe que o criou.
“Ela confirmou a adoção e logo me passou detalhes. Entrei em contato com a família do meu padrinho de batismo”, afirma. Eles sabiam a história e levaram Reis até uma mulher, para quem a mãe biológica dele trabalhava como doméstica. Segundo ele, essa mulher teria intermediado a adoção. Até então, Reis sabia que havia nascido em abril de 1991, com uma hérnia inguinal, em um hospital de Santos.
Com as buscas, o professor descobriu que essa mulher o deixou aos cuidados da mãe de criação em uma escola municipal da cidade quando ele tinha sete dias de vida. Durante as conversas com a mulher, ele também ficou sabendo que o primeiro nome da mãe biológica dele era Marta. Na época, ela tinha 13 anos e era residente de Maringá (PR). “Finalmente as coisas começaram a ficar mais claras”, afirma.
Professor quando criança e a mãe dele, também durante a infância — Foto: Arquivo Pessoal
Com muita ajuda e persistência, Wilson e a responsável pela adoção conseguiram encontrar o contato de Marta. Ele se apresentou como filho dela e eles fizeram uma chamada de vídeo para se conhecerem na última segunda-feira (12). “Ela chegou a me pedir perdão, mas como era muito nova, ela não tinha noção da situação toda”. A mãe biológica ainda mora no Paraná e teve outros dois filhos.
O professor, no entanto, afirma que o reencontro, mesmo que online, está sendo mágico, já que está se encontrando de frente com as próprias origens. Agora, mãe e filho estão acertando as datas para se conhecerem pessoalmente. “Tenho o real desejo de conhecer a mulher que me trouxe ao mundo e dizê-la que independente da razão que a levou a me entregar a outra pessoa eu a perdoo”, disse.
Reis ainda afirma que, durante a ligação, a mãe biológica explicou que por diversas vezes tentou ir atrás de Wilson. Porém, só encontrou histórias desconexas, em algumas delas, ele teria até não resistido e morrido quando ainda era bebê. “Nessa história toda a mais inocente foi ela”, disse Reis.
Os pais de criação de Wilson Reis já morreram. — Foto: Arquivo Pessoal
Porém, ao mesmo tempo que a descoberta da adoção foi um choque, Wilson afirma que sempre desconfiou da situação, diante de fofocas de vizinhos. “Meus amigos sempre comentavam que eu era muito diferente dos meus pais de criação quando os conheciam”, ressalta.
Os pais de criação de Wilson já morreram. O pai se foi quando Reis tinha 14 anos, já a mãe dele partiu há dois por complicações de hepatite C. Eles passaram a vida toda sem dizer a verdade ao filho do que de fato ocorreu. “Esse direito me foi negado por 31 anos”, afirma.
Segundo ele, a única coisa que passou por sua cabeça após a descoberta foi como ninguém nunca lhe contou a verdade. “Se dependesse das pessoas ao meu redor eu nunca conheceria a minha família. Era um direito meu saber disso”, finaliza.
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