A professora Alessandra Valtrau Loffhagen da Silva, de 46 anos, relatou ter sido agredida pelo professor Fábio de Paula Silva e a esposa dele dentro da Escola Estadual Professora Judith Sant’ana Diegues, em Ilha Comprida, no litoral de São Paulo. Ela também afirmou sofrer discriminação por ser autista. O docente acusado negou as agressões e afirmou que Alessandra foi responsável pela discussão generalizada.
Segundo a professora, a confusão começou assim que foi socorrer a colega Michele de Sá Ramos Teixeira que estaria sendo ameaçada pelo casal. Imagens obtidas pelo g1 mostram a esposa do professor discutindo com Michele e alterando a voz enquanto pega na mão da professora para abaixar o dedo dela. (veja vídeo acima)
Alessandra contou que, no dia da confusão, ela havia chegado à escola e notado que uma mulher [a esposa de Fábio] conversava de forma exaltada com Michele na sala da vice-diretora. Sem saber do que se tratava, disse ter começado a gravar a discussão.
Discussão foi gravada dentro da sala dos professores em uma escola estadual em Ilha Comprida — Foto: Reprodução
“Quando o professor chegou, muito rapidamente, a impressão que tive era que ele ia socá-la [a Michele]. Entrei na sala e pedi para levar a Michele embora, mas eles [o professor e a esposa] não me deixaram tirar a Michele daquela situação e começaram a me bater e a me xingar”, disse.
Em um Boletim de Ocorrência registrado na delegacia de polícia de Ilha Comprida, Fábio declarou que a conversa entre a esposa e a professora Michele evoluiu para uma discussão, que as duas elevaram o tom de voz, e foi quando Alessandra apareceu na sala e começou a gravar. Ele ressaltou que a gravação culminou em uma discussão generalizada, que terminou rapidamente.
“Foi ela [Alessandra] quem colocou o celular na janela para gravar a conversa de foro íntimo. Já foi aberto um procedimento administrativo para apurar, pois as câmeras da escola filmaram ela insuflando a discussão. Pelos relatos, a mediadora da escola foi quem colocou a mão para que ela não invadisse a sala”, esclareceu o professor ao g1.
Discriminação por ser autista
Alessandra também relatou que sofre discriminação dentro da escola por ser autista. Segundo ela, o casal a teria culpado pela confusão por conta do transtorno. “Eles [o casal] falam que a culpa da confusão foi minha, pois eu não consegui interpretar a cena corretamente e causei o tumulto, porque tenho deficiência mental. Eles não podem alegar isso. Nenhum médico atestou que sou incapaz”.
“Trabalho em um ambiente extremamente hostil e não tenho dignidade no trabalho. Sou humilhada e muito maltratada. Tenho 46 anos e há 24 de trabalho no Estado, tenho três formações universitárias, duas especializações e sou professora concursada”, enfatizou Alessandra.
Fábio afirmou à reportagem do g1 que a escola discorda sobre a deficiência de Alessandra, pois, segundo ele, a profissional nunca entregou um documento comprobatório. Sobre a discriminação, o professor disse que não sabe nada em relação a isso, e que as atitudes da escola em relação a ela provam o contrário.
“Ela é professora em uma unidade em Cananéia e, todos os anos, a escola assina um termo de anuência para ela trabalhar na unidade [de Ilha Comprida]. Se tivesse discriminação ou perseguição, a direção não a aceitaria na escola. Pelo que nós sabemos, não tem documento que prove o autismo. Ela é dissimulada e inteligentíssima”, relatou.
A secretaria de Educação do Estado de São Paulo informou, por meio de nota, que a Diretoria de Ensino abriu uma apuração preliminar para ouvir os dois docentes e para realizar as medidas cabíveis. A pasta afirmou que as imagens do ocorrido estão em posse das autoridades para que, se necessário, sejam aplicadas as medidas legais necessárias.
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