A coordenadora do projeto ‘AfroMix’, Luiza Amélia Mariano, de 59 anos, contou que o projeto começou a ser desenvolvido após a sua aposentadoria, em 2017, quando veio morar no litoral paulista.
Ela começou com aulas destinadas para pessoas com mais de 50 anos no Grupo Exemplo de Vida (Gevida), em Itanhaém.
Após a pandemia, em 2021, ela decidiu iniciar efetivamente as atividades voluntárias em Mongaguá, utilizando quadras públicas no bairro Jussara, Flórida Mirim e do Centro Conviver. Ela disse, no entanto, que a falta de manutenção vem afastando as alunas da atividade.
Mutirões de limpeza e colocação de placa com identificação do projeto foram realizados no local para combater o descarte de lixo — Foto: Arquivo pessoal
Luiza contou que uma praça ao lado da quadra do bairro Jussara tem se tornado um ponto irregular de descarte de lixo. Em uma tentativa de conter a ação, uma placa com a identificação do projeto foi afixada ao lado de uma planta, mas não impediu a dispensa irregular.
Ainda de acordo com ela, os sacos de lixo descartados de forma irregular acabam sendo rompidos por animais que circulam pelo bairro, o que acaba servindo de alimento e atrai diversos pombos para a quadra.
Moradoras relatam que lixo deixado de forma irregular no local é espalhado pelos animais — Foto: Arquivo pessoal
Há aproximadamente de 20 dias as aulas — realizadas às terças, quintas e sábados — foram suspensas devido à aparição de diversos ‘piolhos de pombos’.
Luiza contou que, assim que as alunas relataram o incômodo, enviou um pedido de nebulização e dedetização à Vigilância Sanitária de Mongaguá.
“Depois que apareceu esse piolho, as alunas não querem vir mais. No dia em que elas viram que tinham piolhos nas camisetas, já começou a sair todo mundo. Está cheio de ninho de pombo”, disse Luiza, que relatou uma baixa de 50% na presença das aulas.
Segundo ela, a administração acatou o pedido parcialmente, realizando apenas a lavagem do local. Os ninhos dos pombos, segundo Luiza, permanecem no local mesmo após a visita dos agentes da Vigilância Sanitária.
Durante o período, ela disse que realizou mutirões de limpeza no local (veja acima) e transferiu as aulas do projeto para a quadra do bairro Flórida Mirim — que não possui cobertura, o que dificulta a realização— , mas que o equipamento ainda é utilizado por jovens e moradores do bairro Jussara mesmo com a presença dos animais.
Por conta disso, ela revela a preocupação com a saúde pública do bairro. “Eles têm a obrigação de manter um local público limpo. Tem pessoas de idade que fazem aulas comigo e estão muito suscetíveis a pegar uma doença”, conta.
Alunas relatam piolhos de pombos durante aulas de projeto voluntário em Mongaguá, SP — Foto: Arquivo pessoal
Uma das colaboradoras de sua equipe, a diarista Elizete da Silva Ferreira, de 55 anos, acredita que as aulas possam retornar ao local após a higienização adequada. “Acredito que o principal empecilho que [o local] enfrenta é a questão da limpeza. Se não tem lixo, dá como por fim nesses pombos aqui na quadra. E aí já vai melhorar bastante.”, conta.
O g1 entrou em contato com a Prefeitura de Mongaguá em busca de um posicionamento, mas não teve retorno até a última atualização da reportagem.
O AfroMix é uma atividade que mistura exercícios físicos leves e dança para todas as idades. O significado da palavra simboliza a capoeira (Afro) e a mistura de diversos ritmos musicais (Mix).
Luiza diz que o projeto voluntário em Mongaguá foi criado a partir da ação da ONG Anjos de Sol, em São Paulo, que também oferece. Ela conta que, no local, são realizados cursos anuais para seguir com o andamento das aulas.
Ela contou ainda que, inicialmente, procurou a Câmara Municipal para se informar sobre o local onde poderia promover as atividades, porém recebeu pouco suporte. Em seguida, decidiu fixar um cartaz em uma quadra anunciando as aulas de dança para a semana seguinte.
“Coloquei [o anúncio] que iria começar na semana seguinte e lá apareceram seis alunas. Na semana seguinte, subiu para 10. E aí foi aumentando, hoje tem de 50 a 90 [pessoas] por aula.”, conta.
Com a grande participação, ela conta que começou a realizar diversas ações comemorativas em datas especiais, como Dia das Mães, Páscoa e Natal. As ações reúnem passeios e celebrações em conjunto com as alunas.
Amélia ainda revela que o objetivo do projeto é expandir a ação pelo município, proporcionando opções de lazer gratuita para o público da terceira idade e aqueles que não possuem condições financeiras.
“As declarações que eu ouço são o meu pagamento. Não é em dinheiro mas é uma recompensa muito grande para mim. Eu adoro o que eu faço porque eu vejo a alegria delas [alunas] no rosto. Isso pra mim é tudo”, conta
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