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Putin e Kim Jong-un: o que está por trás da aliança entre Rússia e Coreia do Norte

today12 de setembro de 2023 10

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Nenhum dos dois aparece muito em público. O líder do Kremlin não saiu da Rússia este ano. No caso de Kim, já são quatro anos.

Ambos enfrentam pesadas sanções internacionais.

Os dois governos protestam contra a “hegemonia” dos Estados Unidos.



Muitas vezes, inimigos em comum podem aproximar líderes.

É o que acontece com Putin e Kim. Trata-se de uma união baseada não em sentimentalismo, mas na realidade geopolítica de 2023.

Ao contrário do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, que certa vez declarou que ele e Kim Jong-un “se apaixonaram”, os líderes da Rússia e da Coreia do Norte são menos efusivos em suas demonstrações públicas de afeto.

O que o Kremlin ganha com isso?

Para começar, a Coreia do Norte tem uma enorme indústria de defesa com capacidade de produção em grande escala.

Com a guerra da Rússia na Ucrânia em curso, Pyongyang pode se tornar uma fonte inestimável de armamento para Moscou.

Washington suspeita que o Kremlin já esteja fazendo isso. Os Estados Unidos alegam que negociações sobre armas entre Rússia e Coreia do Norte têm “progredido ativamente”, com a Rússia supostamente buscando munições de artilharia.

Não há confirmação disso, no entanto, por parte das autoridades russas. Mas há muitos sinais nada sutis de que a Rússia e a Coreia do Norte pretendem aumentar a cooperação militar.

Em julho, Sergei Shoigu tornou-se o primeiro ministro da Defesa russo a visitar a Coreia do Norte desde o desmembramento da União Soviética, participando de eventos que marcaram o 70º aniversário do armistício coreano.

Kim Jong-un fez o papel de guia turístico mostrando a Shoigu uma exibição militar. O ministro da Defesa também deu a entender que exercícios militares conjuntos estão em preparação.

“Se eles estão à procura de armamento na Coreia do Norte, um dos países mais pobres e menos desenvolvidos do mundo, um país isolado, isso é na minha opinião a maior humilhação da propaganda da ‘grande potência’ russa”, afirma o ex-ministro das Relações Exteriores russo Andrei Kozyrev.

“Uma grande potência não iria à Coreia do Norte em busca de uma aliança ou de suprimentos militares”, diz Kozyrev, por ligação de vídeo desde os EUA, onde vive atualmente.

Com sua invasão na Ucrânia, Vladimir Putin sinalizou determinação em reconstruir a ordem global de acordo com interesses da Rússia.

Um acordo de armas entre Moscou e Pyongyang representaria uma grande mudança. Até recentemente, a Rússia apoiava totalmente as sanções do Conselho de Segurança da ONU contra a Coreia do Norte devido ao seu programa de armas nucleares.

Entre outras coisas, essas sanções proíbem o comércio de armas com a Coreia do Norte.

“Moscou assinou essas resoluções do Conselho de Segurança”, lembrou aos leitores o tablóide russo Moskovsky Komsomolets na semana passada. Mas o texto acrescentava: “Não importa. Uma assinatura pode ser revogada”.

O jornal citou uma declaração do presidente do Conselho de Política Externa e de Defesa da Rússia, Fyodor Lukyanov; “Há muito tempo se coloca a questão: porque é que nós [Rússia] respeitamos estas sanções? Todo o sistema de relações internacionais está num estado de total pandemônio”.

“É claro que as sanções da ONU são legítimas. É difícil negar isso. Votamos a favor delas. Mas a situação mudou. Por que não revogar nosso voto?”

O que mais os norte-coreanos podem esperar da Rússia?

Quase certamente, ajuda humanitária para aliviar a escassez de alimentos na Coreia do Norte.

Há também especulações de que Pyongyang tem buscado tecnologia de ponta russa para satélites e uso militar, inclusive para submarinos com propulsão nuclear.

Após mais de um ano e meio de uma guerra que tem corrido terrivelmente mal para a Rússia, é muito possível que Moscou esteja precisando reabastecer seus estoques de munição.

Um acordo com Pyongyang poderia ajudar a Rússia alcançar esse objetivo. Mas isso não significa que, sem a ajuda da Coreia do Norte, a máquina de guerra da Rússia esteja prestes a parar.

“Putin não está desesperado”, acredita o ex-ministro das Relações Exteriores Andrei Kozyrev.

“Ele pode sustentar essa situação por muito tempo e pode se adaptar. Ele aprende todos os dias sobre como contornar sanções, como cooperar com a China, com a Coreia do Norte e com alguns regimes na África. Essa (relação) não é uma alternativa para o futuro. É uma alternativa para o presente. E talvez para os próximos anos.”




Todos os créditos desta notícia pertecem a G1 Mundo.

Por: G1

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