“A gente comprou água hoje. Compramos um tanque de gás [bomba] para transferir a água de um tanque para outro, que vamos usar dentro da casa. Como não tem transporte, então a gente usou um cavalo para buscar o tanque com a água. É muito difícil achar água. Muito difícil”, relatou a jovem, em vídeo enviado à reportagem.
Shahed é de família palestina, morava em São Paulo, mas há um ano e meio se mudou para Gaza. Ela é uma das dezenas de pessoas que estão na lista de repatriados e tentam deixar a região para voltar ao Brasil. Com ela estão a irmã, Shams, de 13 anos, e a avó, Jamila, de 64 anos.
Shahed Al-Banna tem 18 anos e está em Rafah aguardando retorno ao Brasil — Foto: Arquivo Pessoal
“Apelamos à comunidade internacional e ao Egito para que trabalhem imediatamente para trazer combustível e necessidades emergenciais de saúde antes que mais vítimas sejam perdidas nos hospitais”, disse o comunicado. O grupo terrorista Hamas controla Gaza, e o Ministério da Saúde do território é ligado ao Hamas.
Palestinos usam cavalos para transportar água em Gaza — Foto: Embaixada do Brasil na Palestina/Divulgação
O motivo pelo qual há restrições para a entrada de combustíveis é que o material também pode ser usado em armas e foguetes.
Segundo a ONU, discute-se a possibilidade de rastrear o combustível para evitar que o material seja desviado para outros usos, que não em geradores.
A jovem também contou, na última sexta-feira (20), que estava precisando de medicamento, mas não tinha como comprar.
‘Não tem água, não tem pão’
Noura Bader com a família na Faixa de Gaza — Foto: Arquivo Pessoal/Noura Bader
Eles estão na lista de repatriados e aguardam cruzar a fronteira em uma casa alugada pela embaixada.
“Não tem água, não tem comida, não tem pão. Só hoje [sábado] consegui comprar”, ressaltou Noura.
Noura morava na capital paulista na condição de refugiada até o começo deste ano. Ela, o marido e os dois filhos mais velhos nasceram na Palestina. Já o filho mais novo, Mohamed Monir Bader, de 4 anos, é brasileiro.
Em janeiro deste ano, a família decidiu se mudar para o Egito. Mas em fevereiro Noura foi morar na Faixa de Gaza, onde o marido estava trabalhando como motorista até o começo da guerra. Ela não sabe onde vai morar agora.
“Não sei, só [queremos] ficar fora de Gaza. Podemos ir ao Egito ou voltar ao Brasil. Não sei ainda”, disse a palestina ao g1 no dia 13 de outubro.
Noura Bader ao lado de Kobra na frente do mural com o rosto dela em frente à fachada do Museu da Imigração — Foto: Reprodução
Bloqueio na Faixa de Gaza
Palestinos que deixaram suas casas em meio aos ataques israelenses são abrigados em um acampamento administrado pela ONU, em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, em 20 de outubro de 2023 — Foto: Ibraheem Abu Mustafa/Reuters
“É uma situação terrível a que estamos vendo evoluir na Faixa de Gaza, com alimentos e água escassos e esgotando rapidamente”, disse Brian Lander, vice-chefe de emergências do PMA, à Reuters.
Das mais de 2 milhões de pessoas que moram no território, 340 mil tiveram que sair de suas casas desde o início dos ataques, também segundo a ONU.
Segundo a BBC, o Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa) destacou a preocupação com as quase 50 mil grávidas que vivem em Gaza e estão sem acesso a serviços essenciais de saúde ou mesmo água potável. E que 5.500 delas devem dar à luz no mês que vem.
O que é a passagem de Rafah
Rafah, que possui a única fronteira internacional da região fora do domínio israelense, abriga diversos grupos de estrangeiros que aguardam a abertura da passagem para o Egito para poderem retornar a seus países, inclusive 10 brasileiros, sendo 4 crianças, 3 mulheres e 3 homens.
Ajuda humanitária — Foto: g1
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