O relato de sobreviventes publicado pelo jornal “Corriere Della Sera” é estarrecedor. A embarcação se aproximava da costa, na escuridão, quando os contrabandistas, receosos da presença da polícia costeira, mudaram de rumo para atracar em outro lugar.
Para aliviar o peso e ganhar velocidade, lançaram ao mar cerca de 20 pessoas, que morreram afogadas. Depois o barco partiu ao meio, na colisão com rochas. Poucos tinham coletes salva-vidas.
A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, líder do partido de extrema direita Irmãos da Itália, se apressou a apontar o dedo para os contrabandistas, que exploram os imigrantes e os submetem a travessias perigosas pelo Mediterrâneo.
O Parlamento italiano fez a sua parte na quinta-feira passada (23), aprovando uma lei que passa a dificultar o resgate de refugiados por parte de organizações humanitárias.
As novas normas estabelecem que as embarcações dessas ONGs podem realizar somente um resgate por vez, sob penas de multas e apreensão, e são impedidos de permanecer no mar em busca de outros sobreviventes.
Meloni assumiu o governo em outubro, respaldada por uma coalizão de direita e extrema direita, com o firme propósito de reduzir a imigração no país. Ela acusa os navios de caridade de encorajar a ação dos traficantes de pessoas.
Migrantes em barco de madeira aguardam resgate de ONG alemã Sea Watch no Mar Mediterrâneo. — Foto: Johannes Moths/Sea Watch via AP
Em 2022, dos 105 mil que chegaram à costa italiana (38 mil a mais do que o ano anterior), apenas 10% foram resgatados por barcos de ONGs, segundo um relatório do Ministério do Interior obtido pela agência Reuters.
Logo depois da votação, a embarcação Geo Barents, da organização Médicos Sem Fronteiras, foi apreendida por 20 dias e multada em 10 mil euros (R$ 55 mil) por levar 48 migrantes ao porto de Ancona, no Adriático.
“É inaceitável ser punido por ter salvado vidas”, atestou o MSF. “É simplesmente a maneira errada de lidar com esta crise humanitária”, resumiu o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk.
As Nações Unidas, a Igreja Católica e ONGs de ajuda humanitária corroboram com a tese de que a nova lei italiana contribui para pôr mais vidas em risco. E levam em conta a realidade irrefutável da crise: de janeiro a 17 de fevereiro, 9.254 refugiados desembarcaram na costa italiana. O número mais do que dobrou em relação ao mesmo período do ano passado.
Todos os créditos desta notícia pertecem a
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Por: G1
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