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Velório de jovem morto em ação da polícia no litoral de SP é marcado por emoção e pedidos de Justiça: ‘homem trabalhador’

today3 de agosto de 2023 4

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O rapaz tinha saído comprar macarrão quando foi baleado. Durante o velório do jovem, nesta quinta-feira, companheiros de trabalho falaram que a morte dele foi uma injustiça.

Filipe chegou a trabalhar em uma loja de materiais elétricos. Sergio Luis Francisco, dono do estabelecimento, diz que o jovem era de confiança e sempre muito prestativo.

“Só porque ele tinha uma passagem pela polícia, ele tinha que pagar com a vida? Isso foi uma injustiça. É sacanagem um homem trabalhador, que estava se regenerando passar por isso”, disse.



Natan Lima, era amigo de Filipe e contou que o jovem tinha muitos sonhos. “Ele conseguiu comprar a casinha dele, montar um barraco e ele estava feliz. O sonho dele era crescer na vida, mas não deu tempo”, disse.

Priscila Lopes trabalha na barraca de praia onde Filipe atuava há três anos. “Quando ele me pediu ajuda, nós demos a oportunidade pra ele e ele desenvolvia um trabalho igual as pessoas que não tiveram passagem pela Justiça. Sempre com muito respeito com todos”. Ainda segundo ela, a morte do jovem foi muito triste.

“Era preto, com passagem, tentando resgatar a dignidade e aconteceu o que aconteceu”, disse Priscila.

Chefe de Filipe, em entrevista durante velório do jovem morto em operação da polícia no litoral de SP — Foto: Reprodução g1

Filipe morreu no Beco Canaã, no bairro Morrinhos 4, no dia 31 de julho. A namorada contou à Douglas Brito, ex-chefe do jovem, que ele havia saído de bicicleta, por volta das 20h. Ela ouviu os disparos poucos minutos depois.

A mulher disse ter deixado o imóvel e visto os policiais jogando a bicicleta do companheiro no mangue. Ao perguntar aos agentes sobre Filipe, ela contou ter ouvido que o rapaz não estava entre os dois mortos da noite. Na sequência, ela teria sido levada à casa de um vizinho pelos policiais.

A namorada contou à Brito que o jovem já havia sido preso por tráfico de drogas, mas que não gostava de falar sobre o assunto porque ele tinha deixado o crime. Filipe trabalhava em uma barraca na praia das Astúrias.

“É um pessoal mais humilde, pobre. A maioria é tudo preto. Eles [policiais] vão lá e fazem o que querem. Ainda mais o moleque que tinha passagem. Os caras matam mesmo e tudo nessa [Operação Escudo] é troca de tiro, mas é mentira”, disse.

Filipe do Nascimento, de 22 anos, morreu durante operação da polícia em resposta à morte de um PM da Rota em Guarujá (SP) — Foto: Reprodução

O corpo de Filipe foi identificado nesta terça-feira (1), no Instituto Médico Legal (IML) de Praia Grande (SP). O g1 entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP), que, em resposta, enviou o link da coletiva de imprensa do secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, mas este nada falou sobre o caso de Filipe.

O que se sabe sobre a morte de um policial da Rota em Guarujá e da Operação Escudo

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O soldado Patrick Bastos Reis foi baleado enquanto fazia um patrulhamento na comunidade da Vila Júlia em Guarujá, na quinta-feira (27). A morte dele foi confirmada no mesmo dia. Além dele, um outro policial foi baleado na mão esquerda, encaminhado para o Hospital Santo Amaro e liberado.

Após o caso, a Polícia Militar iniciou a Operação Escudo, com o objetivo de capturar os criminosos responsáveis pela ação contra os agentes.

Na segunda-feira (31), Erickson foi encaminhado ao Fórum de Santos, onde passou por audiência de custódia, que começou por volta das 10h. A Justiça definiu que a prisão temporária foi mantida por 30 dias.

Erickson David da Silva é um dos apontados como responsáveis pelos disparos contra o PM em Guarujá (SP). — Foto: Reprodução

Em entrevista à TV Tribuna, afiliada da TV Globo, o advogado do Wilton Felix disse que suspeito se diz inocente e estava na comunidade em Guarujá, para comprar drogas. “Ele [Erickson] alega e atesta que não participou do evento morte. Na fatalidade, ele estava comprando droga, por fazer uso de entorpecentes, quando ouviu vários tiros e no pavor da situação, ele fugiu do local”, explicou Felix.

Ainda segundo o advogado, imagens do suspeito foram vinculadas como sendo o principal suspeito de ter realizado o disparo de ter matado o policial. “Ele ficou com receio e foi para outra cidade, sendo hoje (domingo), de livre e espontânea vontade, se integrou as autoridades, na Corregedoria da Polícia, mostrando que acredita que ele foi vítima de uma injustiça”, disse o advogado.

Suspeito de matar policial do ROTA pede para Tarcísio 'parar de matar inocentes'

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Em vídeo gravado antes de ser preso, o suspeito afirma, em relato direcionado ao governador de SP e ao secretário de Segurança Pública, que estão “matando uma ‘pá’ de gente inocente”. Ele diz não ter nada a ver com o caso, mas que vai se entregar. Erickson diz ainda que estão “querendo pegar” sua família (veja o vídeo acima).

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou nesta segunda-feira (31) que o vídeo gravado pelo suspeito foi “uma estratégia do crime organizado”.

“A verdade é que esse vídeo que ele fez, orientado pelos seus defensores, inclusive tem áudio do advogado o orientando a fazer esse vídeo, se os senhores ainda não possuem, ao longo das investigações vão tomar conhecimento disso, é uma estratégia do crime organizado, inclusive de cooptar moradores, de cooptar pessoas das comunidades que também são vítimas do tráfico organizado apresentando versões”, afirmou.

Até a última atualização desta reportagem, SSP-SP confirmou que o número de mortes subiu para 16 durante a Operação Escudo realizada em Guarujá (SP). A ação da polícia começou, na última sexta-feira (28) após execução de PM da equipe Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota) durante patrulhamento na região.

Governador Tarcísio de Freitas durante coletiva sobre operações na Baixada Santista e Centro de SP — Foto: Governo de SP

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o secretário de segurança do estado, Guilherme Derrite, anunciaram aumento do efetivo policial e uma nova unidade em Guarujá, no litoral de São Paulo, após a morte do PM da Rota Patrick Bastos Reis. Segundo o governador, as ações se fazem necessárias pois “o tráfico ocupou a Baixada Santista”.

De acordo com Tarcísio, a Operação Escudo vai continuar na Baixada Santista por pelo menos 30 dias. Além disso, o governador ainda prometeu novas ações na região.

“Nós vamos levar para a Baixada Santista o aumento de efetivo, unidade da Polícia Militar. Nós devemos ter mais uma unidade da Polícia na Baixada para aumentar o efetivo e responder o anseio da Baixada”, disse Tarcísio.

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Por: G1

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