Um vereador de Iporanga, no interior de São Paulo, é investigado por suposta quebra de decoro parlamentar. Conforme apurado pelo g1 nesta terça-feira (7), o caso foi levado à Câmara Municipal por uma moradora que pede a cassação do mandato de Juraci Cardoso de Aguiar (PSDB). Entre as denúncias contra ele, estão crimes como assédio sexual e tráfico de influência.
O denunciado era relator da Comissão de Justiça e Redação da Câmara e foi substituído pela vereadora Rosimara Aedil Alves Fonseca (Democratas), conforme ato divulgado na 16º sessão ordinária, que ocorreu nesta segunda-feira (6). Na ocasião, a denúncia foi apresentada.
“Solicito que o plenário da Câmara conduza uma investigação imparcial e completa sobre as acusações de assédio sexual e tráfico de influência que pesam sob seu mandato. Caso as alegações sejam comprovadas, é imperativo que as medidas apropriadas sejam tomadas, incluindo a cassação de seu mandato”, constava na representação enviada à Câmara e lida pela vereadora Rosimara. Segundo o documento, o vereador quebrou o decoro parlamentar em razão das suas condutas.
A comissão tem o prazo de três dias para emitir um parecer sobre a acusação e realizar votação sobre a continuidade da denúncia a ser realizada e possível cassação de mandato.
O processo contra Juraci corre em segredo de justiça. No entanto, a representação enviada à Câmara consta que o vereador cometeu os crimes contra a funcionária de uma empresa. Ele é acusado de aproveitar da influência interna para praticar abusos e assédios sexuais contra a vítima, pois sabia que ela dependia do trabalho.
Segundo a denúncia, Juraci entrava no quarto, onde a mulher trabalhava, e praticava tanto atos libidinosos quanto conjunções carnais. A vítima não conseguia reagir e, para evitar os crimes, passou a dormir em outro local quando precisava passar a noite próxima do trabalho.
Mesmo assim, os episódios não pararam, pois ela contou que o vereador a procurava durante o dia. Em julho de 2022, a denunciante foi transferida de posto de trabalho, mas acusa o parlamentar de procurá-la na própria residência.
Além dos crimes sexuais, a vítima disse que foi ameaçada por Juraci, pois ele dizia que tinha um “primo matador” e ela teria que “ter cuidado com quem recebe”, pois ele sabia cada passo da mulher.
De acordo com o documento enviado à Câmara, em setembro deste ano, a mulher chegou a confrontar o acusado dizendo que ele era “sujo e sórdido”. Ela ficou com medo de perder o emprego e do que ele poderia fazer contra ela e seus familiares. Por isso, solicitou medida protetiva.
Ainda segundo consta na representação enviada à Câmara, a Justiça de Eldorado concedeu medida protetiva em favor da vítima. Desta forma, Juraci deve manter distância mínima de 100 metros dela e de seus familiares, bem como se abster de contato direto ou indireto por qualquer meio de comunicação.
O vereador também foi proibido de frequentar a residência e o local de trabalho da mulher. “Tudo sob pena de prisão preventiva”, diz o documento.
Procurada pelo g1, a Câmara de Iporanga não se manifestou sobre o caso. A reportagem entrou em contato com o vereador que não quis se posicionar sobre o assunto.
Em nota, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) informou que o processo citado tramita em segredo de Justiça e “as informações nos autos são de acesso restrito às partes”.
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