600 homens e mulheres, de diferentes batalhões do estado de São Paulo, se revezam 24 horas por dia no policiamento das ruas da baixada. O efetivo extra faz parte da operação que começou depois do assassinato do soldado da Rota Patrick Bastos Reis, durante patrulhamento na comunidade Vila Júlia, no Guarujá, no dia 27 de julho.
Mesmo depois da prisão de três suspeitos pela morte do soldado, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) anunciou que a operação continuaria por pelo menos um mês. Atualmente, segundo apurado pela TV Globo, a polícia diz que a operação não tem prazo para terminar.
Um balanço divulgado nesta segunda-feira (28) pela Secretaria da Segurança mostra que, até o momento, 665 foram presas, das quais 253 eram procuradas pela Justiça. Foram apreendidas 85 armas e 906 quilos de drogas. Desde que a operação começou, três policiais foram baleados em confrontos na Baixada. A cabo Najara Gomes teve alta na semana passada.
Desde que a Operação Escudo foi deflagrada, 23 pessoas morreram em supostos confrontos com a polícia. Testemunhas, parentes dos mortos e entidades de defesa dos Direitos Humanos denunciam que houve excessos e tortura por parte dos policiais.
Por enquanto, as investigações abertas pelas polícias e pelo Ministério Público não chegaram a essa conclusão.
Governo de SP nega que tenha havido excesso da polícia na operação que deixou 8 mortos em Guarujá — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução
46 tiros em 15 dos 23 mortos
A TV Globo e o g1 tiveram acesso aos laudos necroscópicos de 15 dos 23 mortos pela polícia nesse período. No total, os corpos tinham 46 ferimentos provocados pela entrada de balas.
- 29 tiros foram na região do tronco, que inclui tórax e a barriga.
- 5 nas pernas
- 4 nos braços
- 3 nas costas
- 5 na cabeça
Os documentos não fazem referência direta a ferimentos que indiquem sinais de execução ou tortura. Promotores de justiça estão comparando o resultados dos laudos com as fotos dos corpos para esclarecer dúvidas.
Até agora, as imagens das câmeras corporais usadas pelos PMs trouxeram poucas novidades à investigação. Há duas semanas, quando o Sp2 divulgou o resultado das primeiras análises, o Ministério Público tinha recebido imagens de seis de dezesseis ocorrências com mortes.
- Em três delas, as imagens indicavam confronto com criminosos.
- Em outros dois casos, as gravações não captaram o momento das supostas trocas de tiros, mas revelavam falhas operacionais.
- Em uma das ocorrências, as imagens não traziam nenhuma informação relevante para a investigação, segundo os promotores.
Desde então, mais seis pessoas morreram em supostos confrontos com a polícia na região, e apenas uma nova imagem foi encaminhada ao Ministério Público.
A Polícia Militar tem atualmente 10.125 câmeras corporais, o suficiente para equipar pouco mais da metade dos policiais de todo o estado.
Questionado sobre o envio das outras imagens das câmeras para o MP, a SSP respondeu que os casos correm sob sigilo.
A Secretaria informou ainda que os laudos oficiais de todas as mortes, elaborados pelo IML, foram executados com rigor técnico, isenção e nos termos da lei, e que esses laudos já foram enviados às autoridades responsáveis pelas investigações.
“A Secretaria da Segurança Pública informa que, desde janeiro, sete PMs foram mortos na Baixada Santista, sendo seis inativos, e ficaram 12 feridos – oito em serviço, três em folga e um inativo.
Em 23 abordagens, os suspeitos optaram pelo confronto com as forças de segurança e morreram. Todos os casos de mortes decorrentes de intervenção policial (MDIP) estão em investigação pela Deic de Santos, com o apoio do DHPP, e pela Polícia Militar. O conjunto probatório apurado no curso das investigações, incluindo as imagens das câmeras corporais, tem sido compartilhado com o Ministério Público e o Poder Judiciário.
Os laudos oficiais de todas as mortes, elaborados pelo Instituto Médico Legal (IML), foram executados com rigor técnico, isenção e nos termos da Lei. Em nenhum deles foi registrado sinais de tortura ou qualquer incompatibilidade com os episódios relatados. Os documentos já foram enviados às autoridades responsáveis pelas investigações.”
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