“Continuamos registrando um número crescente de casos em todo o país, apesar dos sinais de transmissão reduzida e mortes em algumas áreas”, disse Chiponda em comunicado.
Desde o início do surto, em março de 2022, o país registrou 22.759 casos da doença. Os números mostram que cerca de 15 pessoas morreram diariamente nos últimos dias, com 155 mortes registradas nos últimos 10 dias. Quase 1.000 pessoas foram hospitalizadas até quarta-feira (11).
Nesta semana, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que 31 países relataram surtos de cólera desde dezembro, um aumento de 50% em relação aos anos anteriores.
“Embora já tenhamos tido grandes surtos de cólera antes, não vimos um número tão grande de surtos simultâneos”, disse Adhanom , acrescentando que o Malaui, junto com o Haiti e a Síria, estão entre os países mais afetados.
No ano passado, a OMS e seus parceiros mudaram para uma única dose da vacina padrão contra cólera em vez das duas doses habituais, devido a problemas de abastecimento.
“Atualmente, a produção está em capacidade máxima e, apesar dessa decisão sem precedentes, o estoque continua muito baixo”, afirmou o diretor-geral, acrescentando que mais quatro países pediram vacinas nas últimas semanas.
A OMS já culpou o aumento global sem precedentes da cólera em crises humanitárias complexas em países com sistemas de saúde frágeis que estão sendo agravados pelas mudanças climáticas. As temperaturas mais altas e o aumento das chuvas facilitam a multiplicação e a propagação das bactérias que causam o cólera.
Ahmed Ogwell Ouma, diretor dos Centros Africanos de Controle e Prevenção de Doenças (CDC África), disse a repórteres na quinta-feira que 14 países africanos têm relatado casos de cólera, muitos dos quais devido a inundações em todo o continente. Uma proporção significativa dos 1,3 bilhão de habitantes do continente não tem acesso a água potável, saneamento e boa higiene.
Ouma disse que 393 mortes de pouco mais de 4.000 novos casos foram relatadas na semana passada na África, onde o Malaui é o epicentro do surto. O país de cerca de 20 milhões de pessoas registrou 71% dos casos e 88% das mortes na semana passada.
Na capital, Lilongué, algumas pessoas culparam a falta de serviços básicos, como água potável e saneamento, pelo surto. “Eu comia e bebia nos mercados sem lavar as mãos. Não fui cauteloso, mas também não há água nesses lugares”, disse o mecânico Kondwani Malizani. Ele contou que foi hospitalizado com cólera na semana passada.
Lilongué e a cidade de Blantire , um centro econômico no sul do país, são as mais afetadas. Muitos locais públicos, como mercados movimentados, não têm água encanada, enquanto as pessoas são forçadas a cavar poços em casa ou buscar água em fontes inseguras, como rios e córregos – fatores que contribuem para surtos de cólera.
O epidemiologista Adamson Muula disse à AP que o surto está afetando principalmente os mais pobres, que não têm acesso a água potável e saneamento. “Pessoas que têm filtros de água funcionando, água potável de torneiras em casa e aquelas que se fortalecem não comendo em lugares questionáveis basicamente não correm risco”, afirmou ele, que é professor da Universidade Kamuzu. Muula culpou as elites governantes por não investirem em infraestrutura.
“Pessoas que não são atendidas pelo sistema municipal de abastecimento de água. As pessoas que defecam no mato e outros espaços abertos, bebem de fontes de água a céu aberto e vivem em comunidades onde as diferentes companhias de água podem deixar de fornecer água da torneira durante dias a fio, são os afetados. Tal doença torna-se difícil de controlar à medida que o burguês se sente despreocupado”, disse o especialista.
De acordo com a ministra da Saúde, Chiponda, o governo planeja expandir a rede de encanamento de água, bem como entregar água usando caminhões para as pessoas que vivem em favelas em Lilongué e Blantire. Nesta semana, o país pediu doações de leitos de cólera, barracas, baldes de água, sais de reidratação, suprimentos médicos e dinheiro.
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