Quantas vezes você já ouviu alguém ser chamado de louco apenas por ter ido ao psiquiatra? Em um país com cerca de 50 milhões de pessoas com algum tipo de doença mental, segundo dados da Associação Brasileira de Psiquiatria, o preconceito não deveria ter espaço. No entanto, não é bem assim que acontece. Hoje em dia, um grande desafio enfrentado pelos profissionais da Psiquiatria é combater a psicofobia.
Não vou me cansar de tentar desestigmar minha especialidade médica! Não sou médica de louco. As medicações que eu prescrevo, quando prescrevo, são no intuito de melhorar algum sintoma e assim melhorar a qualidade de vida do paciente e nunca para viciar, engordar, fazer babar, sedar ou afastar alguém do trabalho
— comenta a psiquiatra Natália Quireza.
Psicofobia é o preconceito contra as pessoas que têm transtornos e deficiências mentais e que muitas vezes, acaba agravando o estado clínico do paciente. É tão grave que se tornou crime no Brasil. A Lei 236/12 criada pelo senador Paulo Davim, prevê como crime de discriminação cometer abuso ou desrespeito contra transtornados ou deficientes mentais. E conta com pena de até três anos para quem praticar injúria contra pessoas com transtorno mental.
Durante a pandemia, decidiu aderir a telemedicina e viu bons resultados nos tratamentos. — Foto: Pixabay
Formada há 12 anos em Medicina, Natália Quireza Lemos, atua como psiquiatra há oito anos e busca combater a psicofobia e os estigmas que existem no entorno de transtornos mentais. Durante a pandemia, decidiu aderir a telemedicina e viu bons resultados nos tratamentos.
De acordo com a especialista, as doenças mentais ainda são tratadas como uma marca desonrosa para quem a possui, o que, muitas vezes, prejudica o tratamento correto. “Creio que a marca estigmatizante tem duas razões fundamentais: ou o doente mental é perigoso, representando o mal ou demonstra fraqueza, representado por uma pessoa que não sabe lidar com seus problemas e sua vida. Esse estigma de maldade e fraqueza, que estão coladas à pele da pessoa com doença, levam inevitavelmente, para a exclusão e isolamento, o que agrava o seu estado”, explica a médica.
Formada há 12 anos em Medicina, Natália Quireza Lemos, atua como psiquiatra há oito anos — Foto: Natália Quireza
A estigmatização não é exclusiva da pessoa com doença mental. Esse preconceito estende-se aos psiquiatras, instituições psiquiátricas e a todos os que trabalham na área. “É por isso que os consultórios psiquiátricos estão menos identificados e que os pacientes nos pedem para emitirmos os documentos clínicos em folhas não identificadas. Qualquer pessoa que possua cérebro e emoções pode precisar de um psiquiatra”, concluiu Quireza.
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