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A polêmica dos fogos de artifício no Réveillon na Alemanha

today29 de dezembro de 2023 4

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Policiais, autoridades de saúde e ambientalistas vêm insistindo para que medidas sejam tomadas para conter os danos causados pela queima de fogos na noite do Réveillon, sugerindo inclusive a proibição total desses artefatos.

O modo como os alemães menosprezam as questões associadas à segurança dos fogos de artifício é motivo de surpresa para muitos turistas que visitam o país, em meio a cenas de aparente caos, enquanto pessoas queimam milhões de euros em explosões festivas pelas ruas durante a virada do ano.

Contudo, a preocupação com o aumento dos distúrbios nas ruas e com os ferimentos causados pelas queimas de fogos já superam os limites até para os próprios alemães.



“Desde a violência excessiva no ano passado em Berlim, em muitos lugares no vale do Ruhr e até mesmo na pacífica cidade de Bonn, nós já sabemos que algo está errado em nossa sociedade”, afirmou Jochen Kopelke, chefe do principal Sindicato de Policiais do país, o GdP, em entrevista ao jornal Rheinischen Post. “Temos de fazer algo a respeito.”

A queima de fogos nas ruas é uma tradição antiga no Réveillon alemão, mas as cenas registradas em Berlim há quase um ano ampliaram os chamados para que esse hábito seja revisto.

Na virada do ano, a polícia teve de lidar com vários casos de fogos sendo atirados contra os serviços de emergência, com algumas equipes, em alguns casos, sendo atraídas para emboscadas.

Kopelke alertou que para este ano são esperados novos ataques aos serviços de emergência e a outras pessoas durante as comemorações do Ano Novo.

Por esse motivo, a polícia prepara o destacamento de um grande número de policiais para evitar esses surtos de violência. Entre 2 mil e 2,5 mil policiais estarão nas ruas, o que inclui reforços vindos de outros estados e da Polícia Federal alemã. Há ainda temores de que a atual crise no Oriente Médio possa acirrar ainda mais os ânimos.

“Por que a polícia não pode finalmente receber os meios legais para adotar as ações necessárias contra os que tomam parte nos atos excessivos de violência? E, por que não implementamos ainda a proibição à venda de fogos de artifício?”, indagou o sindicalista, lembrando que a comercialização dos fogos é proibida durante todo o resto do ano.

O sentimento é compartilhado pelo chefe da Associação das Brigadas de Incêndio da Alemanha (DFV), Karl-Heinz Banse. “O Estado deve assegurar que aqueles que atacarem [os trabalhadores dos serviços de emergência] sejam punidos com todo o rigor da lei. Isso é algo que ainda falta”, afirmou à agência de notícias DPA.

O diretor da ONG ambiental Deutsche Umwelthilfe (DUH), Jürgen Resch, também defendeu em declarações ao Rheinischen Post a proibição da venda de fogos de artifício.

“Precisamos pôr fim à pólvora nos fogos de artifício na noite de Ano Novo, e precisamos disso já”, observou, mencionando não somente os ataques aos serviços de emergência, mas também os danos causados a animais de estimação e aves selvagens.

Há anos a DUH pede a proibição das queimas de fogos, entre outros motivos, em razão da liberação de um grande número de partículas finas que agravam a poluição do ar.

“No dia 1º de janeiro, o ar em muitos lugares estará poluído com níveis de partículas finas que excedem significativamente os limites recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS)”, afirmou a entidade em carta enviada à ministra do Interior, Nancy Faeser.

Para os animais domésticos, selvagens e nas fazendas, as explosões geram alto nível de estresse, pânico e podem até levar à morte.

Resch contou que as autoridades se recusaram a conversar com o DUH sobre uma possível proibição – o que, segundo ele, teria o apoio da maioria dos alemães – e disse que a ministra Faeser tem apenas alguns dias para adotar essa medida.

“Se não o fizer, ela será a responsável por toda a violência, incêndios em casas e apartamentos, poluição do ar e pelos vários milhares de feridos”, afirmou o ambientalista.

Klaus Reinhardt, diretor da Associação Médica Alemã, também falou ao Rheinischen Post não apenas sobre a carga adicional às clínicas e prontos-socorros já lotados, mas também sobre os traumas que a queima indiscriminada de fogos pode gerar em pessoas que sobreviveram a guerras.

Ele disse que o objetivo não é impedir as comemorações do Ano Novo, mas defende que as “explosões incontroladas” não devam necessariamente ser parte delas.

Cidades adotam medidas próprias

Nenhum dos 16 estados alemães proíbe as queimas de fogos no Réveillon. Entretanto, em várias cidades há proibições parciais ou totais, com a adoção de regras diferentes.

Durante todo o ano, os fogos são proibidos em todo o território nacional, com a exceção da última noite de dezembro. Mesmo assim, as queimas são proibidas próximo a hospitais, casas de repouso, igrejas e de tradicionais casas alemãs em estilo enxaimel.

Além disso, o Artigo 1 da Lei de Explosivos do país afirma que os fogos – sejam eles rojões, baterias de fogos ou foguetes – somente podem ser acionados entre 31 de dezembro e 1º de janeiro por pessoas maiores de 18 anos.

Em algumas grandes cidades alemãs há proibições locais e temporárias em lugares específicos como as praças da região central e pontos tradicionais de celebrações públicas.

  • Em Berlim, cerca de 65 mil pessoas devem comparecer à maior festa popular da cidade, realizada entre o Portão de Brandemburgo e a Coluna da Vitória. Os participantes, porém, estão proibidos de levar seus próprios fogos de artifício. Em razão dos distúrbios no ano passado na capital alemã, haverá controles nos pontos de entrada, onde, pela primeira vez, será cobrado dez euros por visitante.
  • Os fogos estão proibidos no centro histórico de Munique, como já vinha ocorrendo nos anos anteriores. Já na parte histórica de cidades como Regensburg e Augsburg, as pessoas não podem nem sequer levar consigo itens de pirotecnia.
  • Em Frankfurt, os fogos de artifício estão proibidos para quem celebrar a passagem do ano na ponte Eiserner Steg, um ponto tradicional de comemoração. O motivo principal é o grande número de feridos que ocorre todos os anos. A polícia realizará controles dos dois lados da ponte.
  • Na cidade de Colônia, pela primeira vez, os fogos estarão proibidos em uma ampla área do centro às margens do rio Reno. Quem não obedecer estará sujeito a uma multa de até 200 euros (R$ 1.075). Entretanto, segundo a prefeitura, a lei municipal permite multas de até 50 mil euros para casos mais graves.

As cidades de menor porte, no entanto, costumam ignorar as proibições.




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Por: G1

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