O policial militar rodoviário atirou em Jéssica e depois tirou a própria vida em frente a um bar no bairro Ocian, em Praia Grande, no último sábado (29) – eles deixam um filho de três anos.
“O principal fator que faz com que uma mulher não procure ajuda é o medo, e a Jéssica tinha muito medo. E não era à toa, quase que ele a matou”
— Amanda Mesquita
De acordo com Amanda, a jovem havia procurado os serviços dela em fevereiro deste ano para entrar com uma ação de divórcio. Na ocasião, também foi registrado um BO por violência doméstica, ameaça, perseguição e injúria [ofender a honra e a dignidade].
“Ela tinha levado uma surra. Ele tinha batido muito nela. Ele quase a matou na porrada. Por conta disso, conseguimos a medida protetiva. Ele foi intimado em fevereiro e teve ciência da medida”, afirmou a advogada.
Segundo Amanda, quatro dias após Roberto ter ciência sobre a medida protetiva, em 17 de fevereiro, a Jéssica enviou uma mensagem dizendo que queria interromper o processo de divórcio.
No texto enviado por aplicativo de mensagens a vítima disse que havia conversado com o ex e com a família dela. Todos teriam decidido por uma separação de forma amigável, com o auxílio do advogado do sindicato que Roberto era associado. [veja a mensagem abaixo]
‘Ele quase a matou na porrada’, diz advogada de vítima morta pelo ex com um tiro na cabeça em Praia Grande — Foto: Arquivo pessoal
“A Jessica tinha muito medo dele [de Roberto], muito mesmo. Tanto que ela não saia nas fotos com o atual namorado. Ela tinha muito medo e entrava em pânico em sair nas fotos. Ela foi ao meu escritório para poder assinar o distrato [rescisão do contrato] e me contou que o comandante da polícia tinha ligado para ela, mas ela tinha medo de prejudicar o Roberto no trabalho, pois ele sempre foi muito violento”, relatou.
A advogada ressaltou que Jéssica teria saído de casa por conta da ‘surra’ que levou em fevereiro. Na ocasião, de acordo com Amanda, a vítima teria relatado que Roberto a aplicou uma ‘chave de braço’.
“Eu não sei o que ele falou para ela [para interromper o processo de divórcio]. A questão é que eles estavam juntos há mais de dez anos, e nunca foi um relacionamento tranquilo, sempre foi um relacionamento de violência”, afirmou Amanda.
‘Abalado’ com a separação
“Ele [o Roberto] estava emocionalmente muito abalado com a situação e estava usando de subterfúgio [pretexto] para se aproximar dela”, disse a pessoa próxima à família de Jéssica, que preferiu não se identificar.
Ainda de acordo com a pessoa próxima à família de Jéssica, o filho do casal deve ficar sob a guarda da irmã da vítima, que também é madrinha da criança.
O g1 foi informado também que há um posicionamento de familiares de Jéssica para que a situação seja noticiada como um ‘alerta’ para eventuais casos futuros. As famílias de Jéssica e Roberto, por sua vez, não desejam se posicionar sobre o ocorrido.
De acordo com o boletim de ocorrências, o policial foi até o endereço do atual namorado de Jéssica e, assim que o casal deixou o imóvel, parou o carro ao lado do namorado e começou a socá-lo no rosto.
O rapaz conseguiu imobilizar Roberto e percebeu que ele estava armado, momento em que tentou pegar a arma. Enquanto a briga se desenvolvia, testemunhas em um bar próximo interromperam a confusão e levaram o namorado para dentro do estabelecimento.
Quando o atual de Jéssica entrou no bar, ele e as demais testemunhas ouviram um disparo e, na sequência, viram o corpo da mulher no chão. Em seguida, Roberto atirou contra a própria cabeça.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e constatou a morte da mulher no local. O policial, no entanto, ainda estava com vida e foi levado ao Hospital Irmã Dulce, mas morreu na unidade de saúde. O caso foi registrado no DP Sede de Praia Grande.
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