“Primeira coisa, acima até da carteirinha da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), é se preocupar com a reputação […]. Quando eu digo cuidar da reputação, é desde cedo já pensar como que vai ser a sua advocacia daqui 1, 5, 10, 15, 20 anos”, disse o advogado durante um podcast sobre a esfera criminal do direito.
Tupinamba foi alvo da ‘Operação Munditia’ do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) realizada por agentes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Polícia Militar. Além do advogado, na Baixada Santista, o vereador Ricardo Queixão e a servidora pública Fabiana de Abreu Silva foram detidos em Praia Grande (leia mais abaixo).
O advogado é diretor da Câmara de Cubatão. Conforme apurado pelo g1, Tupinamba atuou na defesa do traficante de drogas André do Rap, apontado como um dos chefes do PCC e condenado a 25 anos por tráfico internacional. Ele está foragido e é procurado, inclusive, pela Interpol.
Advogado criminalista Aureo Tupinamba deu dicas sobre reputação durante podcast — Foto: Reprodução/YouTube
Em um vídeo publicado nas redes sociais, em novembro de 2023, Tupinamba afirmou que a reputação é, para ele, um princípio básico da advocacia. O advogado acrescentou ainda que esse é um conselho para os profissionais que estão iniciando na área.
“Como as pessoas vão te olhar, como você vai entrar na sala da OAB. Como você vai entrar em uma sala para uma audiência, como o juiz e o promotor vai te olhar, como eles vão te respeitar, se vão te respeitar”, afirmou advogado que, agora, está preso.
Ao g1, o advogado Marcelo Cruz, que representa Tupinamba, informou que o acompanhou na delegacia. “Ele se mostra sereno, pois afirma, categoricamente, que não tem envolvimento com nenhuma atividade irregular, muito menos ilícita”.
Cruz disse que solicitou informações dos autos para demonstrar “a atipicidade da conduta” de Tupinamba, que está à disposição das autoridades para esclarecer o que for necessário.
Em nota, a Câmara Municipal de Cubatão informou que tomou ciência da referida operação nesta manhã (16) e que está colaborando com as equipes de investigação, fornecendo todos os documentos solicitados pelas autoridades.
Também em nota, a Prefeitura de Cubatão informou que não foi citada na investigação que apura eventuais irregularidades em contratos da Câmara Municipal. Apesar disso, a administração municipal disse estar colaborando com o MP-SP, fornecendo documentos e informações solicitados.
A pasta acrescentou ainda que Fabiana de Abreu Silva ocupou cargo de confiança de assessora especial de políticas estratégicas e recentemente assumiu o cargo de secretária adjunta de Governo.
Fabiana, porém, foi exonerada nesta terça-feira. De acordo com a prefeitura, o objetivo é garantir imparcialidade as investigações e a defesa da servidora junto ao MP.
Vereador Ricardo Queixão (à esquerda) e advogado Aureo Tupinamba (à direita) foram presos em operação do MP-SP — Foto: Reprodução/TV Tribuna e Redes sociais
As equipes da Operação Munditia cumprem mandados de busca e apreensão em 42 endereços e 15 de prisão temporária em todo o Estado. Para isso, participam 27 promotores, 22 servidores e 200 policiais militares.
De acordo com promotores do MP, o grupo atuava de forma a simular a concorrência com empresas parceiras ou de um mesmo grupo econômico. Além disso, há indicativos da corrupção sistemática de agentes públicos e políticos (secretários, procuradores, presidentes de Câmara de Vereadores, pregoeiros etc.) e diversos outros delitos – como fraudes documentais e lavagem de dinheiro.
Ainda segundo o MP, as empresas do grupo têm contratos públicos que somam mais de R$ 200 milhões nos últimos anos. Alguns atendiam ao interesse do PCC, que tinha influência na escolha dos ganhadores de licitações e reparte os valores ilicitamente auferidos.
Diversas cidades do estado, entre elas, Cubatão e Guarujá, estão com contratos sob análise. Entre os mandados a serem cumpridos na Baixada Santista, três são de prisão temporária e cinco de busca e apreensão em Cubatão, Praia Grande e Santos.
Policiais do 15º BAEP e da Rota participam de operação do MP-SP em São Paulo nesta terça (16) — Foto: Acervo pessoal
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