Na prática, essa classificação pode comprometer a empregabilidade de militantes da organização junto a órgãos públicos ou a capacidade dessas pessoas de obterem porte de armas de fogo. Também significa que os agentes à frente da investigação terão mais poderes para colher provas contra a Junge Alternative.
A decisão se soma a de outros estados alemães que já chegaram à mesma conclusão a respeito da Junge Alternative, mas ainda não tem alcance nacional – em abril, a Proteção da Constituição estendeu a classificação a todos os escritórios na Alemanha da Junge Alternative, mas teve que recuar temporariamente porque o caso está em disputa judicial.
Os militantes estavam sob investigação dos agentes em Brandemburgo desde 2019. O próprio diretório estadual da AfD é monitorado como caso suspeito desde 2020. Pelas contas do órgão, Brandemburgo tinha no ano passado 730 extremistas de direita dentro da legenda e outros 90 dentro da militância jovem.
A Junge Alternative é presidida desde outubro do ano passado por um político com assento no Bundestag – o Parlamento Federal –, Hannes Gnauck. Ele e outros membros da militância jovem mantêm contatos com um instituto no estado da Saxônia-Anhalt acusado pelos agentes de manter “esforços extremistas” – ou seja, cometer atos com vistas a aniquilar valores fundamentais da ordem liberal-democrática. A investigação de parlamentares com mandato constituído pelos agentes de Proteção da Constituição, porém, só é autorizada em casos excepcionais.
AfD vai contestar decisão na Justiça
Ao anunciar a decisão nesta quarta-feira (12), o secretário para assuntos internos do estado de Brandemburgo Michael Stübgen afirmou que as posições da Junge Alternative (alternativa jovem, na tradução para o português) contradizem claramente a Constituição Federal e que isso teria sido verificado repetidas vezes em circunstâncias concretas. Por este motivo, explicou o político democrata-cristão, a organização representa um “perigo” para a juventude, a segurança pública e o regime democrático e de liberdades.
O diretório do partido em Brandemburgo, chefiado por Birgit Bessin, anunciou que levará o caso à Justiça. Bessin sugeriu que a ação “descarada” contra a Junge Alternative seria motivada pela falta de provas contra o diretório da AfD.
O Departamento Federal de Proteção da Constituição funciona como um serviço secreto voltado apenas para assuntos internos que possam ameaçar a ordem democrática alemã, o Estado de Direito e os direitos humanos – é o caso, por exemplo, de organizações possivelmente extremistas que atuam dentro do país.
Fundado em 2013 como um ajuntamento de direitistas desiludidos com a União Democrata Cristã (CDU), que chefiava o governo à época, e a política da União Europeia, a AfD se projetou nacionalmente com uma retórica nacionalista a partir da crise de refugiados em 2015, com a eclosão da guerra na Síria. Com o fim da pandemia, o partido atualizou seu discurso para incluir o debate climáticoe a guerra na Ucrânia.
O partido está sob observação dos agentes da Proteção da Constituição. Uma fração populista-nacionalista, Der Flügel (A Ala), já é considerada extremista de direita, e alguns de seus mais proeminentes líderes já foram acusados de flertar com o nazismo. Apesar disso, o partido goza atualmente de cerca de 20% de aprovação dos eleitores alemães.
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Por: G1
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