Os pacientes que fazem hemodiálise em uma clínica municipal em Praia Grande, no litoral de São Paulo, têm enfrentado problemas durante o tratamento devido à falta de acessibilidade. Segundo eles, embora a unidade conte com um elevador, este na maioria das vezes não funciona ou é usado para transportar objetos da unidade. Um aposentado amputado, inclusive, foi filmado pela filha enquanto era ajudado a subir 35 degraus para poder passar pelo procedimento. (veja o vídeo)
A supervisora Stephanie Souza dos Santos, de 28 anos, contou que o pai, Reginaldo Silva dos Santos, de 57, costuma ficar muito cansado após a sessão de hemodiálise e o fato dele ter que subir e descer escadas pode, a qualquer momento, terminar em acidente.
“Totalmente desumano. [Os pacientes] já passam por uma situação difícil, um tratamento complicado o qual debilita muito a saúde. Aí, quando chegam na clínica, encontram dificuldades de estrutura que impactam diretamente no tratamento deles”, reclamou.
O aposentado faz hemodiálise há 10 anos, mas, atualmente, é paciente da clínica Nefro PG, no bairro Boqueirão, em Praia Grande, e realiza o tratamento três vezes por semana. No procedimento, o paciente é ligado a uma máquina que filtra o sangue, fazendo o trabalho que deveria ser executado pelos rins.
Segundo Stephanie, o problema com o elevador persiste desde a inauguração da clínica, em 2016. “Arrumam, volta a funcionar e no mesmo dia quebra. Já ficou um mês sem funcionar”.
Mesmo com alguns avisos de limite de peso, ela contou que pacientes flagram funcionários usando o elevador para transporte de cargas.
“Meu pai é amputado, usa prótese, tem uma saúde muito debilitada, problema cardíaco, não consegue fazer esforço físico e não tem força para andar. Então, chegar lá e ter que enfrentar esse problema é complicado”.
Funcionários foram flagrados usando elevado para transporte de cargas pesadas em clínica de hemodiálise, em Praia Grande — Foto: Arquivo Pessoal
Além dos transtornos causados pela falta de acessibilidade na clínica, a supervisora reclama que o pai não conta com transporte municipal para levá-lo até o local para passar pelo procedimento. “Ele faz hemodiálise próximo à entrada de Praia Grande e mora perto da divisa com Mongaguá. Fica muito longe para ele. O que eles oferecem é o ônibus, mas ele não tem condições de pegar”.
“Meu pai não precisou ser carregado para subir e descer. Os enfermeiros não podem ajudar o paciente, o que acontece é que outros pacientes acabam ajudando porque ele não consegue subir sozinho, mas são pacientes que fazem tratamento também, que têm uma saúde debilitada”, finalizou.
Aposentado com amputação precisa subir escada para tratamento de hemodiálise em Praia Grande, SP — Foto: Reprodução
Em nota, a SPDM, que gerencia a Clínica Nefro PG, e a Secretaria de Saúde Pública de Praia Grande informaram que estão avaliando projetos para modernizar a estrutura do elevador da unidade.
De acordo com a SPDM, nenhum paciente fica sem a prestação do serviço quando ocorre a interrupção do funcionamento do elevador, pois todas as medidas são tomadas. A entidade informou, ainda, que, no momento, o elevador está em pleno funcionamento.
Com relação ao transporte, a Secretaria de Saúde de Praia Grande explicou que entrará em contato com o paciente para avaliar o caso.
Filha comemorou ao ver pai sorrindo com prótese provisória, que conseguiu comprar por meio de doações e empréstimo — Foto: Arquivo Pessoal
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