Um artista de 38 anos, natural de Guarujá, no litoral de São Paulo, estreia uma peça solo sobre o autor Lima Barreto no Sesc Pinheiros, na noite desta quinta-feira (11) — as apresentações vão até 9 de fevereiro. ‘A Solidão do Feio’ é estrelada e dirigida por Santiago Kuanza, que foi criado em uma colônia de pescadores na Praia do Perequê e se formou na Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo (USP).
Ao g1, Santiago contou que o autor é uma inspiração para ele há bastante tempo. Ele acredita que a literatura criada por Barreto se aprofunda sobre problemas que se avolumaram no século XX, no Rio de Janeiro, pela ausência de políticas inclusivas para a população dos africanos e seus descendentes pós escravidão.
“O Lima Barreto me interessa muito enquanto um autor negro, que por muito tempo na história do Brasil não era lido como um autor negro, passava por um processo de embranquecimento”.
Ele considera que o escritor pré-modernista tinha como missão olhar o reflexo da escravidão da sociedade brasileira que se erguia sobre o ‘escudo’ da República.
Santiago considera que Barreto é classificado, muitas vezes, como um autor que enfrentou um questões psiquiátricas e tinha vícios em bebida. A montagem teatral tem como prerrogativa desenhar a sensibilidade, intimidade, medos e sonhos de futuro do autor, envolta pelo recorte da militância.
O projeto será apresentado inicialmente na capital paulista, mas o artista quer fazê-lo circular, inclusive, no litoral. Com exceção de Santos, ele acredita que as cidades da região sejam negligenciadas em relação à cultura.
Peça estreia nesta quinta-feira (11) em São Paulo — Foto: Pedro Jackson
O autor o acompanhou durante a trajetória acadêmica e, hoje, é alvo de um de seus trabalhos. Além da formação na USP, Santiago também é graduado em Sociologia e Política pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESP-SP).
“A Solidão do Feio” estreia no Sesc Pinheiros, em São Paulo, às 20h. A temporada vai até o dia 9 de fevereiro, de quinta a sábado, sempre no mesmo horário. No dia 25 de janeiro, não haverá sessão, e no dia 9 a sessão será às 19h.
Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu em 13 de maio de 1881 no Rio de Janeiro e morreu 1 de novembro de 1922. O jornalista e escritor brasileiro publicou romances, sátiras, contos, crônicas e periódicos no início do século XX. Um de seus livros mais comuns é “O Triste Fim de Policarpo Quaresma”, publicado em 1915 e consagrado como um dos maiores clássicos da literatura.
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