Uma mulher, santista e cientista é responsável pelo desenvolvimento da pesquisa de uma vacina contra a malária, que, no Brasil, é uma doença endêmica [mais frequente] na região amazônica. Stefanie Lopes, vice-presidente de Pesquisa e Inovação da Friocruz Amazônia, falou sobre os avanços do imunizante, que está em fase de testes pré-clínicos — etapa anterior à aplicação em humanos.
A pesquisa pelo imunizante contra o parasita vivax, que é o mais comum no país, avança em parceria com a Universidade de Kanazawa, no Japão. “Eles desenvolveram uma formulação, que é essa vacina que estamos nos apoiando na testagem pré-clínica”.
Stefanie contou que os modelos usados pelos pesquisadores da universidade japonesa, inclusive, são usados nas vacinas contra a Covid-19. “É a abordagem de usar vírus como os carreadores do que é a vacina, do antígeno vacinal”.
“Eles trabalham com a malária falciparum que é a predominante na África [forma mais grave], e me convidaram para, em parceria, olharmos para a malária vivax que é a predominante na América, no Brasil e também no sudeste asiático”, relatou a pesquisadora.
Stefanie Lopes esteve no Japão apresentando os resultados parciais da pesquisa de vacina contra malária vívax — Foto: Divulgação/Fiocruz Amazônia
Durante o bate-papo, ela falou sobre a dificuldade de se fazer pesquisa no país sem recursos. “A gente sentiu um desfalque mesmo e uma até sabotagem com muita migração de cérebros (cientista). Diversos colegas meus foram para fora do país nesse processo (político de corte de investimentos) para continuar fazendo ciência porque sem recurso financeiro a ciência não caminha”.
Para ela, o país precisa mudar a postura para não virar “refém” de soluções vindas de fora do país. “A gente precisa desenvolver no país para ter autonomia. Pensamos que não, mas uma guerra na Ucrânia afeta, imensamente qualquer questão do país.
E continua: “Precisamos começar a pensar mais em ter essa autonomia. Acho que há um movimento e uma esperança de que isso passe a ser prioritário. E precisamos que a população entenda isso para lutar por isso também […] É a força popular que vai fazer a gente poder investir mais”.
As pessoas infectadas pelo parasita causador da malária são mais atraentes que os indivíduos saudáveis para os mosquitos vetores da doença — Foto: WIKIMEDIA COMMONS/CDC/JAMES GATHANY
Essa doença infecciosa é transmitida a partir da picada de mosquitos da família Anopheles, que são muito comuns em regiões tropicais e úmidas. Em algumas partes do Brasil, eles são conhecidos como mosquito prego.
O agente causador é protozoário Plasmodium e há cinco tipos diferentes dele. Os mais comuns são o falciparum, o vivax e o malariae.
O parasita causador da malária tem uma capacidade de mutação muito grande. E isso faz com que seja quase impossível desenvolver imunidade após a infecção.
Após entrar no organismo humano, esse parasita viaja pela corrente sanguínea e se instala nas células do fígado. Após um tempo de maturação, ele volta ao sangue e invade as células vermelhas (também conhecidas como hemácias).
Ao longo desse processo, as células hepáticas e sanguíneas são destruídas, o que provoca sintomas como febre alta, dor de cabeça, calafrios, dor no corpo e perda de apetite.
Na sequência, o mosquito Anopheles pica a pessoa com malária e suga o sangue infectado, criando novas cadeias de transmissão na comunidade.
O Relatório Mundial sobre Malária, da Organização Mundial de Saúde (OMS), estima que 241 milhões de pessoas foram diagnosticadas em 2020 e, aproximadamente, 627 mil perderam a suas vidas devido à doença. Já a Agência de Saúde Global (Unitaid) afirma que 70% dessas são crianças com menos de 5 anos.
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