O caso aconteceu em junho. Adriana esperava sair do hospital com a filha no colo, mas a bebê nasceu morta pouco tempo depois dos exames constatarem que a menina estava bem de saúde. Ela acusa a unidade de negligência médica, já que pediu para que fosse feita uma cesárea [parto por cirurgia], mas foi orientada a ter parto normal.
Lunna Maria é uma ‘bebê arco-íris’, como são chamadas as crianças que nascem após tentativas de gestação sem sucesso, geralmente marcadas por abortos espontâneos ou mortes prematuras, como é o caso de Liz Maria, primeira filha de Adriana.
“A perda da Liz foi uma prova muito grande, um esforço enorme para não enlouquecer, não entrar em uma depressão e conseguir continuar. Foi muito difícil […]. A Lunna trouxe cor e muita alegria depois de um sofrimento que ninguém merece passar”.
À esquerda, ultrassonografia da Lunna Maria. À direita, exame da Liz Maria — Foto: Arquivo Pessoal
Adriana contou ao g1 que demorou para contar à família e procurar um médico quando descobriu a segunda gravidez. Apesar de estar saudável fisicamente, ela afirmou que estava destruída emocionalmente e temia viver o luto de perder uma filha novamente.
Na primeira gestação, Adriana implorou para fazer uma cesárea e, quando conseguiu, a bebê nasceu morta. Desta vez, foi diferente. Assim que explicou como foi a sua experiência, ela foi internada com facilidade para a cirurgia no Hospital Santo Amaro (HSA).
O final da gravidez de Lunna, de acordo com a Adriana, foi mais tranquila. O parto, no entanto, ela descreve como uma “cena de terror”, com medo do que poderia acontecer com a segunda filha. Adriana diz que só se lembra de algumas partes.
“Eu só consegui respirar quando ouvi o choro dela. Eu falo que ela não nasceu chorando, nasceu gritando e foi um alívio muito grande. Quando a gente lembra do parto da Liz, isso fez muita diferença. Eu lembro de sentir que tinha algo errado, porque ela não chorou. Mas, a Lunna nasceu chorando com um grito de vida”, finalizou.
Moradora de Guarujá (SP) ficou grávida de Lunna seis meses depois de ter uma filha que nasceu morta — Foto: Arquivo Pessoal
A ginecologista e obstetra Camilla Pinheiro explicou à reportagem que ‘bebê arco-íris’ é o nome dado às crianças que nascem após um aborto ou morte. De acordo com especialista, o fenômeno representa a felicidade após um luto.
Camilla acrescentou que a gestação de um ‘bebê arco-íris’ é um momento delicado na vida da mulher, em que ela vive um misto de emoções. A felicidade da chegada de um filho e o sofrimento de reviver a morto da criança que veio antes.
“É de suma importância entender que essas mulheres precisam de um suporte psicológico e de um acompanhamento obstétrico muito delicado que entenda todas as emoções e, principalmente, essa variação de humor”, finalizou a especialista.
Logo após a morte da primeira filha de Adriana, a família registrou um boletim de ocorrência para exigir explicações do hospital. No momento, de acordo com o advogado Airton Sinto, que defende a mãe, o inquérito policial aguarda o Ministério Público (MP).
De acordo com o advogado, o MP questionou se havia uma sindicância no Conselho Regional de Medicina (CRM), em São Paulo, o que já está estabelecido. Além disso, Airton afirmou que entrará com uma ação civil contra os profissionais envolvidos e o hospital, solicitando uma indenização à Adriana.
Em nota, o Complexo Hospitalar dos Estivadores informou que segue prestando os esclarecimentos solicitados pelas autoridades responsáveis.
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