Biden surpreendeu em discurso afiado com notas nacionalistas

Em alguns momentos, no púlpito do plenário do Capitólio, foi vaiado e chamado de mentiroso, mas revidou com respostas contundentes. Biden estava afiado no segundo discurso sobre o Estado da União e muito à vontade no cenário em que frequentou por 36 anos.

Desde o início, o presidente imprimiu o tom eleitoral, professando o mantra de “restaurar a alma desta nação”. Diante do Congresso dividido, ele pintou um quadro otimista do país sob sua gestão: em dois anos, o país se livrou da Covid e bateu recordes em empregos, renasceu com projetos de infraestrutura e na construção de fábricas de microchips.

A economia e as questões domésticas dominaram a preleção; desta vez, Biden relegou a política externa para o segundo plano. Demorou para abordar a guerra sangrenta da Rússia na Ucrânia e sequer mencionou as vítimas do terremoto que abala a Turquia e a Síria.

O presidente estava focado nos operários e trabalhadores sem diploma universitário e seguiu seu antecessor Donald Trump, ao propagar as ferramentas do nacionalismo econômico. Bradou contra as grandes empresas que não pagam impostos e as que exageram nos preços da insulina.

Até as companhias aéreas entraram no radar do presidente, por cobrarem taxas extras pela escolha de um assento. Falou diretamente para os americanos, a quem relatou que os republicanos se empenharam para reduzir, com cortes, os gastos do sistema de saúde e Previdência Social.

Quando foi desmentido e xingado de mentiroso, Biden retrucou rapidamente, em seu diálogo aberto com os opositores: “Gosto da conversão. Todos concordamos; então, não cortaremos a Previdência Social ou o Medicare.” O plenário veio abaixo.

Quem achou que veria um presidente cansado e apático, se surpreendeu. Pelo desempenho desta terça-feira, Biden se apresentou como um guerreiro combativo e procurou demonstrar que, aos 80 anos, está pronto para cair na estrada.