Ele se tornou popular por ter domado a criminalidade e a atuação das gangues, conhecidas por maras, que dominavam o país nas últimas três décadas e imprimiam, em 2015, a taxa de 107 homicídios para cada 100 mil pessoas.
Parte das medidas anunciadas no Equador por Daniel Noboa — criação de dois gigantescos centros penitenciários e compra de navios-prisão — se espelha no modelo aplicado por Bukele. O presidente salvadorenho construiu o Centro de Confinamento do Terrorismo, uma megaprisão de segurança máxima. Classificada por ele como a maior do mundo, abriga mais de 100 presos em cada uma de suas minúsculas celas sem colchões.
A redução da criminalidade em El Salvador — para 2,3 homicídios por 100 mil habitantes em 2023 — foi obtida às custas do controle das instituições governamentais e do atropelo dos padrões democráticos.
O país está desde 2022 em estado de exceção, já renovado por 11 vezes. Bukele mandou 70 mil pessoas para as prisões, suspeitos de filiação às gangues, destituiu o procurador-geral e substituiu os juízes da Suprema Corte por aliados.
Agentes da polícia de El Salvador ocupam as ruas desde a declaração de um “Estado de exceção” — Foto: Salvador Melendez/AP
O encarceramento indiscriminado de salvadorenhos levantou críticas da Comissão Interamericana de Direitos Humanos e outras entidades defensoras de direitos civis. As denúncias se somam à ausência de processos legais, prorrogando indefinidamente o tempo de prisão, e aos abusos e às condições precárias a que os presos são submetidos.
Bukele responde com desdém às críticas de que transformou o país num Estado policial:
“De que lado eles estão? Das pessoas honestas ou dos criminosos?”
A dura abordagem ao crime organizado e o modelo populista fizeram de Bukele uma espécie de salvador da pátria. Ele está prestes a assegurar, em fevereiro, a reeleição, embora o segundo mandato presidencial em El Salvador seja inconstitucional.
Pedestre passa diante de mural com a imagem do presidente de El Salvador, Nayib Bukele, em San Salvador — Foto: Salvador Melendez/AP
Para concorrer, o presidente, de 42 anos, se vale de uma artimanha decretada pelo Tribunal Constitucional, permitindo mandatos consecutivos caso o presidente renuncie a seis meses das eleições. Bukele obedeceu à nova regra, tirou licença e foi substituído provisoriamente no comando do país por seu secretário particular.
Em plena campanha eleitoral, anima os comícios com o slogan “vote em mim ou os gangsteres serão libertados” e propaga seu modelo autoritário para outros países.
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Por: G1
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