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Campanha de desinformação esquenta o segundo turno da Turquia

today27 de maio de 2023 8

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A campanha de desinformação empreendida com vigor pelo governo faz dele o favorito no segundo turno neste domingo (28).

Há 20 anos no comando do país, Erdogan assegurou o controle da mídia e usa os meios necessários para difamar seu adversário, Kemal Kilicdaroglu, que lidera a coalizão de seis partidos opositores e pela primeira vez, reuniu as condições para derrubá-lo.

Embora tenha ficado 5 pontos atrás do presidente no primeiro turno, a oposição obteve o melhor desempenho em duas décadas de primazia do chamado sultão turco na vida política do país.



Montagem mostra Recep Tayyip Erdogan e Kemal Kilicdaroglu em atos de campanha na Turquia em maio de 2023 — Foto: Reuters

A empreitada de falácias esquentou a campanha. Como atestou o International Press Institute, houve um “nível sem paralelo de desinformação organizada” nestas eleições.

Uma gravação, comprovada como falsa, com imagens pinçadas de um site pornô, tiraram o candidato Murrahem Ince da disputa, às vésperas do primeiro turno.

A propaganda enganosa que mais chamou a atenção foi um vídeo exibido durante um comício de Erdogan, em que um dos líderes do banido Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) oferecia apoio a Kilicdaroglu.

Ativista curdo segurando a bandeira do Partido dos Trabalhadores do Curdistão, PKK, durante protestos em Paris no dia 24 de dezembro de 2022 — Foto: Lewis Joly/AP

O presidente perguntou à multidão se votaria num candidato respaldado por uma organização terrorista, reforçando, assim, a mensagem de que a oposição é branda com o terror e mantém vínculos com o movimento curdo.

A ONG Teyit, que se dedica à verificação de fatos, desmascarou a gravação como uma montagem de vídeos separados e editados como um só. Kilicdaroglu, por sua vez, entrou com uma ação de difamação contra o presidente, pedindo US$ 50 mil pela exibição do vídeo.

Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, durante discurso em Istambul — Foto: Murad Sezer/REUTERS

Cartazes falsos com o logotipo do Partido Republicano do Povo, a maior legenda opositora, foram espalhados pelas cidades, abonando a milícia curda YPG como uma organização não terrorista.

O gesto do coração, que Kilicdaroglu faz com as mãos, ganhou outra falsa interpretação: a de que foi concebido por Josef Stálin.

Apoiadora do candidato turco Kemal Kilicdaroglu faz famoso símbolo de coração com as mãos — Foto: Yves Herman/REUTERS

As frequentes associações de conivência ao terror, propagadas pela campanha presidencial, irritaram o candidato de oposição, que mudou de estratégia, abandonou o tom conciliatório e passou a ser mais agressivo nas duas semanas que lhe restavam para enfrentar o presidente.

“Erdogan, foi você quem negociou com terroristas a portas fechadas. Quem é você e o que lhe dá o direito de questionar meu patriotismo?”

De olho nos nacionalistas indecisos, Kilicdaroglu partiu para a ofensiva em outro tema considerado sensível para os eleitores: os 4 milhões de refugiados sírios, que ele diz serem 10 milhões e promete enviar de volta ao país de origem.

Candidato a presidência da Turquia, Kemal Kilicdaroglu, durante discurso a apoiadores em 14 de maio de 2023 — Foto: Murad Sezer/REUTERS

As denúncias de interferência russa nas eleições permearam o discurso do opositor, que atribuiu montagens, deep fakes e gravações a atores russos ligados ao Kremlin.

Antes mesmo do primeiro turno, ele mandou um alerta à Rússia pela tentativa de manter Erdogan no poder. “Se a Rússia quer a nossa amizade depois de 15 de maio, tire as mãos do Estado turco.”




Todos os créditos desta notícia pertecem a G1 Mundo.

Por: G1

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