Segundo a PF, Mattias é dono e controlador de entidades que se qualificam como Organizações Sociais (OS). A corporação acrescentou que elas firmavam contrato de gestão com as prefeituras para atuarem na administração da Saúde.
No depoimento à Polícia Federal, obtido pela TV Tribuna, emissora afiliada à Rede Globo, Mattias detalhou pedidos milionários de propina por parte das duas administrações municipais. Ele alegou ter sido diretor da Organização Social (OS) Revolução durante seis anos e firmado contratos públicos em cidades no interior de São Paulo. Leia o posicionamento das prefeituras no fim desta matéria.
Segundo o empresário, dois contratos foram firmados com a Prefeitura de Cubatão, um para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Jardim Casqueiro e outro para “atenção básica”. No depoimento, ele relatou que os acordos foram feitos na gestão da ex-prefeita Márcia Rosa (PT).
Os contratos, ainda segundo Mattias, permaneceram durante nove meses no período de posse de Ademário Oliveira. O empresário alegou que o atual prefeito teria pedido R$ 100 mil na época para campanha política e mais R$ 30 mil mensais até o final do acordo. O pagamento, segundo ele, era feito em dinheiro para “Cesar”, que seria o chefe de gabinete de Cubatão, Cesar Silva Nascimento, segundo o declarante.
Almir Mattias (à direita) alega ter feito pagamento de propina para o Ademário Oliveira (à esquerda) — Foto: A Tribuna Jornal e Reprodução/Redes Sociais
À PF, o empresário relatou, ainda, que Ademário Oliveira chegou a oferecer a continuidade da gestão da UPA do Jardim Casqueiro pela quantia mensal de R$ 30 mil. Porém, para isso, ele deveria trocar de Organização Social.
A gestão foi passada para a OS Imegas, a qual o empresário nega participação. Mesmo assim, ele disse saber que a próxima a ser contratada será a OS Caminho de Damasco, que, ainda de acordo com o depoimento de Mattias, vai gerar vantagem ilícita para o atual prefeito por conta do contrato.
No depoimento, o empresário afirmou também que foi diretor comercial da OS Pró-Vida, responsável por administrar unidades de saúde de Guarujá (SP). Mattias confirmou à PF as denúncias de pagamento de propina que levaram o prefeito Válter Suman para a cadeia em setembro de 2021.
Segundo o declarante, inicialmente, o político teria pedido a ele R$ 1 milhão pela contratação. A ‘oferta’ teria sido negada por Mattias, e o contrato teria sido iniciado com o empresário pagando entre R$ 70 e R$ 80 mil mensais de propina para o prefeito.
Além disso, o empresário e cantor sertanejo revelou detalhes sobre um contrato emergencial firmado com a Pró-Vida para a colocação de tendas para o tratamento de Covid-19 ao lado da UPA Rodoviária. O acordo seria de aproximadamente R$ 1 e R$ 2 milhões, e que o prefeito teria pedido vantagem indevida de R$ 500 a R$ 700 mil mensais.
Almir Mattias (à direita) alega ter feito pagamento de propina para Válter Suman (à esquerda) — Foto: Matheus Tagé/A Tribuna Jornal e Reprodução/Redes Sociais
Mattias alegou não ter fechado esse acordo, mas revelou um pagamento de R$ 200 mil entregues nas mãos de “Fabrício”, que seria o chefe de gabinete de Guarujá, Fabricio Henrique Maia, também investigado em operação da PF.
Almir Mattias disse ter entregado mais de R$ 2 milhões em propina para Válter Suman, a esposa dele, Fabricio e o ex-secretário de educação, Marcelo Nicolau.
O que diz a Prefeitura de Cubatão
Por meio de nota, o prefeito de Cubatão (SP), Ademário Oliveira, e o secretário de governo, César Nascimento, alegam que as acusações são falsas e infundadas. Além disso, afirmam que “nunca receberam qualquer tipo de vantagem indevida”.
A Prefeitura de Cubatão informou também que a organização social já prestava serviços antes do ‘Governo Ademário’ assumir, em 2017. A nota termina dizendo que o prefeito e o secretário estão colaborando com as investigações.
O que diz a Prefeitura de Guarujá
Também por meio de nota, a administração municipal de Guarujá informou que investigou irregularidades cometidas pela “Pró-Vida” em 2021, que acabou com a desqualificação da organização social. Isso teria acontecido três meses antes da ‘Operação Nácar’ e, ainda segundo a prefeitura, impediu que a organização volte a contratar com qualquer esfera do poder público.
O município conclui que constatou irregularidades, como atraso no pagamento de salários e falhas na prestação de contas, situações que motivaram uma ação civil pública contra a “Pró-Vida”, que pede o ressarcimento aos cofres públicos de R$ 150 milhões.
Segundo a PF, Mattias é empresário, dono e controlador de entidades que se qualificam como Organizações Sociais. Uma delas foi contratada para gerenciar o atendimento nas principais unidades de saúde de Guarujá entre os anos de 2018 a 2021.
As OS’s firmavam contrato de gestão com as prefeituras para atuarem na administração da Saúde, realizam contratações públicas de modo simplificado e acabam firmando contratações superfaturadas. Os recursos por serviços não prestados são repassados para empresas fantasmas.
De acordo com a Polícia, Cleide Rosa da Silva, esposa de Almir, é coparticipante na organização criminosa, sendo a pessoa que controla a movimentação bancária da empresa por onde foi desviada verba pública e é feita a lavagem de dinheiro.
PF de Santos prende Almir Mattias em operação contra fraudes na compra de respiradores para Covid-19 — Foto: Arquivo pessoal
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