A Ucrânia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) já rejeitaram a proposta (veja mais abaixo).
“Todas as partes devem apoiar a Rússia e a Ucrânia a trabalhar na mesma direção e retomar o diálogo direto o mais rápido possível”, declarou o Ministério das Relações Exteriores chinês, em um documento de 12 pontos para uma “solução política” para o conflito.
A China pediu a ambos os lados que concordem com uma redução gradual dos combates e disse que o conflito não beneficia ninguém.
Na última semana, Rússia e China começaram a ensaiar uma possível parceria que, para o Ocidente, pode ser um indício de que Pequim vai se alinhar a Moscou ao longo deste ano na guerra.
No comunicado, que coloca panos quentes no temor dos países ocidentais, Pequim também rejeitou o uso de armas nucleares, dias depois que o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou a suspensão de sua participação em um tratado de desarmamento nuclear com os Estados Unidos.
“As armas nucleares não devem ser usadas e as guerras nucleares nunca devem ser travadas. A ameaça ou uso de armas nucleares deve ser combatida”, acrescentou o documento.
A China também afirma que as sanções contra a Rússia só deveriam ser impostas se fossem endossadas pelo Conselho de Segurança da ONU —a Rússia faz parte do conselho e tem poder de veto.
“A China se opõe a sanções unilaterais não autorizadas pelo Conselho de Segurança da ONU. Países relevantes deveriam parar de abusar das sanções unilaterais e da jurisdição à distância em outros países”, afirma o texto.
Os chineses durante o conflito
Na prática, o plano é uma repetição do que a China tem dito desde que a Rússia invadiu a Rússia, em 24 de fevereiro do ano passado.
A China tentou se posicionar como parte neutra no conflito, embora mantenha laços com Moscou, seu aliado estratégico.
Na última semana, no entanto, a possível parceria da China com a Rússia deixou de ser uma possibilidade que poderia se concretizar ao longo de 2023 para um cenário cada vez mais claro.
Na terça-feira (21), o presidente russo, Vladimir Putin, defendeu abertamente – pela primeira vez desde o início da guerra – uma parceria mais efetiva com Pequim contra o Ocidente.
Horas depois, funcionários dos governos dos dois país afirmaram que o líder chinês, Xi Jinping, irá a Moscou nos próximos meses para uma reunião bilateral com o presidente russo – também a primeira desde o início da guerra.
No dia seguinte, o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, se reuniu na capital russa na quarta-feira (22) com Putin e seu ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, durante uma visita para apresentar sua “solução política” para a guerra.
Desde o início da invasão russa e até agora, a China ofereceu apoio diplomático e financeiro a Putin, mas se absteve de qualquer envolvimento militar ou envio de armas ao aliado.
Exército russo invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022
Zelensky elogia comunicado, mas ucranianos rejeitam proposta
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse nesta quinta (23) que não tinha visto o plano de paz da China e queria se reunir com representantes de Pequim para discutir a proposta antes de oferecer seus pontos de vista.
“Acho que é um fato muito positivo em geral que a China comece a falar sobre a Ucrânia e a enviar sinais”, disse Zelensky.
Um assessor de Zelensky afirmou que qualquer plano para acabar com a guerra tem que envolver a retirada das tropas russas para as fronteiras da Ucrânia em 1991, quando a União Soviética entrou em colapso.
“Qualquer ‘plano de paz’ apenas com cessar-fogo e, como resultado, uma nova linha de delimitação e ocupação contínua do território ucraniano não é sobre a paz, mas sobre o congelamento da guerra, uma derrota ucraniana, (e os) próximos estágios do genocídio da Rússia“, escreveu o conselheiro político Mykhailo Podolyak.
“A posição da Ucrânia é conhecida – retirada das tropas russas para as fronteiras de 1991.”
O plano chinês também não foi satisfatório para a Otan.
“A China não tem muita credibilidade, porque não foi capaz de condenar a invasão ilegal da Ucrânia“, disse o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.
Publicar comentários (0)