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Cineasta brasileira faz filmes sobre a cultura americana que Hollywood ignora

today5 de março de 2023 6

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Com essa rica bagagem multicultural, ela acabou ficando nos EUA, onde desenvolve um cinema independente admirado em outras regiões do mundo

Autora de ficção e documentário em curta e longa-metragem, Ivete faz seus filmes em inglês.

Ela conta que gosta de mostrar “coisas lindas que o povo dos Estados Unidos não acha lindo”, mas que para ela representam mostras de cultura admiráveis. “Esse interesse sobre a cultura dos Estados Unidos faz com que meus filmes tenham projeção no mundo inteiro”, afirma.



“Sempre faço filmes com um espírito humano que qualquer pessoa, em qualquer país, em qualquer cultura, pode se identificar. Por exemplo, a vontade que todos temos de fazer coisas, de chegar a um lugar melhor do que as condições em que vivemos”, explica a realizadora.

Enquanto muitos cineastas que atuam no mercado do filme independente norte-americano fazem produções para o mercado interno, Ivete Lucas faz filmes “para o mundo inteiro” apreciar. 

Ter morado em três países, falar diversas línguas e ter tido a vida impregnada pelas culturas brasileira, mexicana e norte-americana expandiram os sentidos da cineasta.

“Eu digo que escuto o que está acontecendo ao meu redor e admiro. Faço parte dos lugares onde eu vou e depois traduzo essas coisas em linguagem cinematográfica”, destaca. Essa sensibilidade foi adquirida ao longo da trajetória de imigração. Quando alguém com uma história de vida semelhante fala que é difícil não ser de lugar nenhum, Ivete Lucas discorda.

“Se a gente vê isso de maneira redutiva, às vezes fica triste. Mas se pensarmos que somos de todos os lugares, que estamos amalgamando, juntando todas essas culturas em uma pessoa, na verdade nós temos muito o que dar ao mundo”, afirma com convicção.

A escolha de se expressar por meio da linguagem cinematográfica acabou sendo uma decorrência natural de tantas mudanças.

“Quando eu descobri as imagens, descobri uma maneira de me comunicar instantaneamente entre todas as minhas culturas, porque eu sou brasileira, mexicana e americana agora. Foi a maneira mais natural de pôr numa conversa as coisas que eu não estava vendo”, recorda.

Mas o que a cineasta não via e tinha vontade de mostrar?

“Quando eu via o cinema de Hollywood, eu falava – mas essas pessoas não parecem a minha mãe, não parecem a minha avó. Essas pessoas têm muita cirurgia plástica, têm uns corpos que a gente nunca vai ter, e eu preciso criar imagens que mostrem pessoas como a minha mãe, como a minha avó brasileira que trabalhava no campo, que trabalhava numa fazenda de café, que só estudou até a segunda série, mas que era uma pessoa maravilhosa, com muita cultura”, ressalta Ivete.

“Meus filmes falam de pessoas que vivem em outras faixas econômicas e culturais, mas que estão criando cultura”, resume. 

Entre as produções selecionadas para festivais internacionais estão um grupo de curtas sobre a juventude americana realizados em Pahokee, cidade nos pantanais da Flórida.

Neste cenário, Ivete Lucas e seu companheiro, Patrick Bresnan, filmaram The Send-Off, The Rabbit Hunt, documentário sobre a caça de coelhos, e Skip Day, vencedor em 2018 da Quinzena de Realizadores do Festival de Cannes, entre outros. No site da diretora, a maioria dos curtas-metragens pode ser visualizada gratuitamente.

Imersão em comunidade nudista

Ivete Lucas faz atualmente uma turnê internacional para exibir o documentário Naked Gardens, filme sobre uma comunidade de nudistas que vivem em família no sul da Flórida. Para documentar esse modo de vida original, ela fez uma imersão entre as famílias.

Participar de festivais na Europa é sempre enriquecedor para a cineasta pela diversidade de culturas representadas nas telas.

Na avaliação de Ivete Lucas, a linguagem cinematográfica de Hollywood não é ruim, é boa. “Mas é uma linguagem quase que publicitária, que busca vender o que é bonito e legal nos Estados Unidos”, diz sem muito entusiasmo. Ela prefere fazer filmes que possam “participar de um diálogo sobre nossa humanidade”.

A motivação da brasileira é contrariar as forças que tentam separar as pessoas umas das outras.

“Eu não quero vender nada, quero mostrar coisas verdadeiras. Acho que é uma coisa espiritualmente mais elevada do que a linguagem publicitária. Então, me interessa mais a conversa cinematográfica que existe aqui na Europa, porque é tanto sobre isso como sobre evoluir. Como utilizamos o cinema para nos expressar de uma maneira mais profunda”, conclui a diretora.




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Por: G1

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