Christianne Ireland cresceu acompanhando o pai, Innes Ireland, nas pistas de corrida, passando seus dias com outros campeões da categoria, como Stirling Moss e Graham Hill.
Segundo ela, o voluntariado em um projeto de horta comunitária salvou sua vida.
Relembrando os primeiros anos de convivência com o pai, ela diz que era como “viver num circo”.
“Stirling [automobilista britânico que foi quatro vezes vice-campeão da Fórmula 1] era o melhor amigo dele. Frank Williams [fundador e dirigente da equipe de Fórmula 1 Williams] aparecia e íamos jantar na casa de Stirling. Eu era colocada no carro e partíamos”, lembra ela.
“A porta de todos estava aberta, ao contrário da Fórmula 1 agora.”
Mas depois de anos dirigindo carrões e viajando pelo mundo, ela acabou com apenas uma mala na porta de um abrigo para pessoas em situação de rua na cidade britânica de Andover, no sul da Inglaterra.
“Foi como cair de uma torre de marfim”, diz ela.
Christianne é filha do automobilista britânico Innes Ireland, campeão do Grande Prêmio de Fórmula 1 em 1961, quando ela tinha três anos — Foto: Arquivo pessoal
Na época ela tinha 58 anos, havia enfrentado dois divórcios, era dependente de álcool e diz que não teve escolha a não ser deixar sua antiga casa em Berkshire para viver num abrigo.
“A partir das 8h da manhã, tinha que sair do abrigo. Não sabia viver nas ruas. Não conhecia ninguém”, diz ela.
“A maior parte do meu dia era dedicado a tentar garantir que eu não bebesse, porque assim que eu começava, perdia o controle.”
Como parte de sua recuperação do alcoolismo, Christianne foi incentivada a atuar como voluntária em uma instituição de caridade.
Ela começou a colaborar em um pequeno lote agrícola em Andover.
“Nos dias em que estava muito mal e queria sair e pegar uma bebida, bastava colocar um pé na frente do outro e ir até a horta”, lembra ela.
Christianne e pais viviam vida de riqueza — Foto: Arquivo pessoal
A horta logo deu a ela um vislumbre de esperança, e, depois de alguns meses, Christianne conseguiu encontrar um emprego e alugar um apartamento.
Agora, a mulher de 65 anos trabalha como gerente de apoio na instituição de caridade onde atuava como voluntária e ajuda a supervisionar um projeto de doação de alimentos para pessoas necessitadas.
“Cresci com nossa horta”, diz ela.
A chegada ao abrigo para sem-tetos foi um dos períodos mais difíceis da vida de Christianne.
Mas ela também acredita que perder tudo a tornou uma pessoa melhor.
“De certa forma, olhando para trás, vejo [essa experiência] como a de uma cobra que troca de pele. E, então, me encontrei”, diz ela.
Christianne incentiva outras pessoas a considerarem o voluntariado como uma resolução de Ano Novo.
“Nunca é tarde para fazer uma mudança. Basta continuar colocando um pé na frente do outro e as coisas acontecerão”, acrescenta.
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