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Confeiteira larga ‘carreira dos sonhos’ após filhos desenvolverem alergia a ingredientes em SP; Vídeo

today9 de agosto de 2022 14

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Décadas de empreendedorismo colocadas em segundo plano por conta da saúde dos filhos. Esta foi a escolha feita pela confeiteira Camilla Mariano de Oliveira Allegre, que precisou parar de trabalhar por três anos com o que amava e garantia a sua independência financeira, uma vez que as crianças desenvolveram alergias aos ingredientes de seus doces, entre outros alimentos.

A moradora de Praia Grande, no litoral de São Paulo, hoje vive feliz ao lado do marido e dos dois filhos, que foram curados em 2021. Porém, a família passou por momentos difíceis nos primeiros anos de vida das crianças, que atualmente têm três e quatro anos.

Ao g1, a mulher conta que é “empreendedora desde criança”, e começou vendendo sabonetes enfeitados. Apesar do amor pela vida profissional, nunca se encaixou em um emprego “comum”. O sonho, na verdade, sempre esteve na independência e, principalmente, na produção própria de chocolate.

Após anos trabalhados em busca do que tanto desejava, ela conquistou uma fiel clientela na cidade e conseguiu finalmente viver dos frutos do serviço. Porém, após o nascimento da filha, em 2018, e do filho, em 2019, a decisão de “pendurar as luvas” precisou ser tomada.

Maria Julia Mariano de Oliveira Allegre foi diagnosticada com alergia a proteína do leite, soja, ovo, feijão, banana e amendoim quando tinha apenas três meses. O irmão, Rafael Mariano de Oliveira Allegre, por sua vez, foi diagnosticado com alergia a proteína do leite, soja, ovo e melancia e amendoim logo no primeiro mês de vida.



Os sintomas da menina, de acordo com a mãe, eram de diarreia, constipação, distensão abdominal, manchas vermelhas na pele, olhos inchados, edemas pelo corpo e urticária, além de fissura anal.

A relação da Camilla com a carreira, então, começou a ser abalada na medida em que as reações da criança aumentavam. “A última Páscoa que trabalhei foi a de 2018. Foi um período de muito sofrimento [para a filha], e eu não sabia o motivo”.

Maria Julia, filha de Camilla, apresentava distenção abdominal entre as reações alérgicas — Foto: Arquivo Pessoal

A família foi em busca de um diagnóstico e, após muita procura e diversas consultas com médicos da área, o problema foi identificado. Segundo a mulher, embora a filha ainda mamasse, reagia aos alimentos ingeridos pela própria mãe e também aos “traços” dos alergênicos, ou seja, os resquícios das comidas em utensílios de cozinha.

Foi quando eu tive que abdicar de vez o chocolate. A minha casa era uma ‘chocolateria’. Tive que tirar tudo, plástico, silicone, madeira, teflon. Ficam partículas ali que contaminam e podem gerar reação. Foi uma descontaminação geral, e a partir daí ela começou a apresentar uma melhora

— Camilla Mariano de Oliveira Allegre, confeiteira e empreendedora

Em um cenário mais controlado, Rafael nasceu. As reações do menino começaram logo cedo, e como a família já estava por dentro do assunto, o diagnóstico foi mais simples. A mãe relata que os principais sintomas do filho se manifestavam na pele, com urticária, e também refluxo oculto, que gerava engasgos.

A parte mais difícil, ainda segundo Camilla, é que além dos “traços”, o menino também reagia a “contato”. “Se alguém comesse um bolo, tomasse um copo de leite, pegasse ele no colo e desse um beijo, tinha reação”.

Rafael, segundo filho de Camilla, apresentava alergias na pele entre os principais sintomas — Foto: Arquivo pessoal

A mulher lembra de um episódio marcante para toda a família: quando Rafael comeu melancia. “Testei direto nele, e quase perdi meu filho. Estávamos no casamento da minha prima, e ele se engasgou com o refluxo. Demorou quase dois minutos para voltar, e chegou a ficar roxo. Depois, a reação passou, graças a Deus”.

O g1 conversou com a nutricionista especialista em pediatria, Karine Durães, que acompanhou de perto o caso de Maria Julia e Rafael. A profissional iniciou os atendimentos às crianças em outubro de 2019.

“Quando a gente fala de alergia alimentar, o primeiro passo é retirar o alérgeno. Então, fizemos uma história clínica para entender quais eram os alimentos que, de fato, estavam fazendo diferença na saúde deles. Ao mesmo tempo, incluímos outras comidas e receitas que eram saborosas e nutritivas, que supriam a necessidade das crianças tanto do ponto de vista nutricional quanto social”, detalha.

Camilla, por sua vez, ressalta o “protocolo” que foi relatado a ela pelos médicos que acompanharam o caso. “Existem os testes. Como os meus filhos, por exemplo, reagiam a ‘contato’, deveríamos começar a frequentar praças de alimentação de shoppings ou festas de aniversários. Se tudo desse certo, depois, poderíamos pegar uma panela e testar os ‘traços’, até chegar nos alergênicos”.

Ela acrescenta que, no teste do alimento, foi indicado à família que começassem pelos alimentos assados. Depois, cozidos, finalizando nos derivados.

(VÍDEO 2 – Mãe de crianças que tiveram alergias severas explica ‘processo’ indicado até a cura)

Apesar das indicações, a fé de Camilla falou mais alto e, segundo ela, os dois casos foram resolvidos após uma intuição. “Acreditei, e quando me foi confirmado por Deus, peguei os alergênicos e dei. Fiz pão de leite. Teve um ‘festival do ovo’ em casa, coisas que não passávamos nem perto. E deu tudo certo”.

Alergia na visão de um especialista

A reportagem então entrou em contato com o médico alergista Fabrício Rubens Pires Afonso, que explica o processo de cura do ponto de vista medicinal.

“Há casos mais comuns, como leite de vaca e ovos, onde há remissão e melhora clínica quando o paciente atinge tolerância. Em determinadas situações, pode ser induzida através da introdução progressiva do alimento orientada pelo alergista, e há risco de reação durante o processo, portanto, não se orienta que o paciente faça sozinho”, comenta o profissional.

Afonso acrescenta que em outros casos, quando “não há tolerância mesmo, e o risco de indução de tolerância ou dessensibilização é muito grande, orienta-se somente a restrição definitiva”.

O médico, inclusive, detalha como funciona a alergia alimentar. “É um tipo de reação adversa a alimentos que ocorre por causas imunológicas, de modo imediato ou tardio após a ingestão”.

O médico aponta os sintomas, e alerta também que podem aparecer isolados ou em conjunto:

  • Pele: vermelhidão, urticária, inchaço e dermatite;
  • Sintomas respiratórios: podem ocorrer imediatamente após a ingestão, como a rinoconjuntivite e o fechamento dos brônquios;
  • Sintomas Gastrointestinais: vômitos, diarreia, com ou sem sangramento intestinal, dor abdominal;
  • Sintomas neurológicos: tontura e desmaio;
  • Casos sistêmicos: chamados de anafilaxia, expressão mais grave e temida da alergia imediata.

“Para o desenvolvimento de alergia alimentar precisa haver uma combinação entre alimento com capacidade alergênica, fatores predisponentes individuais e quebra dos mecanismos de tolerância imunológica, naturais do nosso organismo”, ressalta.

Mesmo após a cura das crianças, Camilla manteve como prioridade os filhos em relação ao trabalho. Atualmente, exerce a função que ama sem uma rotina ou frequência definida, dentro de sua própria casa.

Família superou alergias severas de dois filhos no litoral de SP — Foto: Arquivo Pessoal

Às vezes, abro a agenda e aviso os clientes. Faço ‘edições limitadas’, que são esgotadas em horas. A minha prioridade é a maternidade

— Camilla Mariano de Oliveira Allegre, confeiteira e empreendedora

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