Presidida pelo deputado estadual Paulo Correa Jr (PSD), na segunda-feira (21), a reunião foi o primeiro encontro dos integrantes da CPI realizado fora da sede da Alesp. No evento, o deputado ainda reiterou que a CPI realizará novos encontros itinerantes em outras regiões do Estado.
Em Santos, a reunião contou com a presença de especialistas e pesquisadores da área de Saúde Pública e Coletiva, como a professora Luciana Togni Surjus e o médico epidemiologista Fábio Mesquita, e de representantes das forças de Segurança da região, no caso do comandante regional, e coronel da PM, Leandro Pereira de Lima.
Para Mesquita, coordenador do programa de combate a AIDS em Santos, na década de 1990 — época em que a cidade tinha maior número proporcional de casos de AIDS no país — o enfrentamento a essa situação deve partir por meio de estratégias de redução de danos.
Combate às drogas em Santos é tema de reunião de CPI da Alesp em Santos, SP — Foto: Arquivo A Tribuna
“É muito importante a gente dar prioridade para o Sistema Único de Saúde (SUS), que tem condições de enfrentar esse problema com várias alternativas, inclusive indo para as ruas, com a mobilização de unidades móveis, etc. [O SUS tem a] condição de cuidar dessas pessoas e oferecer ao mesmo tempo tratamento e cuidados”, conta.
Mesquita, que esteve durante 12 anos na Organização Mundial da Saúde (OMS), também realizou estudos sobre o uso de drogas durante seu trabalho acerca do vírus da HIV, já que a maioria dos pacientes era de usuários de drogas injetáveis.
Reforçando a tese de Mesquita, a pesquisadora Luciana Surjus, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), apresentou durante a reunião estudos que indicam o perfil dos usuários de drogas na região da Baixada Santista.
Encontro foi realizado na Câmara Municipal de Santos (SP) — Foto: Marcos Souza/Assessoria Lucas Bove
“A gente já tinha, no município de Santos, cerca de 800 pessoas em situação de rua. Setenta porcento delas em uso de alguma substância, e a maioria com um perfil muito semelhante ao que a gente tem no último levantamento de base populacional em relação ao uso de crack”, idsse.
Ele acrescentou: “[São] majoritariamente homens, sem vinculação ao mercado formal de trabalho, muitos egressos do sistema prisional, de baixa escolaridade, sem moradia segura e com o desejo de se tratar”.
Concentração de usuário de drogas
Segundo o Coronel Leandro Lima, a Polícia Militar realizou um estudo para identificar locais em que há concentração de usuários para consumo de drogas na região. De acordo com ele, foram constatados centros de consumo em sete municípios, com picos máximos de até 80 pessoas.
Um desses locais se encontra próximo à região da Gruta Nossa Senhora de Lourdes, no bairro do José Menino, em Santos, um dos principais pontos de consumo de crack há 20 anos.
Além disso, com o início do funcionamento do Veículo Leve sobre Trilho (VLT), em 2013, alguns usuários também passaram a ocupar o túnel que divide a cidade de Santos e São Vicente.
Para o presidente da CPI, os dados e números revelados na reunião itinerante irão contribuir para a elaboração do relatório da Baixada Santista ao governador do estado, visando fortalecer o combate à disseminação da droga na região. “Está caótica a situação, inclusive na orla da praia, com vários usuários de droga a todo tempo”, expõe.
No primeiro semestre de 2023 houve 718 ocorrências de tráfico de entorpecentes na Baixada Santista. Em 2022, foram registradas 912 ocorrências desta natureza.
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