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Falso policial entregava intimações e cumpria ‘expediente’ em delegacia com sala de extorsão em Indaiatuba, diz MP

today2 de abril de 2024 3

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🔎 O que é um “ganso”? O termo é usado informalmente para definir pessoas cumprem expedientes dentro de delegacias e se apresentam como policiais civis ou investigadores, mas que, na realidade, não possuem qualquer tipo de autoridade.

Para o MP, o auxiliar de escritório Márcio Ricardo Pereira Mendes – também conhecido como “Treme-Treme” – atuava como policial civil, abordava empresários, entregava intimações e até conduzia interrogatórios com o conhecimento dos demais envolvidos no esquema.

Delegacia de Indaiatuba foi alvo de busca e apreensão — Foto: Jorge Talmon/EPTV



Segundo os investigadores, o esquema criminoso seria chefiado pelo delegado-titular do 1º DP, José Clésio Silva de Oliveira Filho. Dentro da delegacia havia uma “sala de extorsão” onde detidos eram ameaçados a responder por crimes que não cometeram, caso não pagassem a propina.

O delegado José Clésio Silva de Oliveira Filho, do 1º Distrito Policial de Indaiatuba — Foto: Gustavo Biano/EPTV

Segundo um promotor da investigação, os policiais entravam nos estabelecimentos, “invadiam sem mandado, sem ordem judicial nenhuma”, e acusavam os empresários de crimes. Depois, eram levados até a delegacia onde eram ameaçados.

“A gente acabou vendo que vocês têm crime de lavagem dinheiro, crime de mercadoria falsificada, de formação de quadrilha, de porte ilegal de arma, abuso sexual”, contou uma das vítimas em depoimento.

Uma das vítimas relata que chegava a ser humilhado, principalmente por uma das suspeitas, a investigadora Carla Cristina de Souza Moreira.

“Era o Márcio ‘Treme-Treme’ que conduzia, mas a pessoa que mais humilhava era a Carla. Era uma cara de deboche, uma cara de humilhação como se a gente fosse qualquer pessoa na frente dela. Autoridade em cima da gente”, disse uma das vítimas em depoimento.

📂 O g1 teve acesso à lista completa dos 14 alvos da operação. Os policiais civis foram encaminhados para o Presídio da Polícia Civil, em São Paulo (SP), e os demais presos estão encarcerados em cadeias e delegacias. Veja abaixo:

  • José Clésio Silva de Oliveira Filho, delegado da Polícia Civil
  • André Luis Soares da Silva, investigador da Polícia Civil
  • Carla Cristina de Souza Moreira, investigadora da Polícia Civil
  • Márcio Matoso, escrivão da Polícia Civil
  • Helio Ercínio dos Santos Júnior, advogado
  • Rubens Groff Filho, advogado
  • Marcelo Eduardo Freire Savioli, advogado
  • Jackson Luiz da Silva, guarda municipal de Indaiatuba
  • Afonso Lucas Trindade Fernandes (vulgo Talinho), guarda municipal de Indaiatuba
  • Fábio Augusto Moraes (pastor), assessor comissionado da Secretaria de Assistência Social
  • Rafaela Toledo de Almeida, assessora comissionada da Secretaria de Assistência Social
  • José Abel Von Ah, fiscal da Prefeitura de Indaiatuba (alvo apenas de busca e apreensão)
  • Taylor Silva Angélico, 33 anos, gerente administrativo
  • Márcio Ricardo Pereira Mendes, auxiliar de escritório

Ao Fantástico, os advogados de Clésio de Oliveira Filho, Carla Moreira e Marcelo Savioli disseram que vão provar a inocência dos clientes. André da Silva, Jackson da Silva, Fábio Moraes e Hélio dos Santos não quiseram se manifestar.

Já os representantes de Rubens Filho e de Márcio Pereira Mendes não foram localizados.

Além de Clésio, investigadores, guardas municipais, funcionários comissionados da Prefeitura e advogados são suspeitos de participação na organização criminosa. Segundo os promotores de Justiça, os outros integrantes atuavam em grupos dentro do esquema, as chamadas “células de atuação”:

  • Policiais civis e guardas municipais: invadiam estabelecimentos comerciais para forjar falsos flagrantes contra os empresários e fazer, indevidamente, apreensões de bens e dinheiro.
  • Advogados: atuavam como intermediadores no pagamento de propina, fazendo a contagem e o transporte do dinheiro, além de cobrar honorários sobre os valores extorquidos.
  • Servidores comissionados: atuavam no contato com os empresários extorquidos a fim de cobrar as propinas previamente exigidas.

Segundo Paulo Carolis, promotor do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), essas foram as divisões de tarefas apuradas até o momento pela investigação e podem ser melhor detalhadas quando ocorrer o oferecimento da denúncia à Justiça.

Saiba como funcionava esquema que forjava investigações para extorquir empresários

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Invasão de comércios e fabricação de inquéritos

De acordo com o Gaeco, o grupo de Indaiatuba fabricava boletins de ocorrência, inquéritos e relatórios de investigação para sustentar exigência de pagamentos como preço de “resgate” de eventuais prisões decretadas ou garantias de não investigação.

Vídeo mostra comissionado da prefeitura tentando fugir durante operação em Indaiatuba

Vídeo mostra comissionado da prefeitura tentando fugir durante operação em Indaiatuba

Durante a operação, o servidor comissionado da prefeitura Fábio Augusto Moraes tentou fugir dos policiais e foi encontrado com armas e drogas. Assista acima.

Moraes ocupa um cargo de direção e assessoria na Secretaria de Assistência Social, tinha salário bruto de R$ 8 mil e, segundo a prefeitura, fazia o serviço de abordagem social com pessoas em situação de rua.

Na casa e no carro do suspeito, policiais encontraram armas de fogo e drogas. Por isso, além do cumprimento do mandado de prisão temporária da operação, o servidor também foi preso em flagrante por posse de drogas e porte ilegal de armas.

Entre as vítimas estão cerca de 10 proprietários estabelecimentos comerciais, como supermercados, lojas de roupas e estacionamento de veículos.

Foram ainda expedidos, por determinação da Justiça,17 mandados de busca e apreensão. Todos cumpridos na última terça:

  • Nos endereços dos 14 investigados;
  • No prédio do 1º DP de Indaiatuba;
  • Em dois escritórios de advocacia.

  • Extorsão mediante restrição de liberdade
  • Organização criminosa
  • Roubo
  • Furto
  • Corrupção ativa

O nome da operação, “Chicago”, remete à cidade norte-americana nas décadas de 20 e 30, quando gângsteres governavam “à base de violência, desprezando a lei e criando fortunas com os crimes”.

Pelo menos 15 promotores de Justiça, 10 servidores do Ministério Público, 94 policiais militares e 19 policiais civis participaram da ação.

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Por: G1

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