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Família denuncia maus-tratos a idoso em casa de repouso no litoral de SP

today31 de agosto de 2023 3

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A professora Valdirene Aparecida Oliveira Mesquita, de 50 anos, contou que optou por colocar o pai na casa de repouso do bairro Aviação para que ele pudesse ser acompanhado por 24h. Ela fechou um contrato com o local sob a mensalidade de R$ 2,8 mil.

Segundo a filha, Pedro José de Oliveira tinha limitações, mas deu entrada no local “falando e andando” no dia 22 de julho. De acordo com a filha, nas primeiras visitas, Pedro aparentava estar bem. Os problemas começaram aproximadamente na terceira visita, quando a equipe informou à professora que seria administrado um calmante no idoso, pois ele estava agitado.

“Eu concordei que ministrasse, porém apenas para acalmá-lo. Nas visitas posteriores, eu encontrei o meu pai muito debilitado”, explicou. Segundo ela, Pedro aparentava estar sempre com sono, sob a justificativa de que era efeito do calmante.



Um tempo depois, a filha foi informada que o idoso estava com dificuldade para alimentação. No dia 15 de agosto, Valdirene recebeu uma mensagem pedindo para que ela levasse o pai à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Quietude no dia seguinte para que uma sonda fosse colocada nele.

“Até então nada de anormal foi identificado”, relatou. Segundo ela, naquele dia, o corpo do idoso não foi examinado completamente no hospital. No entanto, ela disse que na visita seguinte à casa de repouso, ela encontrou o pai muito magro, debilitado e com a sonda suja.

Na ocasião, a equipe justificou que Pedro não estava aceitando bem a alimentação pela sonda e a sujeira era de uma comida específica. Em seguida, Valdirene notou que o pé de Pedro também estava com uma bolha, mas foi acalmada pela responsável da clínica, que disse que o machucado seria analisado por um médico.

Idoso está internado possui escara e estava com a urina escura por desidratação — Foto: Arquivo Pessoal

A filha se colocou à disposição para comprar os medicamentos que fossem necessários e, no mesmo dia, recebeu uma mensagem pedindo antibiótico e um óleo de girassol. Em outra visita, ela percebeu que o pé de Pedro seguia ferido e comentou com a responsável que o idoso estava desanimado. Mais uma vez, ela ouviu que era devido à alimentação.

Até que na sexta-feira (25), a professora recebeu uma mensagem de que precisaria comparecer ao local para acompanhar o idoso até o hospital, pois ele estava com a saturação baixa. “Cheguei na clínica e meu pai estava desacordado em cima de uma cadeira de rodas com a sonda e respirando com muita dificuldade. Até então, eu não sabia do que se tratava”, relembrou.

Ela chegou a sugerir chamar uma ambulância, mas ouviu que não seria necessário e foi de carro até a UPA. “Não sabia o estado do meu pai por baixo da roupa”, explicou a mulher, que se surpreendeu ao chegar na unidade.

“Tiraram as meias do meu pai e ele estava com os dois pés enfaixados totalmente machucados. Tiraram a roupa do meu pai, ele estava com uma escara [nas partes íntimas]”, afirmou Valdirene.

Segundo a filha, a sonda estava entupida e o esparadrapo, que segurava o equipamento, aparentava estar sujo. Ela ouviu de enfermeiras que o idoso não estava sendo higienizado e que estava com a urina escura de desidratação.

O idoso foi transferido ao Hospital Irmã Dulce. “Está desnutrido, desidratado e com quadro de pneumonia […]. Está na oxigenação, a saturação dele não levanta, estão fazendo tudo pra ver o que que pode ser feito”, lamentou a filha, ressaltando que o estado é considerado grave.

A mulher registrou um boletim de ocorrência no 1º Distrito Policial (DP) de Praia Grande. “A partir do momento que colocaram essa sonda no meu pai, tudo leva a crer que ele ficou amarrado. Está com os pulsos machucados. […] Foi aonde o meu pai desenvolveu, vamos dizer, uma demência”, afirmou.

A Casa de Repouso Renascer do Sol informou que as acusações não procedem, pois a evolução do paciente é justificada pelo prognóstico negativo dele. Além disso, o estabelecimento apresentou um relatório do médico responsável técnico do local, João Rubens Ferreira.

O documento informa que o paciente foi internado no dia 21 de julho “com histórico de sequelas de alcoolismo, neuropatia alcoólica, sequelas de AVC [Acidente Vascular Cerebral], confuso, agressivo e em uso de sertralina, somalgin”.

Ainda segundo o profissional, ele acompanhou a evolução do paciente durante todo o período e, inclusive, estava de plantão quando o idoso foi atendido na UPA Quietude. “Sendo feito tudo que se podia para o paciente”, garantiu.

De acordo com ele, os diagnósticos do sábado foram sequelas de AVC, neuropatia alcoólica, disturbo de comportamento, broncopneumonia, diabetes, insuficiência renal e úlcera de pressão (calcâneo com pele íntegra, nádegas com ruptura de pele).

Em nota, a Prefeitura de Praia Grande informou que a casa possui alvará vigente da Vigilância Sanitária e AVCB do Corpo de Bombeiros. Segundo a administração municipal, informações sobre a denúncia de maus-tratos devem ser solicitadas às autoridades policiais.

Em nota, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) informou que há um inquérito civil sigiloso em trâmite na 9ª Promotoria de Justiça de Praia Grande “destinado a apurar a prática de maus-tratos, negligência e desordem contra os idosos residentes na instituição mencionada”.

O Hospital Irmã Dulce informou que o paciente Pedro José de Oliveira encontra-se internado na unidade desde segunda-feira, onde recebe todos os cuidados necessários, conforme seu quadro clínico. A unidade disse não ter autorização para passar informações sobre o estado de saúde do idoso.

Questionada pelo g1 sobre ações previstas para coibir este tipo de crime na Baixada Santista, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo informou que a Vigilância Sanitária Estadual presta apoio aos casos somente quando solicitado pelos municípios.

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Por: G1

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