Uma das vítimas é a técnica de enfermagem Letícia Lima, de 25 anos. Ela contou que a contratação da MegaEventos ocorreu em fevereiro do ano passado, por indicação de uma colega de turma, que seria filha de uma das donas da empresa.
O evento, que aconteceria no último sábado (18), foi cancelado dois dias antes e o dinheiro não foi devolvido. “Ela destruiu não só o financeiro da gente, mas o sonho de muitas”.
Segundo Letícia, a filha da dona e outra aluna, ambas do conselho de formatura, realizaram toda a preparação para a colação de grau e festa da turma, incluindo reuniões e prova de beca. Em nenhum momento, porém, comprovantes de pagamento foram apresentados pela empresa de eventos.
No pacote contratado também constavam os serviços de fotógrafos, o álbum de fotos e os convites cobrados separadamente — em forma de pulseira com QR Code.
Os formandos fizeram os pagamentos, segundo Letícia, direto em uma ‘maquininha’ disponibilizada pela aluna que formava o conselho. Os valores das transações eram transferidos à empresa acusada de golpe, que não chegou a gerar boletos.
O prejuízo é estimado em R$ 100 mil, além dos gastos pessoais com roupas, passagens para familiares, entre outros. A defesa das vítimas diz que, no momento, são aguardadas a restituição voluntária dos valores e a instauração do inquérito policial para apuração do crime.
Na última quinta-feira (16), uma das donas da empresa entrou em contato com a comissão de formatura e comunicou que o evento precisaria ser reagendado, por contra de um empecilho, de questões ligadas à saúde.
As alunas foram contra, mas, apesar da negativa, a empresa reforçou que o evento não poderia ser realizado na data prevista.
As estudantes entraram em contato com o salão contratado para a cerimônia de colação e com o buffet para a festa. Os representantes de ambos os espaços negaram as reservas.
Pulseira que deveria fornecer dados dos convidados levava a site com idioma japonês — Foto: Arquivo pessoal
Os formandos resolveram checar os QR Codes das pulseiras que foram entregues como convites, e ondem deveriam constar as informações dos convidados. Ao escanear o código eram encaminhados ao uma página com textos em japonês.
Letícia percebeu que se tratava de um golpe. “Fomos inocentes a ponto de não desconfiar de uma colega de turma. Ela fazia parte da formatura. Como a gente seria capaz de desconfiar?”, questionou.
Sem CNPJ para a atividade
As vítimas entraram em contato com a dona da empresa solicitando o reembolso, que foi prometido em até sete dias, o que não aconteceu. Ao consultarem o CNPJ da empresa, elas constataram que não havia registro para exercer a atividade.
A história foi exposta redes sociais e várias outras pessoas se manifestaram contra a empresa, dizendo terem sido lesadas de forma semelhante. Letícia disse que foi adicionada em um grupo com mais de 50 pessoas que teriam sido vítimas de uma empresa chamada Fábrica de Eventos’, que antecedeu a MegaEventos.
Letícia foi incluída em um grupo com mais de 50 pessoas que seriam supostas vítimas — Foto: Arquivo pessoal
Durante o período, a MegaEventos foi contratada por outra turma da mesma escola profissionalizante para organizar a formatura, que estava marcada para setembro.
Uma das alunas, Rosemary da Conceição Ribeiro, de 39 anos, contou que o contrato foi firmado em março deste ano, mas que o cancelamento foi solicitado após alguns entraves com os formandos.
Com a repercussão do relato Letícia, Rosemary contou que os colegas já ‘se conformaram’ em relação ao golpe e já buscam um advogado para orientá-los. “Eu tô com o choro embargado até agora. Foi um sonho que essa mulher roubou da gente […]. A gente estava planejando tudo. Me sinto burra de não ter pesquisado antes. Impotência”.
A diretoria da escola profissionalizante Grau Técnico Santos, onde estudaram as vítimas do golpe, informou que as denúncias sobre o golpe são referentes a uma empresa de eventos que não possui vínculo contratual com a instituição de ensino.
“Lamentamos profundamente o ocorrido com o grupo de alunos da instituição. Contudo, trata-se de uma situação fora do nosso controle. Não temos relação com a empresa de eventos, nem qualquer benefício financeiro com a eventual contratação do serviço por parte de nossos alunos”.
O g1 solicitou um posicionamento à MegaEventos, mas não recebeu um retorno até a última atualização da reportagem
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