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Matiullah Wesa, chefe da organização Pen Path e “defensor da educação de meninas, foi preso na segunda-feira (27) em Cabul“, tuitou a Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (Manua).
A organização pede às autoridades que “esclareçam seu paradeiro, as razões de sua detenção e que assegurem que tenha acesso a representação legal e contato com a sua família”.
Afegão Matiullah Wesa, chefe da organização Pen Path, em foto de arquivo pessoal tirada em 5 de março de 2023 — Foto: Matiullah Wesa/Arquivo pessoal
O Afeganistão é o único país do mundo onde a educação de meninas é proibida após a escola primária. As adolescentes foram banidas das escolas secundárias pelo Talibã, que voltou ao poder em agosto de 2021, e também negou às mulheres o acesso à universidade.
Entre as razões apresentadas, o governo considerou que as mulheres, que deveriam usar o hijab (véu islâmico) cobrindo todo o corpo e o rosto, não estavam vestidas o suficiente. O Talibã também explicou que esses estabelecimentos seriam reabertos a elas assim que um programa de educação islâmica fosse desenvolvido.
Contatadas pela AFP sobre a detenção, as autoridades não responderam.
O irmão de Matiullah Wesa confirmou sua prisão, “por homens em dois veículos” na noite de segunda-feira na saída de uma mesquita após as orações. “Quando Matiullah pediu a eles suas carteiras de identidade, eles o espancaram e o levaram à força”, revelou Samiullah Wesa.
Samiullah e outro de seus irmãos também foram presos na terça-feira, um quarto irmão, Attaullah Wesa, denunciou o fato em um vídeo postado no Twitter. Eles foram “agarrados à força, algemados e levados embora”, contou Attaullah Wesa, acrescentando que as autoridades também estavam procurando por ele.
Aos 30 anos, Matiullah Wesa é o fundador e presidente da organização Pen Path. Na opinião de Samiullah, ele foi preso por seu trabalho no setor educacional. “Ele nunca trabalhou com mais ninguém, nem mesmo com o governo anterior”, insistiu.
Apesar da proibição de escolas secundárias para meninas, ele continuou a viajar para áreas remotas para conscientizar as pessoas da importância da educação para mulheres de todas as idades.
“Estamos contando as horas, minutos e segundos até que as escolas para meninas abram. O dano causado pelo fechamento das escolas é irreversível e inegável“, ele twittou na semana passada, quando o ano letivo estava começando no Afeganistão.
Sua organização estabeleceu 18 bibliotecas e lançou uma campanha de distribuição de livros nas áreas rurais.
O relator especial da ONU sobre direitos humanos no Afeganistão, Richard Bennett, revelou estar alarmado com sua prisão. “Sua segurança é primordial e todos seus direitos devem ser respeitados”, tuitou.
A França pediu “a libertação imediata” de Matiullah Wesa. “Nenhuma sociedade pode se desenvolver positivamente negando os direitos das mulheres”, declarou o Ministério francês das Relações Exteriores.
No início de fevereiro, um professor universitário afegão foi preso pelo Talibã depois de condenar a proibição do acesso das mulheres à educação. Ele foi libertado após 32 dias de cativeiro.
Ismail Mashal, um reconhecido professor de jornalismo, causou uma forte polêmica ao rasgar seus diplomas durante uma emissão de televisão, em dezembro, para protestar contra o decreto que proibia o ensino superior para mulheres.
Acredita-se que a ordem contra a educação de meninas foi dada pelo líder supremo do Afeganistão, Hibatullah Akhundzada, e por seus assessores ultraconservadores, profundamente céticos em relação à educação moderna, especialmente para mulheres.
Desde seu retorno ao poder, os talibãs, que fazem do Islã uma interpretação radical, multiplicaram as medidas contra os direitos das mulheres, as excluindo gradativamente da vida pública.
Muitas mulheres perderam seus empregos no setor público e, desde novembro, não podem mais ir a parques, ginásios ou frequentar banhos públicos. Elas também estão proibidas de viajar sem estar acompanhadas de um parente do sexo masculino e devem se cobrir totalmente ao sair de casa.
Talibã proíbe mulheres de frequentar universidades no Afeganistão
Por: G1
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