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Grupo paramilitar do Sudão toma palácio presidencial, e conflitos armados se espalham pelo país

today15 de abril de 2023 33

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O principal grupo paramilitar do Sudão afirma ter assumido o controle neste sábado (15) do palácio presidencial, da residência do chefe do Exército, do aeroporto internacional de Cartum (capital do país), além de aeroportos nas cidades de Merowe e El Obeid, em uma aparente tentativa de golpe. Há relatos de ao menos três civis mortos.

📊 Contexto: Um dos países mais pobres do mundo, o Sudão, que fica no norte da África, vive uma crise humanitária há décadas e tem uma história intensa de turbulência política e conflito armado. Em 2019, uma guerra teve início após a deposição do ditador Omar al-Bashir.

Em outubro de 2021, um golpe militar interrompeu um processo de quase três anos de transição para um poder civil. Os episódios violentos deste sábado têm relação com a rivalidade entre os dois generais que protagonizaram o golpe em 2021.

💥 Disputa de poder: O general Mohamed Hamdan Dagalo, mais conhecido como Hemedti, é líder das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), nome do grupo paramilitar que diz ter tomado o poder agora. Ele fez um apelo à população e aos militares para que se rebelem contra o Exército e o general Abdel Fatah al Burhan, que lidera o país desde o golpe há quase dois anos.



🌍 Consequências: Um confronto prolongado entre a RSF e o Exército pode piorar significativamente a situação de segurança em um vasto país (é o terceiro maior do continente africano) que já enfrenta colapso econômico e surtos de violência tribal.

Veja o que se sabe sobre a escalada do conflito:

  • O Exército do Sudão afirma que, além de tomar o controle de diversos locais, a RSF tentou atacar suas tropas e, por isso, a força aérea do país está conduzindo operações contra o grupo.
  • A RSF, que analistas estimam ter cerca de 100 mil homens, diz que suas forças foram atacadas primeiro, quando o Exército cercou uma de suas bases e abriu fogo com armas pesadas.
  • Testemunhas relatam tiroteios em diversas partes do país, aumentando o medo de um conflito generalizado.
  • Médicos sudaneses informaram às agências de notícias que confrontos ocorreram em bairros residenciais e que civis ficaram feridos – já há o registro de três mortes.
  • Um jornalista da Reuters viu canhões e veículos blindados nas ruas da capital e ouviu tiros de armas pesadas perto do quartel-general do exército e da RSF.
  • Imagens de emissoras sudanesas mostraram uma aeronave militar no céu acima de Cartum, mas agências de notícias internacionais ainda não conseguiram confirmar o material.
  • Tiros foram ouvidos ao vivo enquanto um âncora de TV fazia uma transmissão sobre os conflitos no país.

Tiros são ouvidos enquanto âncora fala ao vivo em TV do Sudão

Tiros são ouvidos enquanto âncora fala ao vivo em TV do Sudão

Tiros são ouvidos enquanto âncora fala ao vivo em TV do Sudão

  • A estatal Saudi Arabian Airlines disse que uma de suas aeronaves Airbus “sofreu um acidente” no aeroporto de Cartum, sem fornecer mais detalhes, e suspendeu voos que tenham origem ou destino no Sudão.

O que dizem as autoridades mundiais

Conflitos armados se espalharam pelo Sudão, depois que grupo paramilitar tomou palácio presidencial. 15/04/2023. — Foto: Reuters

Egito: O Egito, um dos estados árabes mais influentes, expressou grande preocupação com os confrontos e pediu a todas as partes que tenham moderação, disse o Ministério das Relações Exteriores.

EUA: O embaixador dos EUA no Sudão, John Godfrey, disse que a escalada das tensões para os combates diretos era “extremamente perigosa” e pediu urgentemente à liderança sênior que pare os confrontos. Godfrey disse que ele e a equipe da embaixada estavam abrigados no local.

União Europeia: O chefe de política externa da União Europeia, Joseph Borrell, pediu a todas as forças envolvidas para interromper a violência no Sudão imediatamente e disse em um tweet que todos os funcionários da UE no país estavam seguros.

Fumaça sobe perto da Ponte Halfaya entre Omdurman e Cartum Norte, no Sudão. Grupo paramilitar tomou palácio presidencial e conflitos armados se espalham pelo país – 15/04/2023. — Foto: Reuters

A RSF foi formada por milícias acusadas de crimes de guerra no conflito de Darfur, oeste do Sudão. Em 2003, a região foi cenário de um conflito entre rebeldes de uma minoria étnica e o governo, de maioria árabe, que matou 300 mil e forçou 2,5 milhões a fugirem de suas casas, segundo os números das Nações Unidas.

Em 2019, a RSF, junto com o Exército, derrubou o autocrata de longa data Omar al-Bashir, que governou o país por três décadas. Foi montado um governo interno, comandado por Abdallah Hamdok, primeiro-ministro.

Em 2021, ele sofreu um golpe conduzido pelos generais Abdel Fattah al-Burhan e Hemedti, respectivamente líder e vice-líder do Conselho Soberano, criado para supervisionar a transição do país para a democracia.

A divisão entre as forças veio à tona na última quinta-feira (13), quando o exército disse que movimentos recentes, particularmente em Merowe, pelo grupo paramilitar eram ilegais.

As hostilidades seguiram-se a dias de tensão entre o Exército e a RSF, o que poderia minar os esforços de longa data para devolver o Sudão ao governo civil após lutas pelo poder e golpes militares.

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Por: G1

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