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Guerra na Ucrânia: imagens de satélite mostram seca em um dos maiores reservatórios da Europa após ataque

today27 de junho de 2023 12

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Imagens de satélite, analisadas pela BBC Verify, mostram que quatro redes de canais foram desconectadas do reservatório.

A ONU diz que o abastecimento de água potável para mais de 700 mil pessoas pode ser afetado, principalmente em áreas ocupadas pela Rússia.

Especialistas afirmam ainda que a seca nos canais pode ser crítica para a produção de alimentos na região.



A barragem de Kakhovka foi destruída nas primeiras horas de 6 de junho, causando inundações generalizadas que atingiram assentamentos e áreas agrícolas em toda a região.

Desde o colapso da barragem, as imagens de satélite mostram que os níveis de água no reservatório e nos canais que o alimentam continuam a cair.

Além de serem uma fonte de água potável para grandes partes do sul da Ucrânia, os canais também forneciam irrigação para vastas áreas de terras agrícolas.

A barragem atuava como uma defesa contra inundações para áreas mais baixas, principalmente ao sul e sudoeste.

A BBC Verify monitorou as quatro entradas da rede de canais usando imagens de satélite e, em 15 de junho, todas foram desconectadas porque o nível da água do reservatório continuava caindo.

Mais imagens revelam que o reservatório, que anteriormente continha 18 quilômetros cúbicos de água, havia secado de forma significativa.

Áreas mais rasas do reservatório foram expostas primeiro, revelando parte do curso original do rio Dnipro antes da construção da barragem em 1956.

As imagens mostram que os canais ainda contêm água em áreas mais afastadas do reservatório. Não está claro quanto tempo levará para que elas sequem também.

Antes da guerra, cerca de 5.840 quilômetros quadrados (584 mil hectares) de terras cultivadas em ambos os lados do rio Dnipro poderiam ser servidos pelos canais, com mais da metade da área dependente de sistemas de irrigação.

Essas áreas produziram cerca de dois milhões de toneladas de grãos e sementes oleaginosas em 2021, segundo o governo ucraniano.

Muitas áreas localizadas em posições mais baixas ao redor do reservatório foram inicialmente inundadas depois que a barragem foi destruída, mas o problema de longo prazo enfrentado pela produção de alimentos será a perda de abastecimento de água devido à secagem de extensos sistemas de canais, de acordo com Inbal Becker-Reshef, diretora do programa da NASA Harvest, um consórcio que pesquisa para a segurança alimentar global.

“[Os canais] irrigam principalmente as plantações de verão… como milho, soja, um pouco de girassol. Mas também irrigam um pouco de trigo, que é uma cultura de inverno, e depois muitos vegetais e frutas como melão”, disse ela.

Embora algumas culturas possam ser alimentadas apenas pela chuva, um sistema de canais secos pode deixar as terras agrícolas vulneráveis à seca. Isso também tem consequências para a água potável.

Becker-Reshef afirma que os canais podem ficar cheios de lodo se deixados secos, reduzindo sua eficácia, e quanto mais tempo forem deixados nessa condição, pior será.

Martin Griffiths, coordenador de Ajuda de Emergência da ONU, disse anteriormente à BBC que haveria um “enorme impacto na segurança alimentar global” como resultado da destruição da barragem, descrevendo a área como “um celeiro não apenas para a Ucrânia, mas também para o mundo”.

A Ucrânia é um grande exportador de óleo de girassol, milho, trigo e cevada. A guerra causou problemas globais de abastecimento, particularmente a países já ameaçados no Oriente Médio e na África, que dependem fortemente dos grãos ucranianos.

A reconstrução da barragem parece ser uma das únicas soluções de longo prazo para restaurar a segurança hídrica da área.

“Agora que o nível da água baixou, a água simplesmente não chega aos sistemas [de canais]. Para elevá-la, precisamos reconstruir a represa”, disse Mykola Solskyi, ministro de Política Agrária e Alimentação da Ucrânia.

Especialistas alertam que a área corre maior risco de seca e inundação, porque a represa ajuda a regular altas e baixas extremas nos níveis de água.

“Existe agora toda uma bacia hidrográfica mais baixa que não é controlada”, disse Jaap Flikweert, consultor de gerenciamento costeiro e de inundações da consultoria de engenharia Royal HaskoningDHV. “Nos períodos mais úmidos, as ondas de inundação simplesmente aparecem.”

A menos que a barragem seja consertada, ou extensas defesas contra inundações sejam implementadas, Flikweert afirma que algumas áreas podem se mostrar inadequadas para assentamentos porque ficam muito perto do nível do rio.

“Espero que as dezenas de milhares de pessoas que foram evacuadas fiquem longe por um tempo enquanto essas soluções não estiverem em vigor. É difícil ver as pessoas voltando para essas comunidades nesta situação.”




Todos os créditos desta notícia pertecem a G1 Mundo.

Por: G1

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