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Guerra na Ucrânia: o impacto dos ataques da Rússia a reservatórios de água

today6 de junho de 2023 20

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Milhares de pessoas que vivem abaixo da barragem Kakhovka podem estar correndo risco de inundação.

Imagem de satélite da barragem da usina em Nova Kakhovka, no sul da Ucrânia, antes de explosão. — Foto: Reproduçãp/ Google Maps



Este é o mais recente de uma série de ataques a represas na Ucrânia durante a guerra, cuja autoria o governo do país atribui à Rússia.

Onde fica a represa Kakhovka e qual a sua importância?A represa Kakhovka, no Rio Dnipro, contém uma usina hidrelétrica.

As forças russas assumiram seu controle quando ocuparam a região vizinha de Kherson no início da guerra.

Evidências fotográficas sugerem que houve um rompimento enorme na parede da barragem.

A menos de 50 quilômetros rio abaixo da barragem fica a cidade de Kherson, e as autoridades dizem que a água que flui pelo rompimento na barragem está colocando em risco pelo menos 16 mil pessoas. Muitas foram retiradas de lá.

Localização do reservatório que foi atingido — Foto: BBC

Cem quilômetros rio acima da represa está o reservatório Kakhovka, que fornece água para resfriar os reatores da usina nuclear de Zaporizhzhia (que agora está nas mãos dos russos).

O temor é que, se escoar muita água do reservatório pela barragem danificada, não vai sobrar o suficiente para resfriar os reatores da usina, o que pode resultar em um colapso.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão de vigilância nuclear da ONU, diz que está monitorando a situação, mas que “não há risco imediato de segurança nuclear”.

O reservatório Kakhovka também fornece água potável para a Crimeia por meio de um canal, que agora também pode secar.

O governo da Ucrânia acusou as forças russas de explodir a barragem.

Quantas represas a Ucrânia tem?Na era soviética, engenheiros construíram uma série de seis barragens ao longo da parte ucraniana do Rio Dnipro, que se estende desde a fronteira com Belarus, a 1.095 km ao sul, até o mar.

A represa Kakhovka é a última da cadeia.

Aguas da enchente causada pelo rompimento da barragem na Ucrânia — Foto: Reuters

Entre as barragens, eles transformaram o rio em uma série de reservatórios enormes, para fornecer água para residências e indústrias e para irrigar terras agrícolas.

Cada uma das represas ao longo do Rio Dnipro contém uma usina hidrelétrica que produz energia quando a água rio acima passa por turbinas na parede da barragem.

Há represas de hidrelétricas em outros rios e barragens menores nas entradas de reservatórios em outras partes do país.

Vídeo mostra destruição em barragem de usina ucraniana

Vídeo mostra destruição em barragem de usina ucraniana

Que ataques foram realizados às represas da Ucrânia anteriormente?

Em setembro de 2022, um ataque com míssil destruiu a barragem do reservatório Karachunivske, perto da cidade de Kryvyi Rih, no sul da Ucrânia.

O incidente causou inundações generalizadas, e muitas pessoas foram instruídas a deixar suas casas.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, culpou a Rússia pelo ataque e disse que era uma represália pela contraofensiva lançada pelas forças ucranianas.

Ele chamou a Rússia de “Estado terrorista” por atacar um alvo civil.

Em outubro de 2022, houve ataques com mísseis a barragens hidrelétricas em Zaprorizhzhia, Kremenchuk e no Rio Dniester, no oeste do país — todos atribuídos à Rússia pela Ucrânia.

Em dezembro de 2022 e fevereiro de 2023, a usina hidrelétrica Dnipro, perto de Zaporizhzhia, foi atacada com mísseis. A Ucrânia, mais uma vez, culpou a Rússia.

“Isso faz parte da estratégia da Rússia de destruir a capacidade energética da Ucrânia”, diz Marina Miron, pesquisadora de estudos de defesa da Universidade Kings College London, no Reino Unido.

“Suas usinas hidrelétricas costumavam gerar pouco mais de 6.000 megawatts de energia. Após os ataques às hidrelétricas, cerca de 2.500 megawatts de capacidade foram perdidos.”

Em maio de 2023, ataques de mísseis russos “destruíram” o reservatório Karlivskyi perto de Donetsk, no leste da Ucrânia, segundo o governo ucraniano.

O incidente causou inundações em vilarejos próximos ao longo do Rio Vovcha — e moradores tiveram que ser retirados de suas casas.

No passado, a destruição de uma barragem na Ucrânia levou a uma catástrofe.

Em agosto de 1941, o exército soviético estava recuando rapidamente pela Ucrânia enquanto o exército alemão avançava.

Os comandantes do exército soviético decidiram destruir as pontes e a represa de Zaporizhzhia para evitar que o inimigo atravessasse o Rio Dnipro.

A população civil não foi avisada, ​​e os historiadores estimam que pelo menos 3 mil pessoas foram mortas.

Como a Ucrânia destruiu uma represa para se defender?

Quando as forças russas estavam avançando sobre a capital da Ucrânia, Kiev, em fevereiro de 2022, as forças da Ucrânia explodiram a barragem de Irpin.

“Os ucranianos inicialmente culparam os russos pela destruição da barragem, mas a informação agora é que os ucranianos a destruíram”, diz Miron.

O incidente inundou a área circundante e a tornou intransponível para a infantaria e as colunas de veículos blindados russos que se dirigiam para Kiev.

É um crime de guerra atacar barragens?

As represas são infraestruturas civis e geralmente não são alvos militares válidos, diz German, professor de conflito e segurança na Universidade Kings College London.

“Com base na lei do conflito armado, digamos que havia uma unidade militar ucraniana baseada em uma represa. Então, a Rússia poderia tratá-la como um alvo militar. Mas, até onde eu sei, não foi esse o caso.”

“Um ataque a um alvo civil como uma represa deve ser feito por necessidade militar”, afirma Mark Ellis, diretor executivo da International Bar Association. “Mas se a vantagem militar obtida for pequena e o dano causado aos civis for catastrófico, isso seria uma violação do direito internacional.”

Ellis diz que por esta medida, nenhum ataque russo a barragens pode ser justificado. Mas, segundo ele, a destruição da represa de Irpin pelas forças ucranianas para impedir o avanço russo a Kiev foi justificada.

“Eles não teriam feito isso sem garantir que os civis estivessem fora de perigo”, observa. “E eles estavam agindo por necessidade militar.”




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Por: G1

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