O armador Bruno Prestes Nascimento, de 33 anos, criou uma barreira ecológica em um dos canais do Rio Boturoca, no bairro Jardim Esmeralda, em Praia Grande, no litoral de São Paulo, onde aprendeu a nadar na infância. O intuito é salvar o rio para conseguir recuperá-lo e deixá-lo como ele conheceu, ainda na infância, quando tinha apenas 8 anos. Em 15 dias, em média, 200 quilos de lixo são recolhidos no local.
“O rio nos atraia desde o começo, através da pesca e da sua água limpa. Daí para frente foi surgindo uma grande paixão pela natureza. Tanta, a ponto nós sentirmos a uma necessidade muito grande de cuidar dele e preservá-lo. Tomamos a atitude extrema e montamos essa barreira. Esse projeto é para que não seja destruída a vida do rio”, conta.
A ideia de ‘salvar’ o rio foi apresentada pelo cunhado de Bruno e idealizador do Projeto Salva Rio, Ueliton de Oliveira, que achou a solução na internet e propôs para o armador a fabricação da barreira.
“Tirar o lixo é o mínimo que nós temos que fazer”, afirmou Bruno, que garante não ter pensado duas vezes em aceitar o desafio.
Em 15 dias, retiraram, em média, 150 a 200 quilos de lixo com a barreira ecológica — Foto: Arquivo Pessoal/Bruno Prestes Nascimento
Todos os materiais para realizar a instalação da barreira ecológica não agridem o meio ambiente e foram retirados de ferros velhos e pontos de reciclagens. “estamos usando [o lixo] em prol da natureza agora”.
A barreira ecológica é feita com galões ‘bombonas’ de 20 litros entrelaçados com rede de nylon. A função é parar os resíduos sólidos, leves e flutuantes, como garrafa pet, isopor, tampinha de garrafa, latas, entre outros.
O Rio Boturoca cruza a divisa entre Praia Grande e São Vicente. De acordo com Bruno, a primeira barreira instalada reteve, em média, 200 quilos de lixo, em 15 dias. O objetivo é inserir barreiras ecológicas nos oito canais do rio.
“Toda nossa infância foi dentro desse rio. A partir do ano 2002, quando começou a expandir o bairro Jardim do Trevo, e os bairros que compõem o Jardim do Trevo, foram abertos esses canais. De lá pra cá, eles inviabilizaram toda a chegada do ser humano no rio, a nossa entrada na água, a captação de água, peixe, pesca, nada está sendo útil mais no rio”, explica.
Por não terem um terreno para colocar o lixo e realizar a separação correta do material, Bruno conta com a ajuda da comunidade.
Segundo ele, os moradores separam os recicláveis e doam para pessoas que trabalham diretamente com reciclagem. A exigência é que as pessoas tenham o compromisso de separar e não descartar na natureza. Já com materiais de isopor, a orientação é ensacar e realizar o descarte correto, em ecopontos.
“[Temos] que fazer a nossa parte, conscientizar a população, fazer o recolhimento do resíduo sólido, dar um destino correto para o resíduo sólido. Para, então, dar início a estação de tratamento, em cobrar uma estação de tratamento para que não seja mais lançado direto no rio. A nossa parte vamos fazer, recolhendo o que nós produzimos”, diz Bruno.
A barreira ecológica forma um grande cordão de galões — Foto: Arquivo Pessoal/Bruno Prestes Nascimento
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