O sérvio, que fingia ser um esloveno chamado Dejan Kovac, foi executado na Rua São José, no bairro Embaré. Ele chegou a ser resgatado consciente pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas sofreu uma parada cardiorrespiratória a caminho da Santa Casa de Santos e morreu.
Entenda o que se sabe sobre o caso a partir dos seguintes pontos:
- Qual a dinâmica do crime?
- Quem é o ‘falso esloveno’?
- Como a polícia desvendou a identidade dele?
- O que ele fazia como vivia no Brasil?
- Por que ele era procurado pela Interpol?
- Qual foi a repercussão do caso?
1. Qual a dinâmica do crime?
Homem com criança na cadeirinha de bicicleta é executado em SP — Foto: Reprodução
Darko Geisler foi morto a tiros no último dia 5 de janeiro, por volta das 19h. O sérvio foi alvejado pelas costas por um homem que se aproximou enquanto ele chegava em casa de bicicleta ao lado da esposa e do filho pequeno. Ao menos três disparos foram efetuados, com base nas cápsulas deflagradas encontradas pela Polícia Científica.
Nas imagens, obtidas pelo g1, é possível ver Darko Geisler chegando de bicicleta ao prédio com o filho e a esposa, que aparece de vermelho em outra bike. Em seguida, um homem aparece por trás dele e atira algumas vezes antes de fugir. A criança, que estava em uma cadeirinha, caiu no chão.
A PM informou que, inicialmente, o chamado para a ocorrência citava que o autor dos disparos teria passado de bicicleta pelo local e atirado contra a vítima. Posteriormente, foi repassado que um carro preto teria sido utilizado no crime. As imagens não confirmam nenhuma das versões.
2. Quem é o ‘falso esloveno’?
Polícia Civil descobriu que homem executado na frente da esposa era sérvio procurado pela Interpol — Foto: Reprodução
Darko Geisler é suspeito de ser como “matador de aluguel” na Europa e fazer parte de uma organização criminosa que atua na Sérvia.
A Polícia Civil divulgou, em entrevista coletiva realizada em Santos (SP), que o homem usava o nome falso e vivia clandestinamente no Brasil há 9 anos.
3. Como a polícia desvendou a falsa identidade dele?
A Polícia Civil informou ter entrado em contato com o consulado esloveno em Brasília, onde confirmou que os dados não remetiam a nenhuma pessoa daquele país.
Assim que os investigadores enviaram uma cópia do passaporte ao consulado, o órgão informou que ele pertencia tinha sido perdido por um cidadão em 2017. O documento, inclusive, foi cancelado.
A corporação registrou no BO ter localizado uma publicação em um site sérvio que mostrava um homicídio cometido por uma pessoa com traços “idênticos” aos do homem. Após acionar o Departamento de Inteligência da Polícia Civil (Dipol) e também a Interpol, além de fazer tratativas com as autoridades sérvias, a identidade de Darko Geisler foi confirmada.
4. O que ele fazia e como vivia no Brasil?
O sérvio morto (à esq.) ao lado da esposa dele, que presenciou assassinato — Foto: Reprodução/Facebook
Segundo a Polícia Civil, ele não tinha documentos brasileiros, tampouco uma fonte de renda ativa. Geisler vivia de rendimentos enviados pela família mensalmente, de um comércio que teria no leste europeu.
De acordo com a corporação, o casal se conheceu entre 2015 e 2016, em São Paulo. Eles passaram a morar na Baixada Santista em 2017.
Um fato que chamou atenção da polícia é que o filho do casal, prestes a completar 4 anos de idade, é registrado somente com o sobrenome da mãe. Segundo as autoridades, a esposa dele já prestou depoimento mas deve ser chamada novamente para prestar mais esclarecimentos.
5. Por que ele era procurado pela Interpol?
Darko Geisler estava na lista de Difusão Vermelha, também conhecida como ‘red notice’, da Interpol.
Ela permite a prisão da pessoa que está em um país estrangeiro. Portanto, é válida para a detenção de quem está no Brasil e tem a custódia decretada em outro país, como é o caso de Geisler, que vivia com documentos falsos.
A equipe de reportagem apurou que o nome e a foto dele deixaram de ser exibidos na lista de difusão vermelha da Interpol após a execução.
6. Qual foi a repercussão do caso?
O site sérvio Bric publicou sobre a suspeita de que ele teria usado uma identidade falsa no Brasil. Ainda de acordo com a página, a mídia internacional aponta que Darko Geisler teria morrido após um assassinato cometido em dezembro de 2014.
Título de matéria do site sérvio Bric sobre o homem, assassinado em Santos (SP) — Foto: Bric/Reprodução
Outro site de notícias sérvio, o Kurir, afirmou que ele era acusado pela morte de Andrija Mrdak, no dia 25 de dezembro daquele ano, em frente à entrada do presídio de Spuž, em Montenegro. O homem estaria visitando o irmão na prisão e, assim como Geisler, morreu na frente da esposa.
A polícia de Montenegro o procurava desde o assassinato, depois de terem encontrado vestígios do DNA de Geisler na cena do crime.
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