Cerca de 30 mil protestantes se reuniram perto do Parlamento israelense e empunharam cartazes com mensagens como “Ministro do crime” e “Farto dos corruptos”. Além de repetirem máximas como “Israel não é uma ditadura!” e “Democracia é diálogo”.
Um dos organizadores do ato indicou que esperava cerca de 100 mil pessoas no local.
Os manifestantes rejeitam a reforma judicial que o novo governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que assumiu o poder no final de dezembro, quer aprovar.
O premiê lidera a coalizão de partidos judeus de direita, extrema direita e ultra ortodoxos, considerados os mais à direita na história do país.
Benjamin Netanyahu participa da votação que pode alterar regras do sistema judiciário israelense — Foto: Maya Alleruzzo/Pool via REUTERS
A medida, proposta no início de janeiro, provocou forte rejeição da opinião pública, que a vê como uma ameaça à democracia.
O projeto busca reduzir a influência do poder judicial ao introduzir uma cláusula que permite que o Parlamento anule algumas decisões da Suprema Corte por maioria simples.
Também propõe mudanças na nomeação dos juízes da Suprema Corte e uma redução dos poderes de assessores jurídicos dentro dos ministérios.
“O Estado está em perigo (…) é uma tentativa de golpe de Estado para transformar Israel em uma ditadura”, disse à AFP David Bar, um manifestante presente no ato.
A polícia anunciou a detenção de oito manifestantes que tentaram bloquear o acesso a algumas estradas e à casa de um deputado.
O presidente israelense, Isaac Herzog, que tem um papel essencialmente protocolar, alertou no domingo (19) sobre as fraturas que o projeto pode causar na sociedade.
Desde que o premiê assumiu o poder no final do ano passado, dezenas de milhares de pessoas têm protestado todos os sábados em Tel Aviv para rejeitar a reforma.
“Em uma democracia, a população vota nas eleições e os representantes do povo votam aqui no Knesset”, respondeu Netanyahu aos manifestantes do plenário.
“Lamentavelmente, os líderes do protesto atropelam a democracia. Não respeitam o resultado das eleições, não respeitam a decisão da maioria”, criticou.
Para Netanyahu e seu ministro da Justiça, Yariv Levin, o projeto é necessário para reequilibrar as relações de força entre os deputados e a Corte perante um tribunal que consideram politizado. Já para seus opositores, a reforma ameaça o caráter democrático do Estado de Israel.
“Essa é a pior crise interna que o Estado de Israel conheceu (…) não nos renderemos”, disse o líder da oposição de centro, Yair Lapid.
Para o ex-ministro da Defesa, Benny Gantz, outra figura da oposição centrista, “A História não os perdoará e a história os julgará”, comentou.
Algumas figuras da direita também rejeitam a reforma, como a ex-chefe do Shin Beth (Agência de Segurança de Israel), Yoram Cohen.
É “impossível mudar a natureza do Estado no nível judicial sem um amplo acordo”, declarou nesta segunda-feira na rádio militar.
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