O presidente Javier Milei, da Argentina, afirmou em entrevista divulgada nesta quinta-feira (23) pelo jornal “La Nación” que Pedro Sánchez, o presidente da Espanha, é “um incompetente, mentiroso e covarde”. Os líderes dos dois países estão trocando críticas e acusações, e a Espanha retirou sua embaixadora de Buenos Aires.
Ao ser perguntado pelo jornal o que pensava de Sánchez, Milei afirmou que o espanhol mandou os ministros o agredirem. “Ele quis intervir na política argentina e ter um papel na política argentina, depois me mandou agredir pelos seus ministros, não teve nem mesmo coragem de fazer isso. Com o revés com o ministro de Transportes, mandou mulheres me agredir para tentar me enquadrar como misógino” (leia mais abaixo como a crise diplomática começou).
O argentino afirmou que depois desse incidente, “Sánchez usou o aparato do Estado para responder, mesmo colocando em xeque a relação bonita entre os povos da Espanha e Argentina, e hoje ele é uma piada da Europa quando o assunto é diplomacia”.
Após essa declaração do ministro, o gabinete presidencial da Argentina repudiou as “calúnias e difamações” e disse que “o governo de Pedro Sánchez tem problemas mais importantes para lidar, como as acusações de corrupção que pairam sobre sua esposa, questão que o levou até a considerar sua renúncia”.
Trata-se de uma referência a Begoña Gómez, mulher de Sánchez, que foi investigada pelo Ministério Público espanhol. Em abril, a Justiça espanhola aceitou uma denúncia contra a esposa do premiê, Begonã Gómez, feita pela associação Manos Limpias, um coletivo ligado à extrema direita que Sánchez acusa de estar perseguindo sua família há anos.
A Manos Limpias acusou Gómez de tráfico de influência e corrupção empresarial. No entanto, o Ministério Público arquivou depois a investigação com a alegação de que as provas apresentadas — informações da imprensa indiretamente relacionadas à esposa de Sánchez — não eram suficientes.
Após a declaração de Milei sobre a mulher de Sánchez, a Espanha exigiu que o presidente argentino pedisse desculpas. Pedro Sánchez exigiu “respeito” a Milei e afirmou que, se não houvesse uma retratação, o governo espanhol tomaria medidas.
Milei respondeu que não iria se desculpar porque foi atacado.
A situação piorou no domingo. Milei viajou a Madri para participar de um encontro do partido de extrema direita Vox. Ele não se encontrou nem com Sánchez e nem com o rei, que é o chefe do Estado.
Na reunião do Vox, ele afirmou que “as elites globais não percebem o quão destrutivo pode ser implementar as ideias do socialismo, porque é algo muito distante para elas, não sabem que tipo de sociedade e país isso pode produzir, que tipo de gente está no poder e quais níveis de abuso podem gerar”.
Sánchez é do Partido Socialista Espanhol.
Milei seguiu em seu discurso e afirmou: “Quer dizer, mesmo que ele tenha uma mulher corrupta, ele se suja e leva cinco dias para pensar nisso”.
A Espanha então chamou sua embaixadora em Buenos Aires para consultas. O ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, disse que não há precedentes de um chefe de Estado insultar instituições de outro país, referindo-se a críticas de Milei às “ideias do socialismo” em um evento do Vox em Madri.
Na terça-feira, Albares afirmou que o país retirou seu embaixador de Buenos Aires.
Milei respondeu à retirada do embaixador chamando a decisão de “um absurdo típico de um socialista arrogante” e afirmou que não convocará o embaixador argentino na Espanha, Roberto Bosch. A medida não significa rompimento das relações diplomáticas, já que um encarregado de negócios continuará na embaixada.
O presidente argentino, Javier Milei, fala em conferência da extrema direita em Madri, na Espanha, em 19 de maio de 2024. — Foto: Manu Fernandez/ AP
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Por: G1
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