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Jovem de escola estadual aprovada em universidade na Coreia do Sul relata sofrer xenofobia no país: ‘não sou muito bem-vinda’

today23 de janeiro de 2023 45

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A jovem Fernanda Trajano Bogue, de 21 anos, aprovada em sete universidades internacionais, após cursar o Ensino Médio em uma escola da rede estadual paulista, completou seis meses como estudante na Coreia do Sul. Ao g1, ela revelou, nesta segunda-feira (23), já ter sofrido xenofobia [preconceito por ser estrangeira] no país e considera o idioma e o ‘choque cultural’ os maiores desafios enfrentados no período. “Às vezes, sinto que não sou muito bem-vinda”.

Fernanda estuda administração de empresas na SolBridge International School of Business, uma universidade em Daejeon, cidade localizada a aproximadamente 157 quilômetros de Seul, capital da Coreia do Sul. Apesar da satisfação com a instituição de ensino e o país em geral, ela contou que não se sente acolhida pelo povo coreano em determinados lugares.

“Às vezes, sinto que não sou muito bem-vinda no país. Gosto muito daqui em vários quesitos, como segurança, educação, facilidade de viajar, mistura do tradicional e moderno, além da tecnologia. Mas algo que me machuca é a xenofobia presente aqui. Existem bares, restaurantes e baladas que estrangeiros não podem entrar“, desabafou.



Ela considera o idioma um dos maiores desafios na adaptação. “Estou me esforçando todos os dias e tenho aulas de coreano na faculdade, como um dos requerimentos da graduação. Além disso, começarei a frequentar a Academia de Coreano a partir de março deste ano”.

Fernanda aponta também a culinária como um dos aspectos culturais coreanos mais diferentes dos brasileiros. “A comida daqui possui raízes muito diferentes, com os seus temperos e ingredientes. O que temos em comum é o consumo diário de arroz . A maioria dos pratos típicos são apimentados, algo que não estava acostumada [no Brasil], mas mudou depois de seis meses aqui”.

Fernanda Bogue completou seis meses de estudos em uma universidade da Coreia do Sul — Foto: Arquivo Pessoal

Estudantes ‘individualistas’

Dentro da sala de aula Fernanda classifica o ‘individualismo’ dos colegas o “maior choque” enfrentado até o momento. Segundo a brasileira, o comportamento se dá por conta de um ‘sistema de ranking’ feito pelas universidades com os próprios alunos, que interfere diretamente na bolsa de estudos.

O maior choque foi ver como a educação é competitiva por aqui, algo que nunca experienciei antes. No Brasil, estava acostumada a ser amiga de todos, sempre nos ajudando nas lições de casa e fazendo sessões de estudos para as provas. Aqui, as pessoas normalmente se separam em grupos de estudo e não se misturam muito”, explicou a jovem.

Ela acrescentou que o comportamento é replicado pelos estudantes na tentativa de alcançarem um desempenho acadêmico melhor. “Apenas os ‘top 30%’ do curso podem tirar nota máxima, o que faz os alunos serem muito ativos nas discussões em sala de aula e mais individualistas em questão de prestar ajuda aos colegas de sala, uma vez que a bolsa de estudos depende diretamente da sua média de notas“.

Apesar dos desafios, Fernanda revelou ter encontrado em amigos – não coreanos – companhias para aproveitar o período de estudos no país.

“Compartilhamos nosso sentimento de saudade de casa, das nossas comidas típicas, choque cultural e as dificuldades de estar em um país novo. Tenho amigos da Indonésia, Rússia, Índia, Moçambique, México, e, apesar de todos sermos de culturas e continentes diferentes, juntos desbravamos a Coreia”, afirmou.

Para o futuro, a jovem planeja aprofundar seus conhecimentos na área [da administração de empresas] e, um dia, voltar para casa. “Estou certa de que desejo continuar viajando e conhecendo o mundo, fazer um mestrado para adquirir ainda mais conhecimento e poder trabalhar no Brasil, devolvendo tudo que aprendi na Coreia do Sul e no mundo, especialmente na questão de tecnologia para que nosso país se desenvolva”.

Jovem aprovada em sete universidades internacionais motiva alunos brasileiros

Jovem aprovada em sete universidades internacionais motiva alunos brasileiros

Fernanda concluiu o Ensino Médio em uma escola da rede estadual de São Paulo, em 2019, e passou a se dedicar ao sonho de cursar administração de empresas fora do Brasil. Aos 20 anos, ela foi aprovada em sete universidades internacionais, sendo cinco nos Estados Unidos e duas na Coreia do Sul.

A jovem recebeu, no último dia 7 de junho, a notícia de que havia ganhado uma vaga e uma bolsa de estudos de 80% no valor do curso na SolBridge International School of Business, onde estuda atualmente.

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Por: G1

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