A tensão entre Venezuela e Guiana é causada por uma disputa territorial pela região denominada Essequibo. A região hoje faz parte do território da Guiana, mas é reivindicado pelo governo de maduro.
Equivalente a cerca de 70% do território guianense, o local possui reserva vasta de petróleo e é motor para renascimento econômico do país. Entenda a disputa.
“O presidente Lula transmitiu a crescente preocupação dos países da América do Sul sobre a questão do Essequibo. Expôs os termos da declaração sobre o assunto aprovada na Cúpula do Mercosul e assinada por Brasil, Uruguai, Paraguai, Argentina, Colômbia, Peru, Equador e Chile. Recordou a longa tradição de diálogo na América Latina e que somos uma região de paz”, disse o governo brasileiro em comunicado à imprensa.
De acordo com o Palácio do Planalto, Lula sugeriu a Maduro que o presidente da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), Ralph Gonsalves, primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, trate do tema com Venezuela e Guiana.
O presidente, ainda de acordo com o governo, também reiterou que o Brasil está a disposição para apoiar e acompanhar essas iniciativas de diálogos para a resolução da questão territorial.
A conversa entre Lula e Maduro aconteceu na manhã deste sábado, por volta das 10h, e durou cerca de meia hora.
Presidentes Lula e Maduro durante encontro em Brasília, em maio de 2023. — Foto: Ueslei Marcelino/Reuters
Maduro diz que Guiana tem que conversar
Neste sábado (9), em uma publicação no X (antigo Twitter), Maduro escreveu: “A Guiana e a ExxonMobil terão que sentar e conversar conosco, o Governo da República Bolivariana da Venezuela. De coração e alma, queremos Paz e compreensão (…)”.
A ExxonMobil é uma empresa petrolífera norte-americana e uma das maiores do mundo, que extrai petróleo na Guiana.
A fala vem após o presidente venezuelano realizar, apesar da proibição da Corte Internacional de Justiça, um plebiscito sobre a anexação do território do país vizinho. E, após a votação, divulgar um novo mapa que considera Essequibo como parte do território venezuelano.
Venezuelanos aprovaram anexação
Os venezuelanos rejeitaram, em referendo np domingo (3), a jurisdição da Corte Internacional de Justiça sobre a longa disputa territorial do país com a vizinha Guiana — e apoiaram a criação de um novo estado na região de Essequibo. Segundo a autoridade eleitoral local, mais de 95% dos eleitores aprovaram as cinco questões elaboradas pelo governo.
Pela primeira vez, Maduro deu um horizonte para os planos serem levados adiante: “2030, ou mais”, “para cumprir o mandato do povo que votou pelo sim”. Foi uma referência ao plebiscito realizado no último domingo, com participação de metade dos eleitores da Venezuela, em que a anexação de Essequibo foi aprovada.
Leia a íntegra da nota do governo brasileiro:
“O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, na manhã deste sábado (9/12), telefonema do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
O presidente Lula transmitiu a crescente preocupação dos países da América do Sul sobre a questão do Essequibo. Expôs os termos da declaração sobre o assunto aprovada na Cúpula do Mercosul e assinada por Brasil, Uruguai, Paraguai, Argentina, Colômbia, Peru, Equador e Chile. Recordou a longa tradição de diálogo na América Latina e que somos uma região de paz.
Fez um chamado ao diálogo e sugeriu que o presidente de turno da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), Ralph Gonsalves, trate do tema com as duas partes. O presidente Lula reiterou que o Brasil está a disposição para apoiar e acompanhar essas iniciativas.
Lula ressaltou que é importante evitar medidas unilaterais que levem a uma escalada da situação.”
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