Embora não tão radical, a medida é preocupante na Venezuela: sob o pretexto de uma ampla reestruturação da organização, a intervenção foi determinada pelo Tribunal Supremo de Justiça, acatando um pedido do procurador Tarek William Saab.
Acusado pelo governo de maus tratos e perseguições aos funcionários, o médico Villarroel, que atuava desde 1978 como presidente da entidade, foi substituído por um interventor, o ex-presidente da Fedecamaras Ricardo Cusanno.
Maduro e o número dois do regime, Diosdado Cabello, acusam Villarroel de conspirar contra o governo chavista e “atividade mafiosa” na distribuição de recursos.
Mas organizações humanitárias advertem que a decisão abre um grave precedente para a intervenção em outras ONGs, sempre sob o pretexto da má gestão. Os recursos geridos pela Cruz Vermelha são oriundos do Comitê Internacional da Cruz Vermelha e não do Estado Venezuelano.
Os primeiros passos para a medida foram dados em janeiro passado, quando a Assembleia Nacional aprovou, no primeiro de dois debates, a Lei de Supervisão, Regularização, Atuação e Financiamento de ONGs na Venezuela.
Na ocasião, Cabello disse ter identificado 62 entidades que recebem financiamento de outros países e que operam com “fins absolutamente políticos”. A lei, justificou ele, serviria “para ajudar a pôr ordem num setor onde não há ordem”.
Mais de 400 entidades repudiaram o projeto de lei, sob a alegação de que suprime o direito à liberdade de associação e fecha o espaço cívico, numa violação dos tratados internacionais de direitos humanos firmados pela Venezuela.
Diante desse cenário, a intervenção na Cruz Vermelha não surpreendeu e foi encarada como reflexo natural do projeto de Maduro para interferir e banir as ONGs de prestação de ajuda humanitária do país.
Funcionário da Cruz Vermelha abraça pai de vítima de uma enchente em Manágua em 2010. Entidade atuava em desastres na Nicarágua desde 1931. — Foto: Esteban Felix/ AP
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Por: G1
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