G1 Mundo

Massa x Milei: entenda as propostas dos candidatos que disputam o 2º turno para presidente na Argentina

today18 de novembro de 2023 9

Fundo
share close

A disputa está acirrada. Os candidatos são o advogado Sergio Massa, ministro da Economia, e o economista ultraliberal Javier Milei, do partido A Liberdade Avança, fundado em 2021. Ambos chegam ao segundo turno com uma forte rejeição.

No primeiro turno, em outubro, Massa ficou em primeiro lugar, com 36,68% dos votos. Já Milei obteve 29,98%. A terceira colocada, Patricia Bullrich, teve 23,83% e agora apoia Milei.

As últimas pesquisas projetam uma eleição apertada, com empate técnico e ligeira vantagem numérica de Milei. O resultado deve sair a partir das 21h deste domingo.



Eleições na Argentina: Massa e Milei disputam segundo turno

Eleições na Argentina: Massa e Milei disputam segundo turno

Massa e Milei são candidatos antagônicos em muitas frentes, especialmente na economia. O governista defende a moeda nacional e algum envolvimento estatal na economia, e o oposicionista quer acabar com o Banco Central do país e promover a dolarização.

Veja, abaixo, quem são os dois candidatos e quais as principais propostas deles caso vençam a eleição.

Sergio Massa segura um leão de pelúcia durante ato de encerramento de campanha em uma escola de Buenos Aires, em 16 de novembro de 2023. — Foto: Ministério da Economia da Argentina via Reuters

Representante da coligação peronista União pela Pátria, Sergio Massa é advogado, tem 51 anos e está há mais de 20 anos na política — já foi deputado estadual, deputado federal, prefeito, candidato a senador e, agora, é candidato a presidente pela segunda vez.

Massa se classifica como “peronista” — corrente política bastante ampla na Argentina que designa, basicamente, aqueles identificados com o ex-presidente Juan Domingo Perón.

O político teve uma relação instável com uma subcorrente do peronismo, o kirchnerismo, dos ex-presidentes Néstor e Cristina Kirchner, tendo ocupado o importante posto de diretor do órgão responsável pelas aposentadorias e pensões no governo de Néstor. Depois, foi chefe de gabinete de Cristina, com quem chegou a romper em 2013, concorrendo contra ela nas eleições seguintes. A reaproximação se deu em 2019.

É o ministro da Economia do governo de Alberto Fernández, também peronista, desde agosto de 2022.

Propostas de Sergio Massa

Durante a campanha eleitoral, Massa declarou em mais de uma oportunidade que pretende implementar um “governo de unidade nacional”, que incorpore não apenas partidos de oposição, mas também empresários, empreendedores, sindicalistas, representantes de movimentos sociais e acadêmicos.

“Quero ser presidente da união nacional, quero inaugurar uma nova etapa no país, com diálogo, convivência democrática e busca por consensos”, afirmou ele. “Sonho com um país em que deixemos para trás as diferenças e a polarização.”

Como ministro da Economia em um momento que a moeda argentina, o peso, sofre forte desvalorização e a inflação acumula 142,7% em 12 meses (maior taxa em 32 anos), Massa vem sendo questionado sobre como pretende resolver o problema da alta dos preços.

Em entrevista na última terça (15), ele afirmou que pretende “derrotar a inflação em 2024” por meio da recuperação das exportações.

Também disse que quer buscar o “déficit zero” por meio de mudanças na administração pública, redução dos gastos públicos e “unificação de empresas públicas”.

Em relação ao Fundo Monetário Internacional, Massa pretende rediscutir o programa de pagamento da dívida da Argentina.

A plataforma eleitoral de Massa submetida à Justiça Eleitoral é baseada em quatro pilares: novo pacto democrático, independência econômica, soberania popular e justiça social. Entre as principais propostas elencadas no documento oficial estão:

  • Recuperar o poder aquisitivo dos salários e aposentadorias;
  • Garantir e defender os atuais direitos trabalhistas e promover novos direitos para o mundo do trabalho;
  • Estabilizar os preços sem afetar a taxa de emprego;
  • Fortalecer empresas públicas nacionais, mas também desmonopolizar e estimular a competição, além de federalizar a produção e o emprego e promover a articulação público-privada para estimular a adoção de novas tecnologias e promover a criação de empresas;
  • Promover um salto no valor das exportações entre 2024 e 2028;
  • Desenvolver setores estratégicos para a substituição de importações, novas políticas agrícolas para consolidar a liderança global e políticas e incentivos em setores estratégicos da economia popular.

Saúde, educação e ciência:

  • Criar um sistema de saúde integrado e implementar uma política integral de cuidados;
  • Promover uma legislação para o acesso gratuito a medicamentos;
  • Federalizar e fortalecer o sistema científico tecnológico;
  • Impulsionar uma revolução educacional.

  • Desenvolver uma política ambiental de mitigação e adaptação às mudanças climáticas;
  • Impulsionar a transformação da indústria petroquímica;
  • Acompanhar o desenvolvimento da mineração sustentável, como forma de promover o desenvolvimento econômico regional e nacional, “preservando o cuidado com o meio ambiente;
  • Implementar uma política integral de acesso à terra e moradia.

  • Repensar o Estado de forma a reconstruir o pacto democrático e a garantia efetiva da divisão das funções do poder — o documento lembra a tentativa de assassinato da vice-presidente Cristina Kirchner, em 2022, definida como a ruptura do pacto democrático;
  • Debater e participar da necessária regulamentação que o ecossistema midiático digital exige.

Javier Milei, candidato à presidência da Argentina, em debate realizado em 8 de outubro de 2023 — Foto: Reuters/Agustin Marcarian/Pool

Milei, de 52 anos, se promove como um personagem de fora da política tradicional e diz que quer combater o que chama de “casta política” da Argentina.

Economista de formação, atuou no setor privado e foi professor universitário. Ganhou fama no país ao ser convidado para falar em programas de rádio e TV.

Em 2021, com um discurso inflamado “contra tudo e contra todos”, venceu sua primeira eleição para o cargo de deputado federal. Por seu radicalismo, analistas políticos o comparam a Jair Bolsonaro e Donald Trump.

Nas eleições deste ano, o partido que ele fundou, A Liberdade Avança, foi o que mais cresceu no Legislativo, alcançando a terceira maior bancada no Congresso, com 38 deputados e 8 senadores.

Propostas de Javier Milei

A retórica inflamada é uma das características marcantes do economista ultraliberal, que fez das propostas econômicas suas principais bandeiras de campanha. Duas delas, em especial, são as consideradas mais polêmicas:

  • Milei propõe a “dolarização da economia”, para substituir o peso pelo dólar. Na América do Sul, o modelo é adotado pelo Equador.
  • O candidato também quer “dinamitar” o Banco Central, acabando com a instituição responsável pela política monetária da Argentina.

Durante a campanha eleitoral, ele também afirmou que quer promover uma desregulamentação para compra de armas pelos cidadãos e se colocou contra o aborto e a educação sobre questões de gênero nas escolas públicas.

No documento oficial enviado à Justiça Eleitoral, as principais propostas de Milei são:

  • Eliminar gastos improdutivos do Estado e diminuir o tamanho do Estado;
  • Cortar o gasto com aposentadorias e pensões, visando um sistema de capitalização privado;
  • Privatizar empresas públicas deficitárias;
  • Retirar imediatamente todas as restrições cambiárias, que limitam as compras de dólares pelos argentinos;
  • Eliminar o Banco Central e promover a dolarização da economia;
  • Promover uma reforma tributária que elimine e diminua impostos para potencializar o desenvolvimento dos processos produtivos;
  • Concessões para a exploração de recursos naturais;
  • Promover uma reforma trabalhista que elimine as indenizações, substituindo-as por um sistema de seguro desemprego, além de “promover a liberdade de filiação sindical” e “reduzir os impostos ao trabalhador”;
  • Eliminar as retenções a exportações e direitos de importação.

Saúde, educação e tecnologia:

  • Implementar soluções tecnológicas, como telemedicina, receita eletrônica;
  • Proteger as crianças desde sua concepção;
  • Criar um sistema de vouchers de cheques educativos;
  • Eliminar a obrigatoriedade da educação sexual integral em todos os níveis de ensino;
  • Investir na manutenção do sistema energético atual, mas também “promover novas fontes de energias renováveis e limpas (solar, eólica, hidrogênio verde).

  • Construir estabelecimentos penitenciários com sistema de gestão público-privada;
  • Estudar a possibilidade de reduzir a idade de imputabilidade de menores;
  • Desregulamentação do mercado legal de armas de fogo, proteger o uso “legítimo e responsável por parte da cidadania”.




Todos os créditos desta notícia pertecem a G1 Mundo.

Por: G1

Esta notícia é de propriedade do autor (citado na fonte), publicada em caráter informativo. O artigo 46, inciso I, visando a propagação da informação, faculta a reprodução na imprensa diária ou periódica, de notícia ou de artigo informativo, publicado em diários ou periódicos, com a menção do nome do autor, se assinados, e da publicação de onde foram transcritos.

Avalie

Post anterior

santos-bate-42,3oc-e-registra-o-dia-mais-quente-do-ano-com-praias-lotadas

G1 Santos

Santos bate 42,3ºC e registra o dia mais quente do ano com praias lotadas

Com 42,3ºC, a cidade de Santos, no litoral de São Paulo, registrou o dia mais quente do ano, neste sábado (18). De acordo com a prefeitura, a medição foi feita em uma estação meteorológica da Defesa Civil do município, no bairro São Manoel. Às 15h10, de acordo com o meteorologista da Defesa Civil de Santos, Franco Cassol, a sensação térmica foi de 48,5°C, no bairro São Manoel. "A sensação térmica […]

today18 de novembro de 2023 9

Publicar comentários (0)

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado. Os campos obrigatórios estão marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.


0%