Davi está internado no Hospital Ana Costa, em Santos, no litoral de São Paulo. Segundo a prima dele, Suzane Silva Amorim, de 23 anos, todas as cirurgias foram feitas nesta mesma unidade de saúde, sendo cinco delas neste ano e duas em 2022. O menino aguarda alta médica.
Suzane contou que os médicos que acompanham o caso avisaram à família que a criança poderia ter as sequelas, que se confirmaram.
“Sabíamos que o tumor poderia deixar algumas marcas, mas não sabemos até quando. Agora será necessário esperar o tempo dele para saber se as alterações no corpo serão reversíveis.”
A prima do menino acrescentou que a família deseja levá-lo para casa, porém, terá que adaptar todo o imóvel, que fica no Morro do Tetéu, também em Santos (SP). Além da reforma, Davi precisará de uma cadeira de rodas e cama de hospital na residência.
“Estamos reformando o banheiro para passar a cadeira, colocando barras de segurança e piso. Enquanto não fica pronto, estamos usando o banheiro do vizinho [a família, que ainda aguarda a alta do menino]”, explicou a prima da criança.
Suzane disse também que a mãe do garoto precisou deixar o emprego para cuidar dele. “Faz um ano que ele passa por procedimentos e todos eles sempre têm um período de acompanhamento. Alguém tem que ficar com o menino o tempo todo. Ainda bem que o Davi tem o plano de saúde, que é do pai dele. O que ajudou e vai ajudar no tratamento.”
Davi começou a sentir fortes dores na cabeça em 2019. “Eram constantes, e com os anos os sintomas foram aumentando. Começaram os enjoos e a perda de peso”, contou Suzane.
Em abril de 2022, a família pediu para que o menino fosse internado em uma unidade de saúde da região para fazer uma avaliação completa. “Como ele tinha o convênio, conseguimos a vaga no hospital e tudo começou a ser descoberto”, disse a prima do menino.
Suzane relatou que um líquido – não identificado – no cérebro do menino foi identificada por meio de uma tomografia. Após isso, ainda de acordo com ela, uma ressonância diagnosticou o tumor. “O resultado não era o esperado, porque já estava grande para uma criança de sete anos. Os médicos informaram que ele ia operar com urgência.”
O menino voltou a sentir dores na cabeça seis meses depois, e novos exames foram feitos. “Em dezembro de 2022, o tumor reapareceu e estava grande, atingindo os 40 centímetros. Ele fez o procedimento, mas por conta da localidade foi retirado por partes”, descreveu.
A última cirurgia foi realizada em 19 de abril. “Infelizmente ele vai para casa acamado, mas acreditamos que foi a última vez. O Davi é um menino de luz, uma criança empática e a gente custa a acreditar que isso está acontecendo. Mas temos fé que ele vai ficar bem”, finalizou Suzane.
Ao g1, o médico neurocirurgião André Luis Domingues explicou que os craniofaringiomas são tumores pouco frequentes, que surgem inicialmente com sintomas ‘menos aparentes’. Segundo ele, o diagnóstico é considerado ‘tardio’ devido aos lento desenvolvimento do tumor.
O profissional ressaltou que o tumor é mais comum em crianças entre 5 a 14 anos, além de adultos com mais de 45 anos.
O médico apontou, ainda, a existência de três tipos de craniofaringiomas. “São caracterizados como o adamantinomatoso, que aparece mais em criança, o papilar, que vemos em adulto, e o misto”.
Domingues destacou que os principais sintomas desse tumor são dor de cabeça, perda visual, hidrocefalia, sintomas endócrino, promovendo fadiga, diabetes, ganho de peso, crescimento atrofio, puberdade retardada, disfunção sexual.
“Ele causa sintomas por dois motivos: compressão das estruturas cerebrais importantes que ficam próxima dele e infiltração/destruição destas estruturas”. disse.
Para diagnosticar o problema, o neurocirurgião orienta a realização de tomografia computadorizada ou ressonância nuclear magnética e exames de sangues para medir os níveis hormonais. O tratamento é cirúrgico podendo se necessário associar Radioterapia (depende da ressecção).
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