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“Sei que nem todos vão gostar da minha decisão, e outros ainda terão dúvidas. Mas volto a sublinhar que essa decisão é fruto de um processo justo e ordenado”, disse Söder em uma conferência de imprensa incomum neste domingo. Na Alemanha, e sobretudo na predominantemente católica Baviera, eventos políticos desse tipo não costumam ser realizados nos domingos.
Durante toda a semana, Aiwanger foi alvo de duras críticas após uma reportagem do jornal bávaro “Süddeutsche Zeitung” (SZ), com sede em Munique, lhe atribuir a autoria de um panfleto antissemita que circulou quando ele era adolescente e estava no ensino médio. Segundo o SZ, o folheto zombava do Holocausto e dos campos de concentração nazistas.
Logo depois da divulgação do artigo, o irmão do vice-governador, Helmut, foi a público afirmar que era o verdadeiro autor do panfleto. Mesmo assim, a pressão sobre Aiwanger persistiu – e isso devido também a outras alegações relacionadas a sua juventude, como a de que teria conduzido uma saudação nazista na escola.
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O governador da Baviera disse que tomou a decisão após analisar cuidadosamente as alegações. Segundo Söder, Aiwanger aparentemente cometeu erros graves durante a juventude, mas se afastou deles e demonstrou arrependimento.
Ele também disse que não há provas de que Aiwanger tenha sido o autor do panfleto ou o tenha distribuído, além de mencionar que tudo ocorreu “há 35 anos”.
“Quase nenhum de nós está hoje como era aos 16 anos”, ponderou.
Söder pediu que Aiwanger respondesse a 25 perguntas. O teor dos questionamentos e as respostas não foram divulgados. No entanto, na coletiva, Söder disse que, com base no questionário, era possível perceber que o evento havia sido uma experiência drástica para o vice.
Em declarações publicadas neste domingo pelo jornal “Bild am Sonntag”, Aiwanger afirmou que não via “nenhuma razão para renunciar ou ser exonerado do cargo”.
Aiwanger, além de vice-governador da Baviera, é líder do parceiro de coalizão de Söder, a sigla de centro-direita Freie Wähler (Eleitores Livres).
Logo após o jornal “Süddeutsche Zeitung” noticiar o assunto pela primeira vez, Aiwanger negou responsabilidade direta pelos panfletos – o que depois foi corroborado pelo irmão Helmut. Os dois têm apenas um ano de diferença de idade e frequentaram a mesma escola na década de 80, a nordeste de Munique.
Dias depois do texto do SZ, Aiwanger pediu desculpas por possíveis erros na juventude, embora também tenha dito que não se lembrava de outras acusações, como de ter sido visto conduzindo uma saudação nazista na escola.
Ainda assim, ele afirmou que “lamenta profundamente” se suas ações causaram ofensa.
Apesar disso, disse que as acusações faziam parte de uma campanha política contra seu partido, semanas antes das eleições estaduais da Baviera, marcadas para 8 de outubro.
Ele também disse acreditar que não é justo desenterrar comentários de tanto tempo atrás e argumentou que tais escândalos podem impedir outras pessoas de entrar na política.
O partido de Söder, a CSU é de longe a força dominante na Baviera e o braço no estado da CDU, o partido da ex-chanceler federal Angela Merkel.
A vitória da CSU é sempre dada como certa na Baviera, restando saber apenas se ela vai ou não precisar formar uma coalizão para governar (ou seja, ter maioria no parlamento estadual).
Em 2018, a CSU precisou formar uma coalizão – e, para isso, escolheu o partido de Aiwanger. Isso levou Aiwanger, um desconhecido fora de seu estado natal, a se tornar vice de Söder, uma figura popular em toda Alemanha, e também seu secretário da Economia.
Uma das principais demandas do Freie Wähler é maior independência local do governo nacional em Berlim.
Desde 2008, a sigla detém pelo menos 9% dos votos na Baviera. Porém, as pesquisas mais recentes indicam que o partido pode ter este ano um seu desempenho ligeiramente melhor do os 11,6% registados em 2018.
Por: G1
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