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Motorista é rendido por trio e obrigado a dirigir sob a mira de arma após mulher chamar Uber para desconhecidos; VÍDEO

today11 de julho de 2023 7

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A corrida em que aconteceu o crime estava no nome da gerente comercial Débora Monello, de 34 anos. Ela estava chegando em casa, na Avenida Presidente Wilson, quando foi abordada pelos criminosos, que pediram ajuda para chamar um motorista do aplicativo Uber (veja o vídeo acima).

Eu fiquei com pena”, contou Débora, em entrevista ao g1. Os jovens disseram à ela que estavam no local por 40 minutos esperando algum transporte. “Eu chamei o Uber. O primeiro era uma mulher. Ela aceitou a corrida, só que começou a demorar muito e eu cancelei […]. Na hora que eu cancelei o da mulher, eu já estava cansada, falei: ‘gente, não está aceitando, eu vou subir’. Daí aceitou outro Uber, que era o Jorge”.

Segundo a gerente, a corrida deu R$7 e os homens a entregaram uma nota de R$ 10, dizendo que ela poderia ficar com o troco. O motorista chegou para buscar Débora e estranhou o trio.



“Vi que tinham três caras, até pensei em sair e passar direto porque não tinha nenhuma mulher na frente. Mas, o maiorzinho já logo encostou no carro e falou que era só até o bar. Eu já estava parado, não tinha o que falar”, relembrou o motorista Jorge.

Do lado de dentro do portão, Débora observou os jovens entrarem no veículo. “Coloquei a mão para fora do portão falando: ‘moço leva os meninos direitinho’”, disse a gerente comercial. Já em casa, ela passou a acompanhar a viagem dos jovens e reparou que o carro de Jorge estava em outro caminho, já no bairro Vila Margarida. Por isso, ela resolveu mandar uma mensagem para o motorista.

“Eu falei: ‘moço, eu não conheço esses meninos. Se acontecer alguma coisa, saia andando em direção a alguma viatura ou aguarda uns minutinhos, enrola que eu já estou chamando a polícia’. Porque eu vi que ficou parado por uns 15 minutos lá”, contou Débora.

A mulher ligou para a Polícia Militar (PM) por cerca de seis vezes em busca de informações e começou a pensar que colaborou para um crime, mesmo sem saber. “Comecei a chorar, a passar mal, achei que o cara [Jorge] tinha sido morto“, relatou.

Débora, então, postou nas redes sociais sobre o caso. No dia seguinte, conseguiu falar com Jorge, que confirmou que foi vítima de criminosos. “Infelizmente, nós temos uma mania de acreditar que todo mundo é bom”, disse o motorista.

Débora Monello foi abordada pelo trio enquanto estava chegando em casa — Foto: Arquivo Pessoal/Débora Monello

Ao g1, Jorge contou que os criminosos entraram normalmente no carro. Dois sentaram no banco de trás e o terceiro – que aparentava ser menor de idade – ficou no banco do passageiro na frente. No entanto, ao chegar no destino que estava no aplicativo, o trio se recusou a descer.

De acordo com o motorista, os passageiros disseram que o destino estava errado e que Débora estava ciente disso. “Colocou como se ela fosse uma garota de programa e disse que já tinha acertado com ela”, relatou Jorge, que estranhou a situação e disse que mandaria uma mensagem para a dona da conta. Um dos jovens pegou o telefone e fingiu que estava falando com a mulher.

Eles pediram para Jorge seguir em direção à Vila Margarida, mas conforme foi se aproximando do bairro, o motorista parou o carro e disse que só iria até aquele ponto.

“Ele respondeu: ‘por que só até aqui, você é policial?’. Eu falei: ‘não, mas eu respeito a área dos caras, sei que ali tem uma boca de fumo, eu não vou colocar meu carro lá dentro. O cara vai pensar que eu sou ‘polícia’ e um emocionado vai me atingir’”, contou Jorge. Nesta hora, ela conta que os criminosos anunciaram o assalto.

Dona do perfil na Uber desconfiou de que algo estava errado quando motorista mudou o trajeto — Foto: Arquivo Pessoal/Débora Monello

Segundo a vítima, um dos criminosos falou que, se Jorge fosse policial, iria morrer naquele momento. “Foi a hora que o que estava atrás de mim encostou o ferro [da arma] na minha nuca”, relatou. Ele conta que precisou dirigir sob a mira da arma.

O trio mandou Jorge seguir em direção ao México 70 e parar em uma rua escura. Os homens revistaram o motorista e o jogaram para o banco de trás, onde ficou com a cabeça abaixada durante todo o trajeto. Jorge ainda tentou conversar com os bandidos alegando que não era policial, mas nada adiantou.

“Até que pararam em um lugar onde tinha uma galera. Eu escutei muitas vozes. Chegou um outro homem com uma maquininha, pegou os cartões e minha carteira”. Um quarto criminoso também tinha uma arma e apontou para a cabeça dele cobrando as senhas.

Dois criminosos foram embora e outros dois armados permaneceram no local. Eles passaram a cobrar as senhas de cartões bancários de uma passageira que tinha esquecido o celular no veículo momentos antes. “Eu falei: ‘amigo, o celular não é meu, como que eu vou saber a senha?’ Foi aí que ele deu um tiro no chão”, contou.

Jorge diz que foi a partir daí que o terror psicológico foi intensificado. Em seguida, eles disseram que iriam liberá-lo, mas apenas se ele tivesse um comportamento bom.

“Falaram assim para mim: ‘você vai descer [do carro] e vai correr’. Aquela hora eu pensei que ia morrer”, relembrou Jorge sobre o momento em que foi libertado.

Ele saiu correndo e encontrou uma viatura embaixo do viaduto Mário Covias Jr. Os policiais levaram o motorista até um batalhão da PM por volta das 5h. Depois, ele foi encaminhado para o Central de Polícia Judiciária de Praia Grande, onde foi elaborado o boletim de ocorrência.

Ao reencontrar a família, por volta das 7h30, o motorista entrou nas redes sociais para pedir ajuda para encontrar o carro, que ele tinha comprado há menos de dois meses. “Foi a única hora que eu consegui entrar no meu Facebook, porque depois eles tomaram conta”, lamentou a vítima.

De acordo com Jorge, os criminosos chegaram a chamar pessoas conhecidas pelas redes sociais cobrando resgate pelo carro. No entanto, os amigos e familiares da vítima conseguiram publicar informações do carro roubado na internet e o veículo foi encontrado ainda na manhã de domingo (9) no mesmo bairro. O motorista foi com o padrasto no local e resgatou o carro com a chave reserva.

“Meu carro estava todo cheio de pino de droga. […] Um cheiro insuportável, marca de pé em todo painel. Antes estava novinho, não tinha um arranhão”, lamentou a vítima. Além das partes quebradas e arranhadas, o automóvel também foi encontrado sem o pneu step.

Agora, Jorge busca ajuda para recuperar as contas bancárias, os documentos e consertar o veículo, que usa para trabalhar. “Fora o susto que eu levei, graças a Deus estou vivo pra contar essa história”, enfatizou a vítima.

Em nota, a Uber lamentou que motoristas parceiros sejam alvo de violência. “A empresa permanece à disposição das autoridades para auxiliar no curso das investigações, nos termos da lei”. Ainda segundo a empresa, a conta utilizada para solicitar a viagem foi desativada assim que a empresa tomou conhecimento do caso.

“Segurança é prioridade para a Uber e a empresa está sempre buscando, por meio da tecnologia, fazer da sua plataforma a mais segura possível, de uma forma escalável. Hoje uma viagem pelo aplicativo já inclui ferramentas de segurança antes, durante e depois de cada viagem, tanto para os usuários quanto para os motoristas parceiros”, diz o comunicado.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP),o caso foi registrado como roubo de veículo e localização/apreensão de veículo na Delegacia de São Vicente.

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Por: G1

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