“Sempre acreditei no instinto materno, então a todo momento eu só segui meus instintos”, enfatizou Alicia.
Ela e o marido Lucas Matheus de Oliveira Felizardo moram em Praia Grande, mas queriam que a bebê nascesse em Santos, no mesmo hospital que o outro filho do casal, Lorenzo, de 2 anos. Por isso, eles pediram um carro da Uber momentos após a bolsa estourar.
O motorista de aplicativo, Giovani Sanches, de 46 anos, chegou no endereço e logo foi informado que o casal estava a caminho do hospital para o nascimento da bebê. Ao g1, ele contou que Lucas brincou dizendo que seria uma boa história para contar, mas ninguém imaginava o que estava prestes a acontecer.
Durante o trajeto, o casal foi avisando os familiares sobre a ida ao hospital, até que as contrações de Alicia se intensificaram. Já em Santos, ela começou a sentir a bebê descer. Lucas pediu para a esposa se ajoelhar no banco. “Quando eu levantei o vestido dela, eu já vi parte da cabeça [de Agatha] para fora e aí falei: ‘Meu Deus do céu’”, ressaltou.
Giovani não pensou duas vezes em acionar o pisca alerta e acelerar o carro, fazendo ultrapassagens. Em uma delas, porém, uma viatura da Polícia Militar (PM) passou a segui-los e pediu para o carro parar. A equipe policial descobriu que se tratava de um parto.
“Quando o Lucas falou com os policiais, ele olhou pro lado e viu a cabeça da bebê já para fora. Como eu já estava ajoelhada no banco, eu a puxei e dei uns tapinhas nas costas para ela chorar. Quando chorou, eu abracei. Nessa hora, ficou um silêncio no carro”, relembrou Alicia.
Lucas e Alicia comemoraram o nascimento da caçula após o susto — Foto: Arquivo Pessoal
Agatha Domingos Felizardo nasceu 10h32 de sexta-feira (22), quase uma hora após a bolsa estourar. Segundo Lucas, todos ficaram impressionados e emocionados com a cena.
“Comecei a chorar, abraçar ela. O policial ficou meio que paralisado, e aí falou: qual é o hospital que vocês vão? Eu falei: Estivadores. E, aí começou uma outra guerra, porque algumas ruas ali em Santos estão em reforma”, relatou.
A equipe da PM abriu caminho para que o carro de Giovani conseguisse passar pelo trânsito mais rápido, enquanto Lucas tentava acalmar Alicia, que se equilibrava ajoelhada no banco com Agatha no colo. Este foi o momento de maior tensão para a mãe. “Senti muito medo dela cair ou de pegarmos alguma infecção”, afirmou a tosadora.
Ao chegarem no hospital, 10 minutos depois, mãe e filha foram atendidas ainda dentro do veículo até serem levadas ao centro cirúrgico, pois a placenta ainda estava em Alicia.
“Quando cheguei no centro cirúrgico, os médicos cortaram o cordão umbilical e começaram a fazer os primeiros exames nela. Por incrível que pareça, ela estava super bem, super saudável. Eu não tive nenhuma hemorragia ou infecção, graças a Deus estávamos bem”, disse.
A família ficou internada em observação e teve alta no domingo (24). “A gente só conseguiu parar e agradecer a Deus e chorar horas depois porque a ficha ainda não tinha caído. Parecia que era um sonho”, relembrou Lucas.
Agatha tem irmão Lorenzo, de 2 anos — Foto: Arquivo Pessoal
Segundo ele, tudo aconteceu de forma natural, por isso ninguém pensou em ligar para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), por exemplo.
“Não pensamos em nada do externo. Parecia que a gente ficou dentro do carro ali, controlando tudo que estava acontecendo, sendo guiado por Deus. Para ela não sentir tanta dor, para eu manter a calma, para o motorista manter a calma e conseguir dirigir”, comentou Lucas.
Giovani explicou ao g1 que tem seis filhos e assistiu aos partos, mas jamais imaginou presenciar um dentro do próprio carro. “Já vi histórias assim, mas a gente nunca imagina que possa acontecer, que possa ser possível acontecer contigo. Foi uma emoção muito grande”, afirmou. De acordo com o motorista, a ficha só caiu quando todos já estavam em segurança no hospital.
“Uma coisa muito divina, eu posso descrever assim. É uma bênção, chega até a arrepiar ainda só de lembrar”, falou o motorista
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