A estudante Juliana Rizzo, de 34 anos, só conseguiu denunciar o marido, preso por estuprá-la enquanto ela dormia sob o efeito de remédios, após se ‘curar’ da depressão. Ao g1, ela contou, nesta sexta-feira (3), que os medicamentos para o tratamento da doença foram determinantes para que tivesse forças para expor o caso às autoridades. “Me ajudaram a enxergar a vida de outra forma“.
O empresário Ricardo Penna Guerreiro, de 46 anos, ex-marido de Juliana, foi preso preventivamente em janeiro, por estupro de vulnerável. O caso aconteceu em Praia Grande, no litoral de São Paulo. A mulher revelou ter tomado os medicamentos após ser diagnosticada, por uma psiquiatra, com depressão e ansiedade geradas pelos abusos do homem.
“O remédio mudou a minha vida. Eu sempre fui contra ser ‘dependente’ de medicações, e demorei muito para iniciar o uso. Porém, foram elas que me ajudaram a enxergar a vida de uma outra forma e encontrar uma saída [para os abusos e agressões]”, lembrou Juliana.
Vítima era chamada de vagabunda e ameaçada de morte por ex-marido — Foto: Reprodução
Remédios, agressões e estupros
Juliana contou ao g1 ter começado a namorar com Ricardo em 2018, casando-se com ele logo no ano seguinte. As agressões físicas, segundo ela, começaram durante a gestação do filho do casal, também em 2019. “Busquei ajuda [médica, para o tratamento psicológico] logo depois do nascimento dele”.
O homem, inclusive, teria cometido os estupros enquanto ela dormia sob o efeito desses remédios. Apesar da situação, ela considera que as medicações foram determinantes na ‘mudança de vida’.
“Até então eu estava muito adoecida e fragilizada nessa depressão e nas crises de ansiedade, não conseguia dar o primeiro passo”, revelou a mulher, que contou ter fugido da casa de Ricardo, em Praia Grande (SP), apenas em 2021.
De acordo com o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), em 2000, Ricardo tentou matar seis pessoas em uma choperia em Praia Grande.
À época com 24 anos, ele teria se desentendido com um grupo composto por seis pessoas e atirado contra elas junto com outro homem armado. Dois se feriram na tentativa de homicídio.
Os disparos foram feitos na Avenida Ayrton Senna da Silva, no bairro Xixová, em frente ao shopping. Segundo o documento do TJ-SP os dois atiradores tentaram matar as vítimas “por motivo fútil e utilizando-se de recurso que dificultou a defesa das vítimas, mediante disparos de arma de fogo”.
De acordo com a ex-mulher dele, Ricardo chegou a ficar oito meses preso. O g1 entrou em contato com a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) para confirmar esta informação, mas até a última atualização desta matéria não havia recebido uma resposta.
Em março de 2019, o caso foi levado a júri popular, que decidiu pela condenação de Ricardo. O juiz, então, deu a sentença: “cumprir a pena de 37 anos e 4 meses de reclusão, inicialmente em regime fechado”.
No entanto, cerca de uma semana após a condenação, a defesa do réu conseguiu o colocar em liberdade graças a um habeas corpus.
O advogado de defesa, Eugênio Malavasi, informou que até o momento não teve acesso aos autos. “Todavia o acusado se declara inocente e irá provar o alegado no momento oportuno”.
Ex-marido ameaçou por mensagens (foto) e vídeo matar mulher a facada — Foto: Reprodução
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