A atuação de partidos ultranacionalistas e ultraortodoxos na coalizão resulta em várias frentes de caos e distúrbios e na mais séria crise de identidade do Estado israelense desde a sua formação. Milhares de manifestantes bloquearam estradas nesta quarta-feira no chamado “Dia Nacional da Ruptura”, quando o Parlamento analisa dois projetos do governo que enfraquecem o poder da Suprema Corte para derrubar leis e são rejeitados pela maioria da população.
A polícia respondeu com granadas e gás lacrimogêneo à multidão que espalhou barricadas nos acessos entre as principais cidades israelenses para impedir o que os organizadores classificam como um golpe do governo.
“Israel não será uma ditadura e agora estamos passando para a ação direta”, informa o comunicado publicado pela liderança do protesto. Se aprovada, a reforma judicial fortalecerá o próprio Legislativo, eliminando as decisões da Suprema Corte por maioria simples, e, por consequência, o governo de Netanyahu.
Polícia dispara jatos de água contra manifestantes nas ruas de Israel em 1 de março de 2023 — Foto: Oded Balilty/AP
Os elementos da radicalização estão por toda a parte, com a marca impressa dos integrantes extremistas que compõem o governo. No domingo, centenas de colonos judeus invadiram a cidade de Hawara, no norte da Cisjordânia, em represália ao assassinato de dois irmãos israelenses por um atirador palestino.
Casas e carros foram incendiados e depredados em atos violentos que mataram um palestino e feriram outros 98 e foram classificados como “pogrom” pelo comandante as forças armadas na Cisjordânia, general Yehuda Fuchs. Em entrevista ao Canal 12, ele admitiu que os militares estavam desprevenidos e acusou os vândalos israelenses de espalhar o terror nos vilarejos palestinos. Seis foram presos.
No entender do colunista Sami Peretz, do “Haaretz”, a violência em Hawara mostrou que os desordeiros fizeram justiça com as próprias mãos porque é esta a mensagem do governo: cada um que cuide de si primeiro.
Dezenas de carros queimados em revolta popular na cidade de Hawara, na Cisjordânia — Foto: Ammar Awad/REUTERS
No topo dessa lista está o premiê Netanyahu, que empreende uma reforma do Judiciário na qual ele seria beneficiado, já que é réu em três processos por corrupção e quebra de confiança.
“Essas pessoas que enlouqueceram são apoiadas por políticos”, resumiu o deputado Yoav Segalovitz, do partido Yesh Atid, fundado pelo ex-premier Yair Lapid. Os incitadores da turba estão dentro do governo. O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, tem raízes no extremismo judeu e disse entender os sentimentos dos manifestantes.
Outro radical da coalizão que sustenta Netanyahu é o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, que também comanda o Ministério da Administração Civil, responsável pela Cisjordânia. Ele curtiu um tuíte do vice-chefe do Conselho Regional, David Ben Zion, que conclamava a eliminação de Hawara.
Aliados de Benjamin Netanyahu aparecem sentados em bancada do Parlamento israelense — Foto: Amir Cohen/REUTERS
Especialistas em direito internacional pediram ao procurador-geral de Israel para investigar Smotrich e os deputados Zvi Fogel e Limor Son Har-Melech por declarações que teriam incitado manifestantes a cometerem crimes de guerra, que violam a lei internacional. “Hawara está queimada e bloqueada, é só o que eu quero ver”, declarou Fogel. O mundo inteiro viu.
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Por: G1
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