Este foi o décimo fim de semana consecutivo de manifestações e, segundo os organizadores e o jornal Haaretz, o que teve o maior número de participantes na história do país.
Calcula-se que até 500 mil pessoas tenham saído às ruas no sábado para protestar em várias cidades do país, principalmente em Tel Aviv.
A reforma judicial foi parcialmente aprovada em primeira fase pelo Parlamento (Knesset) de Israel no final de fevereiro, e o governo planeja avançar com as votações nesta semana. O premiê Benjamin Netanyahu tem defendido que as mudanças impediriam que as Cortes judiciais extrapolassem seu poder e restaurariam o equilíbrio entre o Parlamento e Justiça.
Alguns dos pontos mais polêmicos propõem dar ao governo influência decisiva sobre a escolha de juízes, além de impedir que a Suprema Corte do país revise leis aprovadas pelo Parlamento.
Essa medida é considerada particularmente controversa por causa do sistema político de Israel, que não tem uma Constituição formal e usa leis básicas para definir o papel das instituições e Poderes.
O Knesset já tem o poder de alterar as leis básicas com a mesma facilidade com que aprova novos projetos de leis comuns. Só que, se a reforma for aprovada, isso passaria a acontecer sem qualquer possibilidade de revisão judicial da Justiça.
Estimadas 200 mil pessoas protestaram em Tel Aviv e mais 300 mil em outras cidades israelenses, contra reforma judicial. — Foto: Getty Images via BBC
“O governo poderia aprovar e blindar qualquer legislação de revisão judicial apenas classificando-a como lei básica”, disse à BBC News Brasil Gila Stopler, diretora da Faculdade de Direito e Negócios de Israel e especialista em Direito Constitucional.
Ela e outros analistas acreditam que isso faria do Judiciário um órgão político e poderia levar a um governo autoritário, sem garantias democráticas.
“A aprovação das mudanças significaria o fim da democracia de Israel. E a razão para isso é porque uma democracia depende da separação de Poderes, do Estado de direito e do respeito aos direitos humanos para existir”, ela afirmou.
Para entrar em vigor, cada uma das leis propostas no pacote precisa passar por três votações. Mas a mera possibilidade de as mudanças se concretizarem já tem causado grandes divisões na sociedade israelense.
Até mesmo parte dos reservistas – que são a espinha dorsal do Exército israelense – tem ameaçado se recusar a servir o país, como forma de protesto.
Na quinta-feira (9), manifestantes bloquearam avenidas em uma tentativa de impedir que Netanyahu viajasse para a Itália – ele acabou conseguindo embarcar.
O governo do premiê até o momento vem se mantendo firme na defesa da reforma, afirmando que os protestos têm sido alimentados pela oposição.
A reforma judicial é uma das principais apostas do governo Netanyahu, em uma coalizão com partidos ultraortodoxos e de extrema-direita que assumiu o poder em dezembro.
Este texto foi publicado originalmente em https://www.bbc.com/portuguese/articles/cd1ydl58zj8o
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Por: G1
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